05/12/2012

Saudades!

Ola amigos Como estamos? Comigo está tudo bem. Aqui estou para matar saudades. E vocés? e si voltarmos a dar vida a este blog? Digam qualquier coisa...

05/06/2007

O uso de αναστρέφω / αναστροφη na 1 Pedro

Nesta carta encontramos o uso na forma verbal e na forma substantivada. A primeira imagem usada por Pedro é a metáfora dos salvos como a família que tem Deus por Pai. Aqui podemos englobar a passagem de 1,3.15. Esta imagem foca-se no pai que dá um novo nascimento aos seus filhos. Há aqui dois elementos interessantes de notar. Em primeiro lugar é o pai e não a mãe que dá a vida, e depois não se trata de um nascimento natural mas de uma nova forma de nascer. Depois o autor desenvolve esta metáfora usando as imagens da maternidade física. De qualquer forma há aqui uma intertextualidade com o salmo 34.
A segunda metáfora usada para falar de salvação é a pertença à família de Deus, resgatados com o sangue precioso de Cristo. São as passagens de 1,17.18.23. No versículo 17 é a imagem de pertencer a uma casa (οικος), embora alguns autores não atribuíam um valor salvifico a esta passagem (F. Resenbug). Esta metáfora usa a imagem dos escravos que foram resgatados por um novo Senhor para a sua casa. Esta imagem pode ser associada a Is 52,3
As passagens 2,12; 3,1.2.16 parecem ir mais no sentido usado por Tiago, ao relacionarem-se com as formas concretas de agir. Aqueles que foram resgatados têm um modelo, Cristo, que deve servir de paradigma para as acções dos cristãos no meio dos pagãos (2,12) ou na vida familiar de forma a que pelo testemunho da vida familiar as mulheres possam conquistar os seus maridos para a fé cristã (3,1.2). É pela força da dos sofrimentos que a fé pode ser anunciada e servir para confundir os inimigos (3,16).

αναστροφη na carta de Tiago

O uso de αναστροφη na carta de Tiago ocorre no contexto do tema da sabedoria. A boa conduta é o resultado visível de quem age guiado pela modéstia e a sensatez. Esta temática podemos relacioná-la com o tema tão caro à carta de Tiago, a fé e as obras. Uma das criticas frequentes a Tiago é ao lugar que ele dá às obras, quando o paradigma dominante no cristianismo foi dado à fé para alcançar a salvação. A questão é que Tiago não está interessado em fazer uma cristologia ou escatologia, mas dar indicações práticas aos seus leitores. A reflexão teológica acerca da cristologia ou da escatologia implícita na Carta de Tiago esse é uma reflexão para a posteriori.
Uma comunidade marcada pela sabedoria prática e pela perfeição, não tem muito espaço para as formulações teóricas acerca da fé, embora este termo seja central em Tiago pois aparece 16 vezes e outras 3 na forma verbal.
A salvação em Tiago é ter uma fé perfeita através de uma vida sábia. A salvação acontece quando a fé é ilustrada com obras. A fé sem mais não tem valor pois foi esse o problema de Israel (Tg 3,20-24).

Palavra αναστρέφω / αναστροφη

Esta palavra que pode ser traduzida por conduta, forma de viver ou proceder. Na sua forma verbal podemos traduzir por ser regenerado, salvo
É usada uma vez na carta de Tiago em 3,13 como substantivo.
Na primeira de Pedro esta palavra é usada nove vezes:
Na forma verbal em 1Pe 1,3; 1Pe 1,17 e 1Pe 1,23.
Na forma substantivada em 1Pe1,15 ;1Pe 1,18;1Pe 2,12;1Pe 3,1;1Pe 3,2;1Pe 3,16.

A escolha desta palavra procura responder à questão de como acontece a salvação em Tiago e na 1 Pedro

04/06/2007

Fogo


'KOSMOS' NA 1ª CARTA DE PEDRO

A palavra ‘kosmos’ aparece três vezes em I Pedro. Em dois casos (1, 20 e 5, 9) assume o sentido de mundo e num outro (3, 3) o sentido de ‘adorno’. Se na carta de Tiago o campo semântico definido pelo termo é negativo, na primeira de Pedro ele assume um sentido mais amplo, e não necessariamente contrário à ordem divina, onde se adere ao bem ou ao mal (o próprio facto de ‘kosmos’ surgir com o sentido de adorno em 3,3 expressa esta dicotomia; o sentido da palavra ‘kosmos’ em Pedro aproxima-se daquele de ‘géh’, isto é terra, em Tg 5, 12). É neste mundo que os cristãos são chamados a rejeitarem a sua ignorância anterior (1, 14) e a serem santos como Deus é Santo (1, 15-16), participando, como pedras vivas, na construção da «casa espiritual» que tem Jesus Cristo como «pedra angular» (2, 4-8). Daí que seja exigido aos eleitos de Deus a vivência da santidade em todas as dimensões do mundo, não só a nível cultual, mas no próprio quotidiano – em 2, 13-3, 7 o autor da carta apresenta um código doméstico, que é expressão deste facto. O principal elemento da vida cristã no mundo passa pela aceitação da remissão dada por Jesus Cristo, pela obediência a este (1, 2). E o sofrimento de cada fiel deve ser configurado ao sofrimento de Cristo (5, 1), na lembrança de que este mundo é temporário e que outro tempo virá, logo o sofrimento acabará (5, 10). Quer isto dizer que o mundo, ainda que cenário de opressão e sofrimento, é acima de tudo espaço de libertação por Jesus Cristo.

Sic transit gloria mundi.

Tradicionalmente era uma expressão que se utilizava na coroação de um Papa, interrompida por um monge que queimava um pedaço de estopa e depois de queimada dizia: "Pater sancte, sic transit gloria mundi." Isto servia para lembrar ao Papa não deixava de ser mortal, apesar da grandeza da cerimónia e da longa história do seu ofício. Toda a sumptuosidade e grandiosidade das cerimónias pontifícias passavam.

Porquê isto? A ambição e o poder que muitas vezes podemos ter mesmo sobre os outros sempre foram uma tentação na Igreja. Muitas vezes pensamos que somos eternos e por estarmos bem temos poder sobre tudo. Tornamo-nos auto-suficientes.

Poderíamos dizer que até a própria celebração de coroação do Papa tem presente uma passagem de Isaías que Tiago e a Primeira de Pedro também vão trazer aos seus escritos para ajudar à reflexão das comunidades cristãs primitivas. Mas isto será objecto duma próxima reflexão.