07/05/2007

A palavra "humildade" em 1 Pedro

- Escolhi a palavra “humildade” da primeira carta de Pedro.
- Esta palavra aparece nesta carta em três formas, a saber, "humildade" (5, 5b), "aos humildes" (5, 5b) e "humilhai-vos" (5, 6). Este vocábulo insere-se na exortação aos fiéis da comunidade cristã. O autor exorta a humildade um para com o outro e a humildade diante de Deus no sofrimento, porque através do sofrimento, em nome de Deus, chega-se à glória. Deus dá a sua graça aos humildes. Todos os cristãos devem revestir-se da humildade recíproca (cf. 5, 5b) e, mais ainda, a humildade diante de Deus. Esta palavra é relevante no conjunto da carta porque o ensinamento sobre a humildade na disponibilidade e na confiança uns aos outros e em Deus dentro da comunidade dos fiéis, brota também da paixão de Cristo. Quando o autor da carta fala na exortação aos pastores – a exortação anterior à exortação aos fiéis onde se encontra este vocábulo – ele não recorre a nenhum título preeminente sobre os outros mas, com toda a humildade, apresenta-se “presbíteros como eles” (5, 1), e refere a uma experiência fundamental da identidade cristã: testemunha dos sofrimentos de Cristo. Por isso, a humildade entre os cristãos é sinal do testemunho dos padecimentos de Cristo e da sua glória.
- A comparação com a carta de Tiago:
A atitude de humildade é também referida na carta de Tiago. A referência à graça de Deus aos humildes e a exortação à humildade diante de Deus estão presentes nas duas cartas: 1 Pe 5, 5b: E revesti-vos todos de humildade no trato uns com os outros, porque Deus opõe-se aos soberbos, mas dá a sua graça aos humildes; Tg 4, 6: A graça que Ele dá é mais abundante, pelo que diz: Deus opõe-se aos soberbos, mas dá a sua graça aos humildes. E 1 Pe 5, 6: Humilhai-vos, pois, debaixo da poderosa mão de Deus, para que Ele vos exalte no devido tempo; Tg 4, 10: Humilhai-vos na presença do Senhor, e ele vos exaltará.
Na carta de Tiago esta palavra insere-se no âmbito de discórdias na vida concreta. E, neste sentido, a humildade aparece em contraposição à ambição. Constata-se a existência de lutas e conflitos no interior da comunidade. A origem destas discórdias, segundo o autor, está, principalmente, no interior de cada um: são as paixões (cf. 4, 1.4). Deus enfrenta os arrogantes e os soberbos, os que se deixam levar pela paixão e ambição, mas concede a sua graça aos humildes. É por isso que o autor exorta a humildade a conversão aos pecadores, isto é, os que levam uma vida dupla dentro da comunidade.

Nenhum comentário: