12/05/2007

A relevancia e a diferença da Palavra "Fé" em Tiago e I Pedro

Tanto na Primeira carta de São Pedro como em Tiago, a palavra "Fé" é considerada como o "centro" ou "coração" da carta. Ambos os dois, ao utilizarem esta palavra, referem-se ao mesmo tempo uma fé posta em Deus que leva à salvação e perfeição. Para chegar a esta, os dois falam da fé que é necessária passar pelo sofriento.
O que marca a diferença é, a fé em Tiago é uma fé que exige a obra concreta. Para Tiago, a fé verdaderia é a fé que pratica na obra (2, 18), pois, a fé sem obra é inútil e morta (2,17). A fé que passa por sofrimentos terá a paciência. O homem que realiza a fé nas obras concretas tornará um justo. Esta mesma fé diz Tiago, pode enriquecer a pessoa. Parece que Tiago não está de acordo com o conceito da fé que justifica o homem.
Quanto na Primeira carta de são Pedro, a fé pode justifica a pessoa (3,16) ou seja, a fé é capaz de conquistar as pessoas que não acreditam (3,1), pois, ela vale muito mais do que Ouro, (1,7). Pedro exorta que ame os irmãos na fé. Isto implica que os nossos irmãos são sinais da presença de Cristo. A fé na I Pedro é capaz de ultrapassar os sofrimentos humanos.

11/05/2007

«Língua» nas Cartas de Tiago e 1ª de Pedro

O vocábulo «língua» aparece por quatro vezes na Carta de S. Tiago, e uma vez na primeira Carta de S. Pedro. Em todas as passagens se refere o uso perverso que este pequeno órgão oferece ao homem; chega-se mesmo a afirmar que o seu poder está fora da alçada da vontade humana. Com a língua o homem manifesta ou esconde os sentimentos do seu coração. Pode louvar e bendizer a Deus, e simultaneamente maldizer os homens seus irmãos. A ambivalência deste órgão oferece-lhe o protagonismo que registamos nestas Cartas.

Resumo 'Actos'

O autor dirige a Teófilo a narração sobre aquilo que aconteceu com Jesus: desde o início até quando foi arrebatado ao céu; como Jesus apareceu aos seus apóstolos depois de sofrer a Paixão, falando-lhes do reino de Deus; e como preanunciou a vinda do Espírito santo, para serem Suas testemunhas em Jerusalém, na Judeia, na Samaria, e até ao fim do mundo. Por fim, elevou-Se aos céus.
Pedro, João, Tiago, André, Filipe, Tomé, Bartolomeu, Mateus, Tiago, filho de Alfeu, Simão o zelador e Judas, irmão de Tiago, e ainda Matias, juntos em oração com Maria, mãe de Jesus, e outras mulheres, receberam cada um umas línguas de fogo: ficaram cheios do Espírito Santo, e começaram a falar várias línguas.
Os Apóstolos anunciam a salvação em Jesus Cristo, operam milagres e curas, são perseguidos e presos pelos príncipes do povo e pelos anciãos, e muitos acreditam neles.
Depois do martírio de Estêvão, quando Saulo perseguia a Igreja em Jerusalém, a caminho de Damasco, inundou-o uma luz fulgurante vinda do céu; Jesus anuncia-lhe, por meio de uma visão, que deve levar o Seu nome aos gentios, aos reis e aos filhos de Israel. Logo começou a pregar nas sinagogas que Jesus era filho de Deus.
Pedro, em Jope, cai em êxtase, e vê do céu um objecto semelhante a uma grande toalha, com vários animais. Pedro, ao apelo da voz, recusa comer os animais impuros, que a voz afirma ser puro por Deus assim o ter declarado.
Em Antioquia, alguns homens, de Chipre e de Cirene, anunciavam o Senhor aos gregos, e muita gente se converte. Saulo e Barnabé confirmam e instruem a comunidade dos “cristãos” que dispersou de Jerusalém depois da morte de Estêvão.
Tiago, irmão de João, é morto à espada pelo rei Herodes.
O Espírito Santo envia Barnabé e Saulo a testemunhar o evangelho de Cristo. De regresso a Antioquia, são confrontados com a disputa sobre a necessidade da circuncisão para os gentios; os apóstolos e os presbíteros decidem por dar razão a Paulo. Este, junto com Silas, e depois com Timóteo, realiza a segunda grande viagem. Na última viagem, de regresso a Jerusalém, acaba por ser preso no Templo, pelos judeus da Ásia, por ter desrespeitado a lei mosaica relativamente à circuncisão. Apelando da sua inocência a César, as autoridades romanas levam-no para Roma. Preso em domicilio, lá permanece durante dois anos, falando de Jesus e do Seu evangelho a todos os que o visitavam.

O Criador

Anuncio que a palavra escolhida para o meu estudo é «o Criador», conforme aparece em 1 Pd 4, 19: «Portanto também os que padecem segundo a vontade de Deus encomendem-lhe as suas almas, como ao fiel Criador, fazendo o bem». Deus é sempre no Novo Testamento «o Criador» mas, de facto, o único documento que utiliza este vocábulo (Ktiste) é precisamente 1 Pd 4,19.

10/05/2007

ALEGRIA

A palavra que escolhi para acompanhar o estudo da Carta de São Tiago e da I Carta de São Pedro é a palavra ALEGRIA, juntando obviamente o verbo ALEGRAR(-SE).
A Alegria -Cará aparece em Tiago 1,2 e 4,9 e na I Pedro aparece em 1,8. O verbo Alegrar Cairw aparece em Tiago 1,1 e I Pe 4,13.
O cristianismo das origens colide sempre com a realidade que encontra, há um impacto vital: assim foi numa primeira época com o judaísmo, numa segunda com o helenismo, e numa terceira com o Império Romano. E assim continua a ser há dois mil anos! Perante os impactos, a atitude dos cristãos deve ser a alegria, em todas as situações, mesmo nas mais adversas. A isso exortam as Cartas visadas neste estudo. O cristianismo nascente tem que ser marcado pela alegria, sob o risco de sucumbir ao desânimo.
Mas o que é a alegria? É de facto preciso ser alegre quando se faz a experiência de Cristo? Há motivos para ser alegre? Quais é que a Carta de São Tiago e a I Carta de São Pedro apresentam? E mesmo perante as adversidades? Porque é que estes textos cristãos das origens exortam à alegria?
É este o caminho que espero poder fazer com esta palavra, sem sucumbir ao desânimo de tanto trabalho!!!

Obediência

Obediência

É uma virtude moral, radicada na virtude cardeal da justiça, que leva a reconhecer a autoridade dos superiores legítimos e a cumprir os seus mandatos num contexto de ordem social. Não há grupo (família, empresa, nação, etc.) que possa subsistir e firmar-se sem uma autoridade e sem obediência cooperante dos seus membros. A verdadeira obediência deve ser livre, e não cega, embora não tenha de conhecer todas as razões do mandato do superior, depositando nele a devida confiança. Obedecer faz parte da educação cívica, social, familiar, cristã e levando ao cumprimento inteligente das leis, com a consciência de assim contribuir para o bem comum. É que tal obediência reclama da parte do superior honestidade e competência no exercício da sua autoridade. Um dos três conselhos evangélicos assumidos mediante voto ou promessa por quem opta pela vida consagrada ( religiosos e outros) é o da obediência ( aos superiores, ás regras de vida). O cumprimento deste voto, além do valor da virtude da obediência, tem o valor anexo da virtude da religião.
Em Tiago 2,8; 3,3; 4,7; 4,11; 5,16, e 1Ped.1,2,14,22; 2,12-13, 17-18,3,6, encontramos a palavra obediência, que é relevante tanto para Tiago como para Pedro.
Tiago emprega esta palavra a todos os eleitos, para cumprirem a Lei do Reino de Deus, submeterem-se a Deus, resistindo ao demónio.
Pedro dirige-se directamente aos peregrinos na diáspora, considerados estrangeiros, para obedecerem aos seus senhores, não só aos bons mas também aos severos, ás instituições humanas, ao soberano, rei, governador, mas tudo por amor do Senhor.
É sabida a maneira como um estrangeiro é tratado: sem direito ao bom trabalho, quando aparece é dos mais desprezível, salário mísero, sem liberdade de expressão. Em alguns casos, sem direito de se casar com mulher ou homem daquele pais. A única forma de permanecer ali, é só obedecer como aconselha Pedro. Dizer sempre sim, mesmo que as vezes é necessário dizer não.



Lisboa, 10 de Maio de 2007

Palavra escolhida - Adelphos

A palavra que eu ecolhi é a palavra Adelfos (irmão).
Em primeiro lugar porque é uma palavra que aparece muito, principalmente na Carta de Tiago, em segundo lugar por achar que se trata de uma palavra importante para compreender aquilo que foram as primeiras comunidades cristãs.
De facto, e apesar dos problemas, como nos apresentam os escritos dos inícios do cristianismo, os cristãos viviam verdadeiramente como irmãos

09/05/2007

RIQUEZA

Eis um tema que o autor da carta de S. Tiago tem necessidade abordar, logo a seguir à exortação da resistência dos seus irmãos nas provações: o perigo das riquezas e de um comodismo que a sociedade pode convidar, e levar consequentemente a um afastamento de Deus.
Entre um conjunto de ditos, sublinha- se a importância dos ricos se precaverem e de os pobres se abandonarem na misericórdia de Deus. Abordado três vezes no nosso escrito, este tema dá-lhe uma identidade única no conjunto das cartas católicas onde não aprece nenhuma vez.
Ao dirigir-se aos ricos adverte-os a chorar em altos gritos por causa das desgraças que virão sobre eles. (Tg 5, 1) e a se humilharem na sua “secura” (Tg 1, 9-11). O seu ouro enferrujará pois quem sabe ele não será fruto do salário que não pagaram aos trabalhadores… (Cf Tg 5, 1- 6).
Aos pobres, Tiago conforta-os a se manterem na sua condição paciente e humilde, pois Deus que é misericordioso e compassivo (Cf 5, 11) escolheu os pobres (a quem ama) segundo o mundo para serem ricos na fé e herdeiros do Reino. (Tg 6, 5- 6).
A todos adverte a não fazer acepção de pessoas. ( Tg 2, 1. 9).


Justiça II

O mais curioso deste exercício ao ler as 2 cartas tendo por referência a palavra escolhida – justiça – foi constatar algo que me surpreendeu...
É curioso que, pelo menos a partir deste campo semântico, Tiago e 1Pedro parecem quase ser escritos em diálogo, ou em forma de jogral, ou ainda como a luz e o seu reflexo.
Assim, Tiago faz uma interpelação aos cristãos do seu tempo para a vivência da verdadeira justiça e Pedro responde com o próprio Deus, como Aquele que é a fonte da justiça, ou com a vida de Cristo que, enquanto homem concretiza a justiça divina.
Faço, verdadeiramente, uma experiência impressionante e arrepiante ao ler estes dois textos em paralelo, pela densidade que daí se percebe...muito mais forte do que lê-los, independentemente, um do outro.
Façam a experiência, e digam alguma coisa...não vá eu estar com alguma alucinação teológica, e isto ser tudo fruto da minha imaginação!

VIGILÂNCIA


A Quarta Parte da 1ª Carta de Pedro fala da "Vigilância" na Prova (4,12-5,14).Uma alerta à comunidade: O fim de todas as coisas está próximo: Já em 4,5 havia alusão ao julgamento. Perante a segunda vinda de Jesus como Juiz; o que gerava atitudes de pânico perante os cristãos. E Pedro perante esta situação, limitava-se a referir o acontecimento para, a partir daí, convidar a comunidade à vigilância: “Vigiai na oração”. Porque a espera do fim deve fazer nascer na comunidade, não a ansiedade mas a confiança firme e o zelo. Não interessa especular sobre o quando e o como da vinda do Senhor; o que interessa é viver o dia a dia na fidelidade permanente. Por isso, o nosso autor volta a aconselhar a caridade, pela terceira vez (ver 1,22; 3,8). Ela é a mais importante das virtudes cristãs: sobretudo a caridade (v.8), porque cobre a multidão dos pecados (ver Mt 6,14s; 1 Cor 13,7). A consequência prática desta “caridade” são a hospitalidade (v.9) e a disponibilidade (v.10). A primeira tinha muita importância no mundo semita, visto que as comunidades tinham gosto em receber os Apóstolos, os profetas e outros pregadores itinerantes (ver Rm 12,13; Heb 13,2). Havia ainda o acolhimento das pessoas que vinham para o culto doméstico. Esta hospitalidade deve ser feita “sem queixas” (v.9). O serviço e a disponibilidade cristãos exigem ainda que se exerça o ministério da Palavra (v.11). Uma Palavra que é de Deus e não do “ministro”. Um outro serviço importante é a “diaconia” (v.11). Esta diaconia deve referir-se aos “serviços” materiais, como acontece em Act 6,2-4. O autor de 1 Pedro aconselha os diáconos a que não exerçam tal ministério como quem administra bens materiais, tecnicamente, mas faça-o com a força que Deus lhe concede, para que em todas as coisas Deus seja glorificado por Jesus Cristo (v.11).
Enquanto que na Carta de Tiago, encontramos a linguagem da "Vinda do Senhor". A comunidade cristã espera a vinda do Senhor (5,7-12). Ao aproximar-se do fim da Carta, Tiago aproveita a oportunidade para, insistir em alumas ideias fundamentais:
* A vinda do Senhor (5,7-12). Isso significa, antes de mais, que Cristo é o único absoluto da comunidade e tudo está em tensão à sua espera, isto é, estar vigilante. Por outro lado, a comunidade não deve impacientar-se em tal espera. O exemplo do agricultor (5,7-8), modelo típico de paciência: ele espera o precioso fruto da terra, conta com as chuvas do Outono e também com as da Primavera, isto é, está atento e vigilante ao tempo de Deus, como os profetas do Antigo Testamento. Depois passa a um exemplo típico de paciência bíblica, Job, que na longa maturação da sua fé, chegou a um fim insuspeitado de aceitação de Deus na sua vida. Assim será também em relação à vinda do Senhor que é cheio de misericórdia e compassivo (5,11).
* Não jureis (5,12): (verMt 5,34-37) é retomado quase à letra. A experiência na fé no Deus da Bíblia leva a não banalizar o seu nome. Quando se invoca por tudo e por nada o nome de Deus, é sinal de que a própria palavra já não vale. Significa que também a palavra humana se banalizou. Por isso, Tiago aconselha a não falar muito, mas a limitar-se ao essencial: “sim sim, não não”. O contrário supõe que o nível horizontal da comunidade anda mal.

A «constância»

A palavra escolhida é a «constância»

Apesar da sua pouca ocurrencia na carta de Tiago, aparece fundamental o apelo a constancia quer na vivencia da fé, quer na fidelidade a identidade cristã. Com efeito, o início da carta de Tiago apresenta um convite à constância na fé. A constância na fé é um caminho de felicidade. «As provas conduzem a constância e por sua vez a constância conduz a perfeição». Podemos perguntar que constância é essa? Em que consista? Antes de mais sabemos que Tiago escreve para os judeus cristãos da dispersão, os que estão fora da palestina, que são confrontados ao mundo pagão envolvente, que coloca algumas dificuldades. Daí a exhortação a constância na fé que receberam. Esta preocupação atravessa todo o livro. A crítica de Tiago inscreve se nesta linha. A constância significaria a fidelidade, a regularidade, a perseverança, no fundo traduzaria uma certa estabilidade na vivência da fé, sem deixar se abalar pelas provações, nem afastar se da identidade crista. A carta de Pedro vai na mesma linha, isto é, recordar a verdadeira identidade crista e exhortar a uma fidelidade a mesma . Ao falar aos cristãos da diáspora, aos peregrinos, Pedro recorda esta condição essencial de peregrino que constitui a essencia do cristianismo.
jean paul labou

08/05/2007

Justiça

Da carta de S.Tiago escolhi a palavra justiça incluindo, nesta selecção, palavras próximas deste contexto semântico, como juízo, julgar, juiz...
Também na 1Pe temos presente a justiça, como característica referida a Deus.
Aqui o contexto semântico, tal como em S.Tiago, é alargado.
Tgo 1, 20: “...a ira do homem não realiza a justiça de Deus.”
2, 12: “Falai e procedei como pessoas que devem ser julgadas segundo a lei da liberdade.”
2, 13: “...será julgado sem misericórdia aquele que não for misericordioso. A misericórdia triunfa do juízo.”
2, 23: “...foi-lhe atribuído à conta de justiça e foi chamado amigo de Deus.”
2, 24: “...o homem é justificado pelas obras e não somente segundo a fé.”
2, 25: “Rahab, a meretriz, não foi também justificada pelas suas obras...?”
3, 18: “O fruto da justiça é semeado em paz...”
4, 11: “Quem fala mal de um irmão e julga o seu irmão,fala mal da Lei e julga a Lei. Ora, se tu julgas a Lei, já não és observador da Lei mas seu juiz.
4, 12: “Há um só legislador e um só juiz que pode salvar e condenar. Mas quem és tu, que julgas o teu próximo?”
5, 6: “Condenastes e matastes o justo...”
5, 9: “Não vos queixeis uns dos outros para que não sejais julgados. Eis que o Juiz esta à porta.”
5, 16: “A oração fervorosa do justo tem muito poder.”

1Ped1, 17: “...se invocais como Pai Aquele que, sem distinção de pessoas,julga cada um consoante as suas obras.”
2, 23: “Ele que, quando O insultavam, não insultava e, sofrendo, não ameaçava, mas Se entregava Àquele que julga com justiça.”
2, 24: “...vivêssemos para a justiça.”
3, 12: “...os olhos do Senhor estão sobre os justos...”
3, 14: “Se padecerdes alguma coisa por causa da justiça, felizes de vós!”
3, 18: “...o Justo pelos injustos para nos conduzir a Deus.”
3, 21: “...mas justificando a consciência para com Deus...”
4, 5: “...prestarão contas Àquele que está pronto para julgar...”
4, 6: “...julgados diante dos homens...”
4, 17: “...chegou o momento de começar o julgamento pela casa de Deus.”
4, 18: “...se o justo a custo se salva o que virá a ser do ímpio...?”

O BEM E O SEU CAMPO SEMÂNTICO

Mais do que uma palavra vou tratar o campo semântico do Bem. Digo assim pois não me debruçarei apenas numa palavra mas em algumas que estão ligadas a esta de qualquer forma, nomeadamente três em especial:

καλῶς - Bem (mais presente na carta de Tiago)

ἀγαθο-ποιέω- Fazer o bem (mais presente na carta de Pedro), este segundo vocábulo é um verbo composto pela palavra agathos (bom) e poiéw (executar, fazer).
κακός - Mal
Deter-me-ei essencialmente nas duas primeiras palavras, não deixando de abordar a última e outras talvez, que pertençam a este campo semântico. Mas isso ficará para outro post. Também conto com a vossa ajuda!

07/05/2007

A palavra "humildade" em 1 Pedro

- Escolhi a palavra “humildade” da primeira carta de Pedro.
- Esta palavra aparece nesta carta em três formas, a saber, "humildade" (5, 5b), "aos humildes" (5, 5b) e "humilhai-vos" (5, 6). Este vocábulo insere-se na exortação aos fiéis da comunidade cristã. O autor exorta a humildade um para com o outro e a humildade diante de Deus no sofrimento, porque através do sofrimento, em nome de Deus, chega-se à glória. Deus dá a sua graça aos humildes. Todos os cristãos devem revestir-se da humildade recíproca (cf. 5, 5b) e, mais ainda, a humildade diante de Deus. Esta palavra é relevante no conjunto da carta porque o ensinamento sobre a humildade na disponibilidade e na confiança uns aos outros e em Deus dentro da comunidade dos fiéis, brota também da paixão de Cristo. Quando o autor da carta fala na exortação aos pastores – a exortação anterior à exortação aos fiéis onde se encontra este vocábulo – ele não recorre a nenhum título preeminente sobre os outros mas, com toda a humildade, apresenta-se “presbíteros como eles” (5, 1), e refere a uma experiência fundamental da identidade cristã: testemunha dos sofrimentos de Cristo. Por isso, a humildade entre os cristãos é sinal do testemunho dos padecimentos de Cristo e da sua glória.
- A comparação com a carta de Tiago:
A atitude de humildade é também referida na carta de Tiago. A referência à graça de Deus aos humildes e a exortação à humildade diante de Deus estão presentes nas duas cartas: 1 Pe 5, 5b: E revesti-vos todos de humildade no trato uns com os outros, porque Deus opõe-se aos soberbos, mas dá a sua graça aos humildes; Tg 4, 6: A graça que Ele dá é mais abundante, pelo que diz: Deus opõe-se aos soberbos, mas dá a sua graça aos humildes. E 1 Pe 5, 6: Humilhai-vos, pois, debaixo da poderosa mão de Deus, para que Ele vos exalte no devido tempo; Tg 4, 10: Humilhai-vos na presença do Senhor, e ele vos exaltará.
Na carta de Tiago esta palavra insere-se no âmbito de discórdias na vida concreta. E, neste sentido, a humildade aparece em contraposição à ambição. Constata-se a existência de lutas e conflitos no interior da comunidade. A origem destas discórdias, segundo o autor, está, principalmente, no interior de cada um: são as paixões (cf. 4, 1.4). Deus enfrenta os arrogantes e os soberbos, os que se deixam levar pela paixão e ambição, mas concede a sua graça aos humildes. É por isso que o autor exorta a humildade a conversão aos pecadores, isto é, os que levam uma vida dupla dentro da comunidade.

érgon

Eu escolhi a palavra érgon que significa obra, trabalho, tarefa.
Este termo aparece 169 vezes no N.T. e apesar de se distribuir de maneira bastante homogénea pelos diversos escritos, é de realçar a sua escassa presença nos sinópticos (10 vezes).

Nas Cartas em estudo aparece em Tiago 15 vezes, na 1Pedro 2 vezes e na 2Pedro 2 vezes:
Tg. 1, 4. 25
Tg. 2, 14. 17. 18(3x). 20. 21.22(2x). 24. 25. 26
Tg. 3, 13
1 Ped. 1, 17
1Ped. 2, 12
2 Ped. 2, 8
2 Ped. 3,10

06/05/2007

Amar – [agapáo]/ amor [agápe]

Amar – [agapáo]/[O Amor - [agápe] (caridade) /Amigo [philos]/ amizade [philía]
No Novo Testamento tanto o verbo agapáo como o substantivo [agápe] tem um significado especial enquanto que se emprega para expressar o Amor de Deus ou da vida que decorre deste Amor e que deriva dele. No cristianismo primitivo, o amor se expressa em acções litúrgicas. O beijo fraterno era usual nas comunidades (cf. Rm16,16) e em 1Pe5,14 é chamado beijo de [agápe]. A nova comunidade fundada no [agápe] considerava-se a família de Deus, e demonstra-o através do uso das expressões, irmãos e irmãs no cristianismo primitivo.
Em São Tiago fala-se,
De amor Deus pelos homens:
O Senhor coroa os que o amam, (Tg1,12)
De amor ao próximo:
Amará o teu próximo como a ti mesmo (Tg2,1-13)
Amizade [philía]) ao mundo é inimizade com Deus. (Tg4,4-10)
Na 1ª carta de S. Pedro fala-se:
De nosso amor por Cristo
Sem o terdes visto vós O amais (1Pe1,8-9)
Do amor ao próximo:
Permanecei no amor fraterno. (1Pe3,8-12)
Amai-vos uns aos outros. (1Pe1,22)
Tende pelos outros uma ardente caridade. (1Pe4,8-11)
Honrai a todos, amai a fraternidade (1Pe2,17)
A palavra – amar / amor na carta de São Tiago assim como na de São Pedro ocupa um lugar estratégico nas exortações dirigidas as comunidades respectivas. A maneira de que S. Tiago trata os destinatários logo no início da sua carta nos dá de perceber a importância desta palavra. Ela vai estar presente ao longo da carta duma maneira ou doutra. Na primeira carta de Pedro está presente a palavra agápe/ agapáo.