Depois de recordar a génese da primeira parte do conjunto Lucas-Actos, o narrador relembra a ascensão de Jesus, para, seguidamente, situar o grupo dos Apóstolos em Jerusalém. De maneira a retomar o número Doze procede-se à eleição de um discípulo-testemunha, Matias.
Após a manifestação do Espírito Santo e dos seus efeitos, dá-se o primeiro discurso de Pedro, neste caso à multidão perplexa. Trata-se da primeira história concisa da economia da salvação, sublinhada por citações do Primeiro Testamento, que culmina com a certeza de que Cristo é o Messias. As conversões, marcadas pela mudança de vida e pelo baptismo, não se fizeram esperar.
A intervenção de Pedro é seguida pelo primeiro confronto, ainda sem consequências de maior, com os judeus. Ao longo de Actos é frequente a sucessão milagre/pregação – confronto verbal/físico – punição disciplinar.
O discurso, prisão e morte de Estêvão assinala a transição da localização narrativa de Jerusalém para um espaço geográfico que se vai progressivamente alargando. O capítulo 8, já pontuado pela diáspora, introduz brevemente Saulo, para a seguir se concentrar na pregação evangélica na Samaria e, depois, ao sul, a caminho de Gaza.
A conversão de Saulo, do ódio ao seguimento, é contada
A fundação da comunidade de Antioquia marca o regresso de Saulo, entretanto refugiado em Tarso. Aquela cidade será o ponto de partida da primeira das suas viagens missionárias, que, entre conversões e atribulações, o levarão a percorrer a parte oriental da bacia do Mediterrâneo, da Cilícia à Grécia, passando pela Frígia e Macedónia.
Alguns aspectos que se destacam neste périplo: as narrativas resumidas, brilhantes, da história da salvação; o anúncio feito em primeiro lugar aos judeus; a pregação dirigida aos pagãos através de uma linguagem mais escassa na utilização de referências veterotestamentárias e, que, por outro lado, procura preencher as aspirações religiosas de um universo outro; a deslocação da sinagoga para locais onde a atmosfera judaica se dilui ou é inexistente.
O último regresso de Paulo à cidade da paz assinala o início da viagem derradeira. Preso depois de suscitar a ira do povo, evoca a sua condição de cidadão romano para exigir que o seu julgamento seja efectuado na capital do Império, onde chega mais de dois anos depois na companhia do narrador.
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