10/03/2007

O livro dos actos dos Apóstolos em poucas palavras


O livro dos actos dos Apóstolos relata os eventos que se sucederam na Igreja cristã primitiva, mostrando como a fé se propagou no mundo mediterrâneo de então. Trata-se dum Livro de 28 capítulos cuja autoria foi atribuída a Lucas pela tradição. Os actos dos Apóstolos trazem no primeiro capítulo, o relato sobre os últimos dias de Jesus com os discípulos antes da ascensão. Ao longo destes 28 capítulos estão relatadas as actividades de Pedro e de Paulo, e dos seus companheiros.
Na Igreja de Jerusalém, depois da eleição de Matias, os apóstolos receberam o Espirito Santo (1,12-6,7), Pedro anuncia a Palavra, cura um aleijado e um paralítico, ressuscita Tabitá e todos vivem uma vida em comum, partilhando os bens. Ananias e Safira morreram por ter sido infiéis a este ideal (Act 5,1ss).
Por causa dos milagres feitos em nome do ressuscitado, os apóstolos vão sofrer muitas vezes a prisão mas pela a intervenção divina vão se encontrar em libertação. Gamaliel intervém a favor dos apóstolos. A prisão e o martírio de Estêvão marcam a expansão da Igreja fora de Jerusalém (6,8-12,25). Paulo entra em cena, no primeiro momento como testemunha do martírio de Estêvão. Pouco ao pouco, do feroz perseguidor dos cristãos, Paulo torna-se o apóstolo de Jesus ressuscitado e coloca-se ao serviço do Evangelho. A sua missão fora de Jerusalém consiste em três grandes viagens, [1ª viagem (13,1-14,28), 2ª viagem (15,35-18,22), 3ª viagem (18,23-21,26)] durante as quais, Paulo com Barnabé, e depois com Silas pregaram o Evangelho aos gentios. Paulo, assim como Pedro, com a força da Palavra vai realizar os milagres e cura, e ressuscitar um jovem morto…

ACTOS DOS APÓSTOLOS: REALIDADE DA IGREJA PRIMITIVA

O livro dos Actos dos Apóstolos distingue-se pela sua singularidade dentro de toda a obra do Novo Testamento. O Concílio de Jerusalém (15, 6-29) parece ser o centro teológico do livro.
Na leitura dos Actos, nota-se que o conteúdo desde livro não é uniforme, embora tenha uma sequência lógica. Os primeiros doze capítulos falam da actividade de Pedro na Igreja-Mãe de Jerusalém e na Palestina, ao passo que os restantes capítulos (13-18) apresentam um relato mais uniforme, à volta das viagens de Paulo; poderíamos chamar esta parte de: “Actos de Paulo”.
Ao longo do livro há vários temas que se repetem ao longo de toda a obra: o Espírito Santo, a Igreja, os homens e o próprio Jesus.
O Espírito Santo está presente em toda a obra. Ele está presente no tempo de Israel (Evangelho da Infância), no tempo de Jesus (baptismo, tentações e apresentação em Nazaré) e no tempo da Igreja (Ascensão e Pentecostes). O Espírito Santo apresenta-se como o animador da Igreja, o orientador das testemunhas e da actividade missionária.
O autor narra a história de Jesus como uma vida que se desenrola segundo a vontade de Deus em ordem à Salvação. Sublinha os aspectos salvíficos da Paixão, Morte e Ressurreição.
Os Actos dos Apóstolos revelam vários elementos que caracterizam a realidade da Igreja primitiva. Devemos relacionar a Igreja com Jesus. A Igreja continua a obra de Jesus: se em Cristo se cumpriram as profecias de Israel, na Igreja cumpre-se as profecias da consumação. A Igreja apresenta-se como um exemplo de hierarquia e comunhão. É nela que se encontra a “assembleia dos convocados”.
Os discípulos têm a missão de testemunhar a verdade de Jesus, e de o seguir. São eles que deste o início se reúnem para rezar. A respeito da oração, deve-se recordar que esta ocupa um lugar importante em toda a obra de São Lucas. Os Actos não são excepção, desde o início (Act. 1, 14), revela-se como uma das características das primeiras comunidade. As referências à oração em comum multiplicam-se, assim como as referências a oração dos Apóstolos (Act.3, 1).

Anfitriões de Actos

O Livro Actos dos Apóstolos apresenta um dinamismo de graça onde a acção de Deus movimenta as personagens nas comunidades e no anúncio. O autor de Actos de Apóstolos apresenta Pedro e Paulo como os anfitriões da primeira e segunda partes.
Depois da Ascensão e do Pentecostes os Apóstolos em Jerusalém anunciam Jesus Cristo morto e ressuscitado apresentando já os precedentes de tal acontecimento presentes no Antigo Testamento.
Pedro é confrontado com perseguições e problemas na comunidade que são superados com enorme confiança em Deus e sentido de justiça. Estêvão é aquele que é martirizado e é o testemunho do Cristo que morreu por ele, por nós.
Paulo ou Saulo ou Saúl aparece como um perseguidor numa primeira parte do livro e um convertido em Damasco na segunda parte. A partir daqui não pára a sua acção missionária com Barnabé, depois com Silas. Evidenciam-se muitas comunidades entre as quais Antioquia que é a primeira a chamar aos cristãos, cristãos. A sua evangelização centra-se nos gentios e provoca a inveja dos judeus da Ásia que aproveitam para acusá-lo de “fomentar discórdias e ser cabecilha da seita dos Nazarenos.”
Nos últimos capítulos, apresenta as acusações e ciladas contra Paulo e o tempo que teve em prisão desde Jerusalém, passando por Cesareia até Roma num contínuo anúncio da Palavra de Deus.

Actos dos Apóstolos (resumo)

Os Actos dos Apóstolos são a hitória da Igreja primitiva, fundada na actividade e discusos dos protagonistas principais, Pedro e Paulo. Os actos mostram a Difusão da fé cristã em todos os meios: judeus e pagãos, homens e mulheres, selhores e escravos. Apesar de escrever como teólogo, Lucas faz referência a acontecimentos hitóricos profanos e apresenta assim a história da salvação enraizada num passado conhecido. Dá-nos conta de uma teologia missionária que tem origem em Cristo ressuscitado, na difusão da Palavra da graça de Deus. Mostra também como as Igrejas se estruturam, inventando ministérios. Lucas escreve pelo ano 80. Refere a recusa dos judeus em reconhecerm Jesus como cumpridor do desígnio de Deus. Relata como os pagãos dão ouvido a Boa Nova. Pode-se considerar, resumidamente, cinco partes que constituem os Actos dos Apóstolos: a primeira parte, Act.1,1-5,42, é referente as origens da Igreja de Jesusalém, início da comunidade cristã ligada ao templo e à lei, vida e estrutura da comunidade e as primeiras perseguições. A segunda parte, Act.6,1-12,25, é sobre a perseguição e missão de Jerusalém a Antioquia, Samaria, Judeeia e Síria, conversão de Paulo e perseguição de Pedro. A terceira parte, Act. 13,1-15,35, é sobre a primeira viagem missionária e Concílio de Jerusalém, Paulo e Barnabé na diáspora judaica, conversão dos pagãos e realização do Concílio de Jerusalém. A quarta parte, Act. 15, 36-20,38, é sobre as grandes viagens missionárias, fundação das Igrejas na Grécia/Ásia, novas comunidades de Filipos, Tessalônica, Bereia, Corinto e Éfeso, confronto com a cultura Grega, as autoridades e estruturas do império. A quinta parte, Act. 21,1-28, 31, é sobre a prisão de Paulo que é considerado prisioneiro de Cristo.

OS APÓSTOLOS EM ACTO(S)

Primeiramente encontramos as últimas recomendações que Jesus faz aos seus discípulos, culminando na sua ascensão aos céus. Escolhido Matias, para o lugar de Judas e estando todos no mesmo lugar desce sobre eles o Espírito Santo em forma de línguas de fogo permitindo-lhes falar várias línguas. Fortalecido pelo Espírito, S. Pedro anuncia Jesus Cristo convidando todos os que o ouviam a converterem-se, e muitos se converteram. Em Jerusalém toda a acção de Pedro e dos Apóstolos era de evangelização também através de milagres em nome de Jesus. Assim, foram algumas vezes açoitados e presos, interrogados pelo Sinédrio sem nunca deixarem de anunciar o ressuscitado. Foram escolhidos sete homens para o serviço das mesas, para que os discípulos se dedicassem apenas à palavra. Um desses, chamado Estêvão, depois de ter afirmado de forma veemente a sua fé Naquele que completava toda a escritura foi martirizado, fruto de uma perseguição a todos esses que seguiam Jesus. Assim muitos se dispersam iniciando-se a expansão do Cristianismo para fora dos limites de Jerusalém. Com a conversão do etíope e de Paulo, perseguidor da Igreja, vemos que a Igreja se vai estendendo ao mundo. Pedro anunciava Cristo aos judeus fazendo também milagres, enquanto que Paulo fundava novas Igrejas, fruto das suas viagens missionárias. Entre a primeira e a segunda viagem, Paulo vai a Jerusalém pois questionava-se a obrigatoriedade ou não da circuncisão para os neo-convertidos. Findas as suas duas viagens, Paulo é preso no templo. Declarando-se cidadão Romano apela a César, para que este o julgue. Assim, vai para Roma ficando em prisão domiciliária durante dois anos. Aí, não deixava de ir ensinando e anunciando "o que dizia respeito ao Senhor Jesus Cristo".

09/03/2007

Um olhar sobre os Actos dos Apóstolos


Os actos dos Apóstolos é uma obra única no Novo Testamento, de grande valor histórico, embora aceite convenções da época: principalmente o gosto pelo maravilhoso e os discursos na boca dos personagens. Quanto aos personagens dois protagonistas actuam sucessivamente em primeiro plano: Pedro na primeira parte (Cap. 1-12), enquanto se consolida a Igreja de Jerusalém; Paulo, que vai promovendo a difusão do Evangelho pela Ásia, Europa e até Roma.
O material narrativo pode ser catalogado em relatos, discursos e somatórios. Ocupam grande espaço os processos, que são relatos com discursos incluídos. Assistimos no relato à consolidação, expansão e crescimento da Igreja, em muitas Igrejas ou comunidades locais que formam a grande unidade. Primeiro, tem a primazia a de Jerusalém, onde tudo começou; depois, toma a frente a de Antioquia. A expansão não é só geográfica: é principalmente um ir penetrando e ganhando adeptos no território e cultura pagãos; é ao mesmo tempo um desprender-se, não pretendido, do judaísmo. Esta é uma constante do livro que culmina na última página, em Roma.
A organização das Igrejas é fluida, com um corpo dirigente local de “anciãos” (em grego presbyteroi); os apóstolos têm a responsabilidade e a autoridade superior; ao seu número somam-se Matias, Barnabé e Paulo. Existe uma constância de vida sacramental e litúrgica: baptismo e Eucaristia, imposição das mãos, celebrações; e com isso a instrução catequética.
Nas cenas íntegras e em detalhes significativos, os Actos dos Apóstolos são cumprimento de um mandato de Jesus, eco de um ensinamento, repetição ou reflexo de uma acção.



Hélder Gouveia
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ACTOS DOS APÓSTOLOS EM POUCAS PALAVRAS

O livro dos Actos dos Apóstolos narra uma série de episódios relacionados com a origem da Igreja, desde a Ascensão do Senhor até ao primeiro cativeiro de Paulo em Roma. No capítulo Introdutório (Capítulo I), são narrados os acontecimentos anteriores ao início da actividade missionário dos Apóstolos, desde o dia da Ascensão até Pentecostes.
Nos capítulos 2 a 12, que tem por figura central Simão Pedro, descreve os primórdios da Igreja em Jerusalém, Samaria, Antioquia e o início da evangelização dos gentios em território da Palestina. Nesta parte, inserem-se o relato do martírio de Estêvão e a conversão de São Paulo.
A partir de capítulo 13 a 21,16 tem por figura central o apóstolo Paulo do qual descreve as três viagens missionárias. Insere-se nessa parte a história do Concílio de Jerusalém, no qual reaparece mais uma vez a figura de Pedro como chefe do colégio episcopal. A partir do capítulo 21,17 até ao fim, narra as vicissitudes de Paulo como prisioneiro, primeiro em Jerusalém, depois em Cesareia. Em seguida a sua vagem marítima para Roma.
O livro dos Actos dos Apóstolos termina com a informação de cativeiro de Paulo na capital do império que durou dois anos.

Depois de Jesus

Depois da Ascensão do Senhor, os homens da Galileia não se mantêm muito tempo “com os olhos fixos no céu”, mas voltam para Jerusalém, onde, eleito Matias, os Doze, reunidos, recebem o Espírito Santo. Pregando e fazendo curas, Pedro e os outros apóstolos convertem judeus de muitas etnias e línguas. Estes novos crentes partilham a vida numa comunidade exemplar, “como se tivessem uma só alma”. A variedade étnica dos seguidores da “Via” vai alargar-se mediante a dispersão provocada pela perseguição que se segue à morte de Estêvão. No seu discurso, Estêvão refere acontecimentos e personagens das grandes tradições da história de Israel que, na perspectiva do narrador, conduzem aos acontecimentos presentes. Em casa de Cornélio, para choque de Pedro, o Espírito Santo é derramado sobre pagãos, o que leva ao seu baptismo. Daí em diante, a mesma história repete-se em cidades cosmopolitas do Mediterrâneo oriental, e, já através das viagens de missionação de Paulo, a muitos portos e cidades, onde nas casas de família o Apóstolo e seus companheiros recebem hospitalidade, se bem que continuando a frequentar o templo e a sinagoga até à ruptura definitiva com os judeus. O espaço geográfico da evangelização é impressionante: da Etiópia e Cirenaica a Roma, mas o espaço por excelência é o que vai de Jerusalém a Roma. Os acontecimentos relacionados com a actividade de Paulo ocupam os capítulos 13 a 28, e o narrador confirma todas as suas competências, tanto literárias e retóricas, nomeadamente nos discursos de defesa de Paulo, como também revela conhecimento de técnicas de navegação e de ofícios e tem artes de apresentar Jesus e seus seguidores como “letrados”, mas numa educação enraizada na cultura judaica. É o caso de Paulo, “instruído aos pés de Gamaliel”, cuja sabedoria é reconhecida por Festo. (A tal respeito, Pedro e João são pouco considerados diante do Sinédrio.) As autoridades romanas são complacentes em diversas situações, e no epílogo fica bem claro que Paulo pode anunciar o Reino de Deus e falar do Senhor Jesus Cristo porque tal lhe consente a imparcialidade da justiça romana.

Os Actos dos Apostolos

O livro dos Actos dos Apóstolos conta a história do cristianismo em formação. O cristianismo forma-se pela acção dos Apóstolos que receberam o Espírito Santo e que a partir daí partem no anúncio de Cristo ressuscitado.
Esta história marcada por uma abundância enorme de personagens e de lugares desenrola-se sobretudo a partir de duas grandes personagens que são Pedro e Paulo.
Neste sentido dos vinte e oito capítulos que constituem o livro, nos primeiros onze livros temos a história centrada à volta de Pedro. Assim, temos Pedro que profere discursos, que realiza milagres e que por fim é preso. No entanto, a par desta centralidade da acção de Pedro temos também a descrição das primeiras comunidades cristãs, bem como a escolha de diáconos, onde temos o discurso de Estêvão e a sua morte e aqui a primeira referência a Saulo.
Assim, a partir do capítulo sétimo temos o início da actividade Saulo que primeiro persegue a Igreja mas que depois converte-se em Damasco.
Paulo pelas viagens vai a vários lugares evangelizar, mostrando que o cristianismo capta-se pelo testemunho daqueles que seguiram Jesus. Paulo vai sobretudo pregar o evangelho aos denominados gentios passando grandes dificuldades sobretudo no confronto com os judeus que defendiam a circuncisão. Paulo e aqueles que o acompanhavam tal como Pedro acabaram por ser presos. Paulo é preso em Jerusalém e é julgado pelo Sinédrio, no entanto recebendo uma aparição do Senhor, é-lhe dito que vai até Roma e os Actos terminam com Paulo em Roma, vivendo em casa própria acompanhado por um soldado, a pregar aos romanos a Palavra de Deus.

Em poucas linhas...os Actos dos Apóstolos


Jesus, depois de subir ao céu, Jesus ordenou aos Apóstolos que não saíssem de Jerusalém. Lá, juntamente com Maria, Mãe de Jesus, e com outros, receberam o Espírito Santo, que os levou a anunciar o nome de Jesus com firmeza e a operar milagres, sendo cada vez maior o número dos que acreditavam. Enfrentavam também perseguições e até a morte, como Estêvão, um dos sete escolhidos para o serviço das mesas.
Devido à perseguição da Igreja em Jerusalém, muitos se dispersaram, indo anunciar Jesus Cristo para outros locais. Por isto um jovem chamado Saulo vai a Damasco para prender os do “Caminho”, mas vê uma luz, que é Jesus, a quem ele persegue. Logo começa a anunciar Cristo vivo em Damasco e acaba por se juntar com os Apóstolos em Jerusalém. Entretanto Pedro também vai anunciando, no meio de tribulações, em vários lugares percebendo que o Espírito Santo também é para os gentios.
Paulo continua também as suas viagens missionárias com Barnabé. Surge de novo a questão da imposição da Lei e da circuncisão aos gentios, questão que os Apóstolos e os presbíteros resolvem em Jerusalém. Paulo, desentendido com Barnabé, continua as suas viagens com Silas, anunciando Jesus vivo, operando muitos milagres e conversões. Passa, entre outros lugares, por Atenas, onde fala no Areópago, por Éfeso, e por Corinto.Continuando as suas viagens, Paulo é sempre exortado pelos irmãos a não subir a Jerusalém. Mas vai. Lá é preso, enviado a Cesareia e depois a Roma onde permaneceu dois anos, por ter apelado para César. Tudo por causa da esperança da ressurreição, e por afirmar que um tal Jesus, já morto, está vivo.
Imagem: El Greco, Pedro e Paulo, Museu do Hermitage (São Petersburgo, Rússia).

08/03/2007

Um olhar sobre os "Actos dos Apóstolos"

O Livro dos Actos dos Apóstolos, organizado em 28 capítulos, relata a vida da Igreja logo depois da Ressurreição de Jesus e o modo como o Espírito Santo operava nela realizando maravilhas através dos Apóstolos.
Os primeiros capítulos evidenciam muito a figura de Pedro que, juntamente com João, operava grandes prodígios, causando, desta forma, um certo mal-estar entre as autoridades judaicas.
Há a referência também ao modo de viver das primeiras comunidades cristãs que, por irem aumentando quotidianamente, levou os Apóstolos a instituirem os “sete homens” para o serviço das mesas, entre os quais se destaca Estevão que pronuncia um longo discurso no capítulo 7 fazendo uma anamnese de toda a historia salutis.
O livro dos Actos dos Apóstolos refere também a expansão da Igreja e a perseguição que sofreu, evidenciando a figura de Paulo, um fariseu zeloso que, num primeiro momento devastava a Igreja e, tendo tido a experiência do encontro com Jesus Ressuscitado, torna-se também um Apóstolo que terá como missão evangelizar os povos pagãos. Assim, a partir do capítulo 13, os Actos apresentam a missão de Paulo fazendo também referência a todas as vicissitudes que teve de sofrer por anunciar o nome de Jesus.

RESUMO DOS ACTOS DOS APÓSTOLOS

O autor dirige a Teófilo a narração sobre aquilo que aconteceu com Jesus. Pedro, João, Tiago, André, Filipe, Tomé, Bartolomeu, Mateus, Tiago, filho de Alfeu, Simão o zelador e Judas, irmão de Tiago, e ainda Matias, juntos em oração com Maria, mãe de Jesus, e outras mulheres, recebem individualmente umas línguas de fogo, ficando cheios do Espírito Santo, e começam a falar várias línguas.Os Apóstolos anunciam a salvação em Jesus Cristo, operam milagres e curas, são perseguidos e presos pelos príncipes do povo e pelos anciãos, e muitos acreditam neles.Depois do martírio de Estêvão, quando Saulo perseguia a Igreja em Jerusalém, a caminho de Damasco, inundou-o uma luz fulgurante vinda do céu; Jesus anuncia-lhe, por meio de uma visão, que deve levar o Seu nome aos gentios, aos reis e aos filhos de Israel. Logo começou a pregar nas sinagogas que Jesus era filho de Deus.
Em Jope, Pedro cai em êxtase, e vê do céu um objecto semelhante a uma grande toalha, com vários animais. Recusa comer os animais impuros, que a voz lhe revela serem puros.O Espírito Santo envia Barnabé e Saulo a testemunhar o evangelho de Cristo. De regresso a Antioquia, são confrontados com a disputa sobre a necessidade da circuncisão para os gentios. Os apóstolos e os presbíteros decidem dar razão a Paulo que, junto com Silas, e depois com Timóteo, realiza a segunda grande viagem. Na última viagem, de regresso a Jerusalém, acaba por ser preso no Templo, pelos judeus da Ásia, por ter desrespeitado a lei mosaica, relativamente à circuncisão. Apelando da sua inocência a César, as autoridades romanas levam-no para Roma. Preso em domicilio, lá permanece durante dois anos, falando de Jesus e do Seu evangelho a todos os que o visitavam.

Infidelidade em Acto(s)

Como comprimir num palmo de texto as palavras dum maior (não sobretudo no detalhe ou extensão, mas na vitalidade que o plasma) senão titulando eventos, a ver, no cuidado de os nomear, se tal infidelidade não atraiçoa significativamente a herança das letras?
O livro dos “Actos dos Apóstolos” abre retomando o relato das aparições de Jesus, culminadas na ascensão (onde se prenuncia a sua derradeira vinda).
À vista disto, a comunidade crente (na qual os apóstolos se incluíam), assim entusiasmada, procurava estruturar-se (começando, no que respeitava aos doze, pela substituição de Judas por Matias). Nisto, quando o dia de Pentecostes se consumava, viu--se envolta no calor do Sopro de Deus, o qual, vibrando-lhe no coração como na língua, a despertou para o fogo do arrojo da comunicação, ao ponto de Pedro, qual porta-voz, gritar, inflamado, à multidão, exortando-a à conversão.
A comunidade crescia (em número como em gestos de comunhão fraterna), assistindo, surpresa, a certos instantes terapêuticos às mãos de Pedro e João, permanecendo firme não obstante as perseguições movidas pelo Sinédrio. Com efeito, a generosidade e confiança dos seus conseguia-lhes a libertação dos múltiplos obstáculos (como seja a prisão, pelo Anjo do Senhor).
Nela estalava o debate acerca da integração da diversidade na unidade (helenistas e hebreus), na esteira do desafio missionário por que vários membros (sete) são instituídos (dos quais se destaca Estêvão, sobretudo no momento último da sua pregação testemunhal).
Entretanto, enquanto Saulo (ou Paulo), até então zeloso defensor da tradição judaica, sofria a visão do brilho vociferante do Cristo e integrava a comunidade, Pedro, via-se impelido a entrar no mundo da gentilidade (visitando Cornélio, centurião romano). Um e outro momentos enquadravam-se na discussão acerca das fronteiras da Igreja, decisivamente encetada na reunião de Jerusalém (partindo dos sucessos da missionação de Paulo e Barnabé).
Desta feita, a vida da comunidade conhece em Paulo um enérgico impulsionador (tanto no palmilhar da terra – atravessando a Ásia Menor, indo a Filipos, a Tessalónica, a Beréia, Corinto, Éfeso, Antioquia, …– como no burilar das palavras, como quem procura avizinhar-se dos demais – como em Atenas, no Areópago), enfrentando perseguições várias, por entre as gestas miraculosas, culminando, após conturbado processo iniciado pelos judeus em Jerusalém, na sua prisão e (dada a sua condição de cidadão romano) deportação para Roma, interrompida pelo naufrágio (que o levou provisoriamente a Malta onde operou novas curas). Uma vez chegado a Roma (estando em prisão domiciliária) voltou dar testemunho do Reino junto dos judeus, dizendo-o também acessível aos gentios.

06/03/2007

como quem começa

Núcleo programático
O estatuto sequencial dos Actos dos Apóstolos na obra lucana
Uma continuidade pretendida, uma diversidade justificada
Um relato das origens assinado por um cristão da 3ªgeração

O quadro histórico de produção textual
A discussão sobre a comunidade de Lucas
A situação social do cristianismo
O Autor e o seu público

O texto dos Actos enquanto composição literária
O enigma do texto; Fontes e tradições pré-existentes; Conteúdo; Língua e estilo;
Estrutura; Procedimentos narrativos; Personagens; O debate acerca do género literário;
A questão da historicidade.

O texto dos Actos enquanto expressão teológica
A construção da identidade cristã
Entre Jerusalém e Roma: a viagem imóvel do cristianismo
Idealismo e correcção na representação das primeiras comunidades
Pedro, Paulo e os outros personagens
Trajectórias teológicas do cristianismo primitivo

Outros documentos das origens cristãs
A Carta de Tiago
1 e 2ª de Pedro
A Carta Judas


B I B L I O G R A F I A


Reportório bibliográfico:

J.B. GREEN – M.C. MacKEEVER (eds), Luke-Acts and N.T. Historiography, Grand Rapids, Baker Books, 1994.

Comentários:

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Artigos e monografias:
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