09/05/2007

VIGILÂNCIA


A Quarta Parte da 1ª Carta de Pedro fala da "Vigilância" na Prova (4,12-5,14).Uma alerta à comunidade: O fim de todas as coisas está próximo: Já em 4,5 havia alusão ao julgamento. Perante a segunda vinda de Jesus como Juiz; o que gerava atitudes de pânico perante os cristãos. E Pedro perante esta situação, limitava-se a referir o acontecimento para, a partir daí, convidar a comunidade à vigilância: “Vigiai na oração”. Porque a espera do fim deve fazer nascer na comunidade, não a ansiedade mas a confiança firme e o zelo. Não interessa especular sobre o quando e o como da vinda do Senhor; o que interessa é viver o dia a dia na fidelidade permanente. Por isso, o nosso autor volta a aconselhar a caridade, pela terceira vez (ver 1,22; 3,8). Ela é a mais importante das virtudes cristãs: sobretudo a caridade (v.8), porque cobre a multidão dos pecados (ver Mt 6,14s; 1 Cor 13,7). A consequência prática desta “caridade” são a hospitalidade (v.9) e a disponibilidade (v.10). A primeira tinha muita importância no mundo semita, visto que as comunidades tinham gosto em receber os Apóstolos, os profetas e outros pregadores itinerantes (ver Rm 12,13; Heb 13,2). Havia ainda o acolhimento das pessoas que vinham para o culto doméstico. Esta hospitalidade deve ser feita “sem queixas” (v.9). O serviço e a disponibilidade cristãos exigem ainda que se exerça o ministério da Palavra (v.11). Uma Palavra que é de Deus e não do “ministro”. Um outro serviço importante é a “diaconia” (v.11). Esta diaconia deve referir-se aos “serviços” materiais, como acontece em Act 6,2-4. O autor de 1 Pedro aconselha os diáconos a que não exerçam tal ministério como quem administra bens materiais, tecnicamente, mas faça-o com a força que Deus lhe concede, para que em todas as coisas Deus seja glorificado por Jesus Cristo (v.11).
Enquanto que na Carta de Tiago, encontramos a linguagem da "Vinda do Senhor". A comunidade cristã espera a vinda do Senhor (5,7-12). Ao aproximar-se do fim da Carta, Tiago aproveita a oportunidade para, insistir em alumas ideias fundamentais:
* A vinda do Senhor (5,7-12). Isso significa, antes de mais, que Cristo é o único absoluto da comunidade e tudo está em tensão à sua espera, isto é, estar vigilante. Por outro lado, a comunidade não deve impacientar-se em tal espera. O exemplo do agricultor (5,7-8), modelo típico de paciência: ele espera o precioso fruto da terra, conta com as chuvas do Outono e também com as da Primavera, isto é, está atento e vigilante ao tempo de Deus, como os profetas do Antigo Testamento. Depois passa a um exemplo típico de paciência bíblica, Job, que na longa maturação da sua fé, chegou a um fim insuspeitado de aceitação de Deus na sua vida. Assim será também em relação à vinda do Senhor que é cheio de misericórdia e compassivo (5,11).
* Não jureis (5,12): (verMt 5,34-37) é retomado quase à letra. A experiência na fé no Deus da Bíblia leva a não banalizar o seu nome. Quando se invoca por tudo e por nada o nome de Deus, é sinal de que a própria palavra já não vale. Significa que também a palavra humana se banalizou. Por isso, Tiago aconselha a não falar muito, mas a limitar-se ao essencial: “sim sim, não não”. O contrário supõe que o nível horizontal da comunidade anda mal.

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