17/03/2007

O perfil de Silas nos Actos dos Apóstolos

O nome de Silas aparece 16 vezes nos Actos dos Apóstolos (15, 22.27.32.34.40; 16, 6.19.25.29.40;17, 4.5.10.14.15; 18, 5). Silas foi escolhido juntamente com Judas, chamado Barsabas, para acompanharem Paulo e Barnabé, a fim de levarem a carta apostólica da assembleia de Jerusalém a Antioquia. Silas era um dos homens respeitados entre os irmãos (15, 22) e era um profeta (15, 32). Ao chegarem a Antioquia, reuniram a assembleia e Judas e Silas exortaram e fortaleceram os irmãos com um longo discurso. Depois, Silas decidiu ficar em Antioquia enquanto Judas voltou para Jerusalém. Silas acompanhou Paulo na sua viagem missionária. Em Filipos, Paulo e Silas foram presos. Na prisão, estes oravam e louvavam a Deus. Enquanto oravam aconteceu um tremor de terra que terminou com a conversão do carcereiro. Paulo e Silas seguiram para Tessalónica e aqui conseguiram convencer alguns irmãos mas tiveram grandes pressões por parte dos judeus. Daqui, partiram para Bereia. Depois, alguns irmãos levaram Paulo até Atenas enquanto Silas pemaneceu em Bereia, em companhia de Timóteo que os acompanhou de Listra. Estes dois iriam encontrar Paulo em Corinto. Aqui terminou a referência a Silas.

Prisca, para os amigos Priscila


Paulo, na Carta aos Romanos 16, 3-5, pede aos destinatários: “Saudai Priscila e Áquila, meus colaboradores em Cristo Jesus, pessoas que, pela minha vida, expuseram a sua cabeça. Não sou apenas eu a estar-lhes agradecido, mas todas as igrejas dos gentios. Saudai também a igreja que se reúne em casa deles.”; na 1ª aos Coríntios 16, 19, envia saudações no Senhor em nome de Áquila e Priscila e da assembleia que se reúne em sua casa, e na 2ª a Timóteo 4, 19 saúda Prisca e Áquila. Em duas destas três citações a mulher é referida em primeiro lugar, o que me parece significativo. Prisca, conhecida pelo nome mais familiar de Priscila, terá sido, com seu marido Áquila, dos primeiros cristãos convertidos de Roma. Diz-nos o narrador de Actos (18, 2-3): “Encontrou ali um judeu chamado Áquila, natural do Ponto, recentemente chegado da Itália com Priscila, sua mulher, porque um édito de Cláudio ordenara que todos os judeus se afastassem de Roma. Paulo foi procurá-los e, como eram da mesma profissão - isto é, fabricantes de tendas - ficou em casa deles e começou a trabalhar.” Portanto, na sua missionação, Paulo vai contar com o apoio destes cristãos, receber a sua hospitalidade e partilhar o seu mister, dada a sua preocupação em não ser pesado a ninguém, e tal ocorre tanto em Corinto, como em Antioquia e Éfeso. De acordo com Actos 18, 18: “Depois de se ter demorado ainda algum tempo em Corinto, Paulo despediu-se dos irmãos e embarcou para a Síria, com Priscila e Áquila[…]” No entanto, o episódio mais interessante protagonizado pelo casal é relatado nos vv.26ss do mesmo capítulo 18. Acontece que, recém-chegado a Éfeso, um judeu eloquente de Alexandria, versado nas Escrituras, que discursa com fervor sobre Jesus mas não conhecendo outro baptismo que o de João, começa a “falar desassombradamente na sinagoga”. Perante o que dele ouviram, Priscila e Áquila (por esta ordem), com autoridade e saber, “tomaram-no consigo e expuseram-lhe, com mais precisão, a ‘Via’ do Senhor”. É que neles estava bem viva a pregação do Apóstolo. Esta judia cristã chamada pelo seu nome em Actos serve Cristo, proclamando a sua Palavra, serve o Apóstolo e a comunidade que se reúne em sua casa, mas o seu estatuto feminino transformou-se porque inserido na estrutura da nova comunidade em expansão. E vejo-a, tal como Rossellini a mostrou, mulher formosa e determinada, capaz de tudo arriscar pela propagação da fé em Jesus.

16/03/2007

3 perguntas a... P. Domingos Terra SJ *

1. Qual a passagem do livro dos Actos dos Apóstolos que é mais significativa para si? Porquê?

A passagem dos Actos dos Apóstolos mais significativa para mim é a conversão de Saulo, aquele que viria a ser o apóstolo S. Paulo (Act 9, 1-30). Deus intervém na sua vida dum modo fulminante. Impressionam-se nessa intervenção dois aspectos. O primeiro é que o olhar de Deus não se dirige apenas às pessoas bem comportadas; vai também para aquelas cuja conduta é muito discutível. Deus quer construir algo, mesmo onde uma avaliação estritamente humana pode não suscitar esperança de resultados positivos. Aliás, Saulo, já convertido, não se cansará de dizer nas suas pregações que o Senhor mostrou grande misericórdia para com ele, referindo-se precisamente ao episódio da sua conversão inesperada. O segundo aspecto que impressiona, na passagem bíblica referida, é o facto de Deus mudar radicalmente o rumo da vida de Saulo, ao mesmo tempo que parece deixar intacta a sua estrutura pessoal. De zeloso perseguidor de cristãos, Saulo passa a zeloso anunciador de Jesus Cristo. As vítimas das acções ‘pré-cristãs’ de Saulo nem querem acreditar que ele se tenha convertido! Num primeiro momento, continuam a ter medo dele. Por outro lado, os amigos que ele tinha até então tornam-se seus declarados inimigos. Adivinha-se no íntimo destes a raiva por a estrutura duma pessoa com tantas qualidades ter sofrido um desvio de cento e oitenta graus.


2. Qual lhe parece ser o aspecto em que a Igreja Católica em Portugal mais se aproxima do relato que os Actos dos Apóstolos fazem da primitiva comunidade cristã? E qual o aspecto em que mais se distancia?

Os Actos dos Apóstolos falam duma comunidade cristã movida intensamente pelo Espírito de Deus. É qualquer coisa que fascina o leitor relativamente aos tempos da Igreja primitiva. Esta vida intensa do Espírito nota-se em certos eventos da Igreja Católica em Portugal. Refiram-se as grandes aglomerações humanas no Santuário de Fátima, concretamente as que contaram com a presença de João Paulo II. Refira-se o “Terço vivo” que teve lugar no estádio nacional há cerca de três anos. Refira-se a procissão ocorrida num sábado em Lisboa, no âmbito do Congresso Internacional para a Nova Evangelização. Refira-se a adesão dos jovens a iniciativas pastorais organizadas ao estilo da peregrinação… Este vigor da vida do Espírito já não é tão nítido naquelas situações em que as comunidades cristãs caem na rotina das práticas. É preciso, contudo, ter cuidado ao emitir juízos sobre o ritmo habitual de tais comunidades. O facto de a força do Espírito não ser tão notada pelos olhos dum observador não significa necessariamente que ela esteja menos presente. O Espírito de Deus vive-se não só em ocasiões especiais de maior expressividade, mas também no quotidiano, mais ou menos discreto, vivido na fidelidade.


3. De que modo a Igreja pode hoje anunciar o Evangelho aos não crentes e àqueles que se distanciaram de Cristo?

O maior anúncio que se pode fazer do Evangelho é a vida cristã em simplicidade e com verdade. O que mais se espera de nós não é convencer os outros pela força dos argumentos, com o intuito de os levar à fé cristã. Os outros precisam é de perceber que aquilo que vivemos, em nome do Evangelho, tem razão de ser. Precisam de notar que, sendo feitos do mesmo ‘barro’ que o resto das pessoas, nos esforçamos por viver com verdade aquilo em que acreditamos. É claro que, num mundo complexo e exigente como o nosso, não podemos contentar-nos com uma fé ‘ingénua’. Não devemos ter medo de deixar que as questões do mundo e das pessoas de hoje interpelem a nossa fé. Será o modo de esta se tornar apta a mostrar o que vale perante os nossos contemporâneos. A fé cristã é experiência e discurso, é um viver e um dizer. O primeiro dever ser autêntico e simples; o segundo precisa de estar à altura dos desafios que o mundo actual lhe coloca. Estas duas dimensões da fé estão intimamente ligadas. Todo o cuidado intelectual posto no pensar e no dizer da fé deve estar impregnado da preocupação do viver autêntico da mesma. Deve ser, aliás, expressão duma fé vivida desta forma.

* Professor na Faculdade de Teologia da UCP

15/03/2007

Exercício de leitura de Actos 1-7

Personagens e nomes:
– O nome de Deus como: Anjo do Senhor; o Altíssimo 7,48; o Deus da glória 7,2;
o Anjo 7,38; o Deus de Abraão, de Isaac, de Jacob, o Deus dos nossos pais 3,13
– Espírito Santo

Lucas, Teófilo.

Pedro, Saulo.
João, Tiago, André, Filipe, Tomé, Bartolomeu, Mateus, Tiago (filho de Alfeu), Simão (o zelota), Judas (filho de Tiago).
Algumas mulheres, Maria (mãe de Jesus); “irmãos” de Jesus; Matias (12º Apost., escolhido à sorte); José, chamado Justo (Barsabás – ligado a Matias na sorte para ocupar o 12º Apost.; Estêvão – ligados a Estêvão: Filipe, Prócuro, Nicanor, Timão, Parmenas, Nicolau (prosélito de Antioquia)
Barnabé (“Filho da consolação” - José – levita cipriota)
Judas (o traidor) “o guia” dos que prenderam Jesus; Ananias e Safira
Os Doze Patriarcas; David; João Baptista; Samuel
Satanás
Viúvas helénicas; aleijado (coxo); Pilatos (aparecer também como Pôncio Pilatos); Herodes, Anás, Caifás; Sumo Sacerdote; João, Alexandre; profetas; sacerdotes; Sinédrio, Senado; comandante do Templo, guardas; Saduceus; chefes dos judeus, anciãos, escribas.
Teudas, Judas, o galileu
Gamaliel
Libertos (membros da sinagoga)
Cirineus, alexandrinos
Faraó (ligado ao Patriarca José), filha do Faraó
Abraão, Isaac; Jacob
José
O Anjo da sarça ardente
Moisés, Aarão
Dois filhos de Moisés, nascidos em Madian
Josué; David, Salomão
Filhos de Emor (ligados a Abraão, na compra de um túmulo)

Povos:
Hebreus, helenistas, partos, medos, elamitas, habitantes da Mesopotâmia, da Judeia, da Capadócia, do Ponto e da Ásia, Fríga, Panfília, do Egipto, regiões da líbia cirenaica, de Roma, cretenses, árabes, caldeus.

Lugares, cidades, regiões:
Jerusalém, Judeia, Samaria, “confins do mundo” (atingindo Roma e a partir dali);
Nazaré, Galileia, Canaã, Mesopotâmia, Capadócia, Ponto, Ásia, Frígia, Panfília, Egipto, Líbia, Roma, Cilicia, Siquém; Lugares: monte das Oliveiras, “haqueldamá” Campo de Sangue, céu, terra, mar, Templo (citado também como ‘Lugar Santo’), porta do Templo ‘Formosa’, Pórtico de Salomão, Sinédrio, Sinagoga, Haran, Mar Vermelho, deserto


Títulos e nomes de Jesus:
Senhor 1,6; Jesus de Nazaré 2,22; Cristo 2,29 e 2,31; o Santo 2,27; Senhor e Messias 2,36; Jesus Cristo 2,38; Jesus Cristo Nazareno 3,6; Servo Jesus 3,13; o Santo e o Justo 3,14; Príncipe da Vida 3, 15; Messias Jesus 3,20; Servo 3, 26; Jesus Nazareno 4,10; Ungido 4,23; Santo Servo Jesus 4,27 e 4,30; Príncipe e Salvador 5,31; Jesus, o Messias 5,42; o Nazareno 6,13; Justo 7,52; Filho do Homem 7,57; Jesus, o Nazareno 6,14.

O Espírito Santo é mencionado como:
o ‘Prometido do Pai’ 1,4, ‘Espírito do Senhor’: 5,9; ‘o Espírito’ 6,3 e 6,10; ‘o meu Espírito’ 2,17 e 2,18.
Espírito Santo: 1,2; 1,5; 1,8; 1,16; 2 vezes no v 2,4; (aparece no título do cap 2); 2,32; 2, 38; não aparece no cap 3; 4,8; 4,24; 4,31; 5,3; 5,32, 5,51; 5, 55

A Palavra é mencionada como:
a Palavra 4,4. 6,4; a tua palavra 4,29; a palavra de Deus 4,31.6,2.6,7; a palavra da Vida 5,20; anunciar a Boa Nova de Jesus, o Messias 5,42; palavra de vida 7,38; como Boa Nova 5,42

O testemunho dos Apóstolos:
2,32: “Foi este Jesus que Deus ressuscitou, e disso nós somos testemunhas”
3,15: “E nós somos testemunhas destas coisas”
5,32: “… mas Deus ressuscitou-o dos mortos, e disso nós somos testemunhas”

Referências ao AT:
Salmos: 1, 20; 2, 17-21;
2,25-28; 2,30-31; 2,34-35 (David)
4,11; 4,24-26
Textos alusivos à historia da salvação de Israel: 7,3; 7,6-7; 7,9-11; 7,27-28, 7,3034; 7,37; 7,39-40
Profetas:7, 42-43; 7, 49-50

O fim dos tempos: “o Dia do Senhor” 2,20

14/03/2007

De Jerusalém a Roma, um resumo de Actos

Depois de recordar a génese da primeira parte do conjunto Lucas-Actos, o narrador relembra a ascensão de Jesus, para, seguidamente, situar o grupo dos Apóstolos em Jerusalém. De maneira a retomar o número Doze procede-se à eleição de um discípulo-testemunha, Matias.

Após a manifestação do Espírito Santo e dos seus efeitos, dá-se o primeiro discurso de Pedro, neste caso à multidão perplexa. Trata-se da primeira história concisa da economia da salvação, sublinhada por citações do Primeiro Testamento, que culmina com a certeza de que Cristo é o Messias. As conversões, marcadas pela mudança de vida e pelo baptismo, não se fizeram esperar.

A intervenção de Pedro é seguida pelo primeiro confronto, ainda sem consequências de maior, com os judeus. Ao longo de Actos é frequente a sucessão milagre/pregação – confronto verbal/físico – punição disciplinar.

O discurso, prisão e morte de Estêvão assinala a transição da localização narrativa de Jerusalém para um espaço geográfico que se vai progressivamente alargando. O capítulo 8, já pontuado pela diáspora, introduz brevemente Saulo, para a seguir se concentrar na pregação evangélica na Samaria e, depois, ao sul, a caminho de Gaza.

A conversão de Saulo, do ódio ao seguimento, é contada em cinco versículos. A meio do capítulo 9 o narrador volta o olhar para a acção de Pedro, que, em crescendo, culmina no baptismo dos primeiros pagãos, o que lhe vale um interrogatório da ortodoxia; esta será, aliás, uma das tensões que atravessa o livro.

A fundação da comunidade de Antioquia marca o regresso de Saulo, entretanto refugiado em Tarso. Aquela cidade será o ponto de partida da primeira das suas viagens missionárias, que, entre conversões e atribulações, o levarão a percorrer a parte oriental da bacia do Mediterrâneo, da Cilícia à Grécia, passando pela Frígia e Macedónia.

Alguns aspectos que se destacam neste périplo: as narrativas resumidas, brilhantes, da história da salvação; o anúncio feito em primeiro lugar aos judeus; a pregação dirigida aos pagãos através de uma linguagem mais escassa na utilização de referências veterotestamentárias e, que, por outro lado, procura preencher as aspirações religiosas de um universo outro; a deslocação da sinagoga para locais onde a atmosfera judaica se dilui ou é inexistente.

O último regresso de Paulo à cidade da paz assinala o início da viagem derradeira. Preso depois de suscitar a ira do povo, evoca a sua condição de cidadão romano para exigir que o seu julgamento seja efectuado na capital do Império, onde chega mais de dois anos depois na companhia do narrador.

quando regressamos ao grego

Em “De profundis”, o escritor Oscar Wilde dá o seguinte testemunho: «No Natal, consegui apoderar-me de um Novo Testamento em grego, e todas as manhãs, depois de ter limpo a cela e de ter polido os pratos, leio um pouco dos Evangelhos. É uma maravilhosa maneira de começar o dia. (…) Nós perdemos a naїveté, a frescura e o encanto dos Evangelhos. Ouvimos lê-los demasiadas vezes, e mal demais, e toda a repetição é anti-espiritual. Quando regressamos ao grego, é como se entrássemos num jardim de lírios, depois de sairmos de uma casa estreita e escura».

Pela net estão disponíveis leituras em grego dos nossos textos. Escutar ajuda a ler.

http://www.ccel.org/a/anonymous/gnt/home.html
http://www.areopage.net/ntgraudio.html#3j

Actos... uma história!

O livro dos Actos dos Apópostolos conta os acontecimentos e o surgimento da Igreja nascente. É constituido por 28 capítulos. Ao longo destes assistimos ao cumprimento das promessas de Jesus e o envio do Espírito Santo.
Duas figuras marcam de modo especial este livro: Pedro, nas suas visões, discursos, milagres… e Paulo, momento da sua conversão, as suas 3 viagens apostólicas, os seus discursos… assim, podemos assumir como divisão: o capítulo 13 no qual se iniciam as viagens apostólicas.
Dois outros grandes acontecimentos que encontramos, logo no inicio do livro, são a escolha dos 7 diáconos e o Martírio de Estêvão, primeiro mártire.
Um outro acontecimento bastante importante é a realização do concílio de Jerusalém; em torno da questão da circuncisão dos gentios relativamente à sua salvação e incersão na vida da Igreja.

13/03/2007

Sobrevoando” os Actos

Lidos os Actos dos Apóstolos deparamo-nos com um relato de alguém que vai acentuando algumas ideias chave, e talvez nestas, ou por meio delas possamos dar a perspectiva resumida do que se trata...
Um aspecto que ressalta à vista, à medida que se vai progredindo na leitura, é a existência de vários binómios: conversão-alegria; perseguições e unidade comunitária; partilha e fortaleza...; e por outro lado, algumas ideias que se revelam recorrentes, em alguns momentos com mais insistência, noutros com menos: a referência ao “nome do Ressuscitado” como força que impele os Apóstolos à acção, e a perseguição operada pelos partidários da incredulidade em relação àqueles que aderiam à “Via”, contraposta à adesão de outros.
Um livro que conta a história das comunidades cristãs no seus primeiros tempos sem Jesus, buscando a sua identidade e o específico do seu ser, buscado na vida quotidiana, na oração, na relação com a autoridade romana e no encontro e diferenciação com o mundo judaico. Uma história atravessada por um ambiente ou cenário costurado de harmonias, mesmo quando as situações são reveladoras de dificuldades... onde Paulo e Pedro ainda que, não sem tensões, surgem como parceiros, apesar de algumas diferenças que, acabam por ser sanadas, quanto mais não seja pela definição do espaço de cada um, no que respeita à predicação da mensagem cristã.

Os Actos dos Apóstolos

Segunda parte da obra lucana, onde se narra a vida da primitiva comunidade cristã no período que vai do ano 30 d.C. até o ano 60 d.C. A narração tem início relembrando os acontecimentos anteriores, a morte e ressurreição de Jesus em Jerusalém, prossegue com a Ascensão de Jesus, a vinda do Espírito Santo sobre os Apóstolos, continuando com a descrição das primeiras dificuldades da comunidade onde o clímax é o martírio de Estêvão, e o início da perseguição dos cristãos; a pregação aos pagãos; Pedro, protagonista na primeira parte; Paulo, de perseguidor a construtor da Igreja, a narração da sua actividade missionária, o seu retorno a Jerusalém, a sua prisão, a sua chegada em Roma como prisioneiro do Senhor.
Dois temas fortes: a passagem do judaísmo para o cristianismo e o anúncio do evangelho aos pagãos.
O texto não quer contar os factos tais como aconteceram, mas através das narrações das missões, discursos, sumários, o autor quer nos contar a acção de Deus, onde a sua Palavra, através dos Apóstolos e dos primeiros cristãos, a partir de Jerusalém chega até os últimos confins da terra, representado por Roma.

Uma grande epopeia

Os Actos dos Apóstolos contam a vida da Igreja nascente de Cristo, a partir da sua Ressurreição. Toda esta história é marcada pela força e pelo poder deste Cristo, que aparece vivo aos doze, com muitas provas incontestáveis, falando-lhes do que é o Reino de Deus. Depois da sua Ascensão e do Pentecostes vemos o Seu Espírito a conduzir a Igreja, com toda a sua audácia, no anúncio do Evangelho. E é em volta deste anúncio que assistimos ao seu desenvolvimento.
Aqui encontramos uma forte actividade missionária, acompanhada de discursos, prodígios e curas operadas pelos Apóstolos, sinal do Reino de Deus entre os homens. Encontramos uma Igreja cristã, com uma só alma, a estruturar-se aos poucos em pequenas comunidades, onde oram em comum, onde partilham tudo, onde procuram o ensinamento dos Apóstolos, onde vivem a Boa Nova. Mas também sofrem perseguições, martírios, prisões e emigrações. Mas estes aconteciemntos foram providenciais, porque estenderam o anuncio da Boa Nova aos gentios. Daqui vemos nascer uma comunidade em Antioquia, onde pela primeira vez os discípulos de Cristo são chamados de cristãos.
Esta evangelização que fora em primeiro lugar levada aos judeus, em continuidade com a concretização das promessas feitas a nossos pais, agora é levada aos gentios. Este anuncio traz consigo uma descontinuidade e uma ruptura com as tradições judaicas, que não se coadunam com o Evangelho.
Digamos que os Actos são uma magnífica epopeia do nascimento da Igreja e da sua missionação em favor da evangelização de todos os povos. Ao longo desta epopeia vemos duas grandes figuras, a de Pedro, circunscrito mais à região da Judeia e a de Saulo, conhecido por Paulo estendido às grandes viagens missionárias que faz desde Antioquia a Roma. Onde vai fundando várias igrejas, entre elas a de Corinto e a de Éfeso. Os Actos terminam a contar Paulo em Roma «a proclamar o Reino de Deus e ensinado o que se refere ao Senhor Jesus Cristo com toda a intrepidez e sem impedimento».

O LIVRO DOS ACTOS DOS APÓSTOLOS

Nos primeiros versículos do livro é-nos dado pela boca de Jesus Ressuscitado como que um programa narrativo para a obra: «ides receber uma força, a do Espírito Santo, que descerá sobre vós, e sereis minhas testemunhas em Jerusalém, por toda a Judeia e Samaria e até aos confins do mundo» (1, 8).
Na verdade, toda o enredo é construído neste movimento de expansaõ quase que incontrolável e que faz a Igreja crescer pela força do Espirito Santo. É expressão disso: o deslocamento geográfico da acção – de uma “terra santa” para a “pagã” até abarcar todo o mundo; a sucessão de eventos que geram tensão ou paz; e a diversidade de personagens, judeus e pagãos, de primeiro e segundo plano, que se sentem interpeladas ou injuriadas pela palavra que foi pregada e que escutaram – elenco praticamente em mutação constante.
Os Apóstolos são as primeiras testemunhas de Cristo e são eles que, cheios do Espírito Santo, tornam a palavra de Cristo presente por onde quer que passam. Pedro destaca-se pelos seus discursos, curas, controvérsias provocadas e pela visão em Jope que “abrirá” definitivamente a Igreja a todos os não Judeus. Paulo, judeu convertido e Apóstolo do Ressuscitado, efectua três viagens de evangelização e uma viagem final como prisioneiro que o leva até Roma; aqui permanece dois anos «anunciando o Reino de Deus e ensinando o que diz respeito ao Senhor Jesus Cristo, com o maior desassombro e sem impedimento» (28, 31).

Olhando para os Actos dos Apóstolos

Os Actos dos Apóstolos podem ser vistos como uma 2ª parte da obra de Lucas, que no 1º Livro – Evangelho – narra a biografia de Jesus. Nesta 2ª parte ele conta a vida dos primeiros cristãos depois da Ascensão de Jesus ao Céu, tempo do nascimento da Igreja e de descoberta da sua identidade.
São os Actos, assim, a história do cristianismo nascente e a sua expansão de Jerusalém a Roma, respectivamente o ponto de partida e a meta da missão.
Os personagens principais são os apóstolos, testemunhas de Jesus ressuscitado, com Matias a substituir Judas, mas dentre eles destaca-se Pedro, que aparece nos primeiros capítulos como aquele que dirige o grupo, que faz mais milagres e que toma quase sempre a Palavra. Mas a Palavra destaca-se por si mesma. Ela tem força e contagia fé. A Igreja expande-se na medida em que há pessoas que aderem e recebem a Palavra.
Não podemos esquecer o papel tão importante do Espírito Santo, no qual todos os cristãos vão sendo baptizados e por Ele vivem numa verdadeira união fraterna, da qual é expressão a Comunidade cristã de Jerusalém.
A partir do cap. 13 e até ao fim do Livro destaca-se a figura de Paulo, judeu e ao mesmo tempo cidadão romano, que se converte (no cap.9º) de perseguidor dos cristãos na grande testemunha de Jesus ressuscitado, empreendendo várias viagens missionárias e mostrando uma enorme coragem e entusiasmo no anúncio da Palavra. Acaba por ser preso em Jerusalém e levado para Roma, pois apela para César.
Nesta empolgante narrativa o autor quer mostrar uma unidade na história da Salvação: Paulo começa por anunciar aos judeus nas Sinagogas e só quando estes o rejeitam é que vai anunciar aos pagãos; Pedro anuncia normalmente a judeus, mas vai também anunciar a pagãos em casa de Cornélio, para mostrar que Deus não faz acepção de pessoas e que a Salvação é para, partindo de Jerusalém, chegar até aos “confins do mundo”. Os Actos não são uma história triunfalista da Igreja, mostram também o seu fracasso e, especialmente aí, como é a Providência divina que tudo conduz.

12/03/2007

Actos dos Apóstolos

Os Actos dos Apóstolos constituem a segunda obra de Lucas, é a continuação do Evangelho que a Tradição, durante séculos, tem identificado com Lucas. Escrito por volta do ano 80. Existem três versões principais.
Para o autor dos Actos, a história do mundo é uma história de salvação que tem Deus como autor principal e compreende o tempo da promessa, da prefiguração, da preparação da profecia e o tempo do cumprimento, da realização, da salvação já presente.
Os principais actores ou agentes de evangelização, no livro dos Actos dos Apóstolos, são o Espírito Santo, com o Pentecostes, e os Doze Apóstolos, enviados por Jesus como suas testemunhas. Dentre estes, sobressai Pedro, o primeiro, e Paulo que embora não pertencendo á lista dos doze é chamado « Apóstolo». A figura de Pedro domina a primeira parte do livro (1,12-15,12); a de Paulo, a segunda (15,13-28,31).
O anúncio da Boa Nova parte de Jerusalém, passando depois á Samaria e Judeia, á Fenícia, Chipre e Síria, para através da Ásia Menor e da Grécia, chegar a Roma.
A comunidade primitiva de Jerusalém, tinha diversas Igrejas: escuta assídua do ensinamento dos Apóstolos, comunhão fraterna e solidariedade, participação na fracção do pão e nas orações.

Actos

Os Actos dos Apóstolos são uma obra de 28 capítulos que se dividem em duas grandes partes. A primeira parte, que pode ser chamada “Actos de Pedro” (1-12) está essencialmente ligada às actividades missionário e no testemunho de fé do primeiro núcleo dos membros da “nova seita” que vem de nascer, isto, a Igreja (5,11). Aqui, a figura de Pedro surge como uma dos principais protagonistas, com a missão de pregar a Palavra de Deus, em Nome do Senhor ressuscitado, movido pelo seu Espírito Santo, recebido no dia de Pentecostes. Isso não será uma obra fácil, sobretudo depois da perseguição desencadeada no dia seguinte do martírio de Estêvão. A Segunda parte, considerada como “Actos de Paulo” (13-28) está marcada pela figura do Apóstolo Paulo e suas viagens missionárias. Paulo que, antes da sua conversão era considerado como o principal inimigo da “nova seita” nascente transforma-se em instrumento pela causa do Evangelho depois do seu encontro com o Senhor ressuscitado no caminho de Damasco (9,1-18). A narração dos Actos dos Apóstolos culmina-se no capítulo 15 onde o autor apresenta a controvérsia ao torno da Lei de Moisés. Nesta narrativa se mostra como a porta da fé nascente aberta ao gentios, sobretudo pela missão de Paulo, corria o risco de se fechar de novo, no confronto com as exigências dos circuncisos ou cristãos judaizantes. Apesar das dificuldades o cristianismo chegou à capital do Império, Roma.

UM PLANO DOS ACTOS DOS APÓSTOLOS

1. Das Origens em Jerusalém ao Concílio em Jerusalém (1,1-5,35)
Jesus, novo Elias, reagrupa os seus discípulos e prepara-os para para receberem o seu Espírito, a fim de continuarem a sua missão (Ascensão): 1,1-11
1.1. A Comunidade de Jerusalém (1,12-5,42)
- Eleição de Matias, para substituir Judas e serem Doze: 1,12-26
Pentecostes e Discurso de Pedro: 2,1-41
1º resumo sobre a vida em Comunidade.
- A oração: 2,42-47.
- Cura realizada por Pedro e discurso: 3,1-26
- Prisão de Pedro e João e discurso: 4,1-22
- Uma oração comunitária: 4,23-31
2º resumo sobre a vida em Comunidade.
- A partilha: 4,32-35
- Põe tudo em comum. Barnabé: 4,36-37
- O pecado "original" da comunidade: Ananias e Safira: 5,1-11
3º resumo sobre a vida em Comunidade.
- Os milagres: 5,12-16
- Prisão dos Apóstolos e discurso de Pedro: 5, 17-41
Conclusão: os Apóstolos anunciam a Boa-Nova: 5,42
1.2. a Caminho de Uma Igreja Mais Aberta
Actividade Missionária dos Helenistas
- Os Sete. Discurso e morte de Estêvão: 6,1-7,60
- Saulo aprova a morte de Estêvão: 8,1
- Perseguidos, os Discípulos pregam fora de Jerusalém: 8,1-4
- Filipe prega na Samaria: 8,5-25
- Filipe baptiza um pagão, que se torna judeu: 8,26-40
- Vocação de Paulo. Este prega em Damasco e Jerusalém: 9,1-31
Actividade Missionária de Pedro
- Dois milagres de Pedro: 3,1-11; 9,31-43
- Pedro baptiza Cornélio, pagão próximo do Judaísmo
- Discurso. 10,1-11,18
Actividade Missionária da Igreja de Antioquia
- É fundada pelos Helenistas: 11,19-26 ( O capítulo 11,19 retoma o relato deixado em 8,4).
- Envio de Barnabé e paulo em missão à Asia Menor: 13-14
"Deus abre aos pagãos a porta fa fé"
1ª Missão de Paulo
- Intermédio: Pedro é preso; Tiago (designado o Maior) é morto: 12
- Paulo, no regresso da missão, é enviado com auxílios á Igreja de Jerusalém: 11, 27-30 e 15, 3-4.
- O Concílio: o relato de Paulo levanta o problema: pode alguém tornar-se cristão sem antes se tornar judeu? 15,5-11
- Assembleia restrita sobre um problema prático de coabtação entre cristãos de origem judaica e de origem pagã; Tiago (desigano o Menor): 15,13-35
2.Paulo Leva a Boa-Nova até Roma (15, 36-28, 31)
2ª Missão de Paulo (de 50-52)
- De Antioquia a Tróade e Atenas: 15, 6-18,23
- Permanece um ano e meio em Corinto, de onde escreve aos Tessalonicenses
3º Missão de Paulo (de 52-58)
- Permanece mais de dois anos em Éfeso, de onde escreve ao Coríntios, aos Gálatase, sem dúvida, aos Filipenses (18,24-20,38) e mais tarde em Corinto (por volta de 57-58), escreve aos Romanos.
Paulo sobe a Jerusalém, onde e feito prisioneiro; passa dois anos numa prisão em Cesareia, (de 58-60): 21-26
Paulo é conduzido a Roma, para ser julgado: 27,2-28,31
- Fica prisioneiro durante dois anos,(de 61-63).
- Ele proclama o Reino de Deus e o Senhor Jesus com o maior desassombro e libremente.
- Escreve aos Colossemses, a Filémon e aos Efésios.

Os Actos dos Apóstolos em 2, 3 minutos!

Actos dos Apóstolos, o Livro que narra a história dos primeiros tempos da Igreja, desde a ascensão de Jesus até à ida de Paulo para Roma, como prisioneiro. Conta como é que a Igreja progressivamente se foi afirmando e crescendo num espaço que não era seu. Relata como é que os discípulos iam anunciando a Palavra de Deus tanto aos Judeus como aos Gentios. Nesta narração muitos são os nomes de cidades e pessoas que figuram nas peripécias que envolvem o testemunho dos que em nome de Cristo anunciam a Sua salvação. Muitos convertem-se, outros tantos recusam aderir à Igreja de Cristo (o Caminho, a seita que se funda na Ressurreição de Jesus).
Como que num duplo movimento, onde Pedro e Paulo são as figuras de destaque, a narração vai crescendo no seu progressivo desenvolvimento de anúncio, onde a Palavra é guia e instrumento. Discursos, baptismos, curas, martírios, ressurreições, confrontos, prisões com libertações miraculosas, pregações, orações, visões constituem a narração que revela a acção do Espírito Santo e a Palavra de Deus a tornarem-se vida e carne nas primeiras comunidades.

Actos dos Apóstolos

O Actos dos Apóstolos é a continuação do Evangelho de Lucas. Ambos formam um ponto de vista teológico lucano sobre as origens do cristianismo. Enquanto que o Evangelho apresenta o caminho de Jesus, o livro dos Actos apresenta o caminho da Igreja e dos discípulos de Jesus bem como a sua intensa vida missionária de Jerusalém a Roma. Podemos dizer que este livro é também o Evangelho do Espírito porque se conta que o Espírito Santo prometido por Jesus, faz nascer a comunidade cristã e a impulsiona para o testemunho e para o anúncio da Palavra e até para o martírio.
O livro divide-se em duas grandes partes: os Actos de Pedro (1-12) e os Actos de Paulo (13-28), se bem que nao seja assim tão linear. Ao falar destas personagens, o narrador não quer destacá-los nem fazer uma hagiografia, mas apenas dar realce à acção salvadora e anunciadora da Palavra de Deus e do Seu Espírito na Igreja primitiva e no seio do Império Romano.
Um dos pontos fundamentais na trama literária dos Actos dos Apóstolos é a passagem do judaísmo para o cristianismo: os primeiros cristãos, que eram judeus, deviam dar um salto de convicção da salvação pela Lei para a salvação pela fé em Jesus Cristo.

Os Actos dos Apóstolos

Os Actos dos Apóstolos são um relato extraordinário sobre as origens da comunidade cristã nos tempos apostólicos. Não é por isso de estranhar que todo o livro esteja repleto de personagens e lugares que marcaram a formação e o crescimento desta comunidade cristã primeira. De todas estas personagens há sem dúvida o destacar de duas: Pedro e Paulo. É neste sentido que o livro segue como que dois momentos.
Num primeiro momento temos a vida das primeiras comunidades que surgiram à volta e sob a figura de Pedro. Os lugares relatados são essencialmente lugares ligados à vida judaica e em torno de Jerusalém, revelando que não houve desde logo um afastamento da cidade donde tudo começou. Este período é marcado pelos milagres constantes que acompanham a pregação e pelos primeiros martírios.
Num segundo momento surge a figura de Paulo (Saulo) que de perseguidor feroz se converte em exímio pregador do Evangelho. A sua missão caracteriza-se essencialmente por um afastamento do mundo judaico e uma aproximação ao mundo pagão, com a sua adaptação de conceitos judaicos a este mundo, e por um crescimento enorme de comunidades cristãs.
Os Actos dos Apóstolos mostram-nos ainda a disposição dos primeiros cristãos em serem fiéis seguidores de Cristo, sendo o martírio a forma de seguimento mais perfeita. Daí que os relatos de martírios não deixem de estar presentes, bem como o ideal de vida cristã onde tudo era comum a todos.
Os Actos dos Apóstolos relatam o prolongamento da obra de Cristo levada a cabo pelos Apóstolos, que agora percebem o verdadeiro alcance das palavras de Cristo.

Conteúdo dos Actos dos Apóstolos

Os Actos dos Apóstolos continuam a história revelada pelos Evangelhos. Partem de momento de Ascensão e de Pentecostes e narram a expansão da comunidade cristão no terreno de Império Romano. A frase que reflecte muito bem a essência do livro é:

Mas recebereis a virtude do Espírito Santo, que há de vir sobre vós; e ser-me-eis testemunhas, tanto em Jerusalém como em toda a Judeia e Samaria, e até aos confins da terra. (Act 1,8)

Introdução: Espera do Espírito Santo 1
Ascensão de Jesus 1,1-11
Os Apóstolos aceitam mais um apóstolo 1,12-26

I parte: Evangelização de Jerusalém 2,1-8,3
Pentecostes 2,1-42
A vida da Igreja primitiva 2,43-47
Testemunho de Pedro e João 3,1-4,31
A vida da Igreja primitiva 4,32-6,7
Prisão, julgamento e apedrejamento de Estêvão 6,8-8,3

II parte: Expansão da evangelização na Palestina 8,4-9,31
Evangelho na Samaria 8,5-25
Filipe e o eunuco de Etiópia 8,26-40
Conversão de Saulo e o contacto com as cabeças da Igreja 9

III parte: Pedro começa a missão entre os pagãos 9,32-12,34
Pedro em Lyda e Jafa 9,32-43
A visão de Pedro e as suas consequências 10,1-11,18
Os cristãos em Antioquia 11,19-30
Herodes persegue os cristãos 12,1-24

IV parte: Paulo evangeliza no terreno do Império Romano 13-28
Primeira viagem: Paulo e Barnabé 13-14
Concilio de Jerusalém 15,1-35
Segunda viagem: Paulo, Silas, Timóteo 15,36-18,23
Terceira viagem: Paulo (e Lucas?) 18,24-21,16
Paulo preso em Jerusalém e em Cesreia 21,17- 26,32
Viagem de Paulo para Roma 27,1-28,15
Paulo em Roma 28, 16-31

Actos em 1 minuto

O Livro dos Actos é a história da difusão do Evangelho de Jerusalém à Judeia, depois a Samaria e por fim até às partes mais remotas do mundo que era então conhecido.
Enquanto que no Evangelho Lucas narrou a vida de Jesus e a instituição do cristianismo mediante a sua morte e ressurreição, neste Livro o autor retoma a história desde a ascensão de Jesus ao céu, continuando com a difusão da Boa Nova de Jerusalém até Roma.
Numa primeira parte desta obra a mensagem que o autor deixa radica no Antigo Testamento, sobretudo porque a pregação tem como objecto os hebreus, dando grande relevo à morte e ressurreição de Jesus. O Pentecostes é o cumprimento das Páscoa de Cristo e cheios do Espírito Santo os Apóstolos começam a anunciar as grandes obras de Deus.
Pelos Actos é-nos dada a conhecer a vida das primeiras comunidades que se caracterizava por uma vida de oração e de comunhão de bens, administração dos sacramentos e celebração da Eucaristia.
Pedro aparece como o chefe e porta-voz de todos os outros apóstolos, dando origem à Igreja de Jerusalém, mas a sua acção encontra o seu momento culminante quando admite ao Baptismo Cornélio, pagão e centurião romano, sem no entanto obrigá-lo a abraçar a lei mosaica.
Com este gesto estabeleceu-se o princípio da liberdade da pregação feita directamente aos pagãos, o que irá ser depois continuado por Paulo, através de terras distantes.


Actos dos apóstolos


A obra dos actos dos apóstolos, constituída por 28 capítulos, começa com um prólogo mencionando a última aparição e ascensão de Jesus. Em seguida é apresentada a comunidade de Jerusalém e a eleição de Matias para substituir judas. Segue o pentecostes e o relato da actividade missionária da Igreja de Jerusalém, dirigido por Pedro, e a dos helenistas. Depois de serem contadas algumas premissas que explicam a missão universal como a conversão de Saulo, a conversão dos gentios e a fundação da igreja de Antioquia, o relato centra-se no experiência missionária pelo o mundo gentio sendo agora o personagem central Paulo, terminando a narração com a chegada deste, prisioneiro, a Roma.

Imagem: Ícone bizantino de Pedro e Paulo

“A Palavra de Deus ia-se espalhando cada vez mais” (Act 6,7a)

O livro dos Actos dos Apóstolos surge-nos como uma espécie de “observatório” daquilo que é o cristianismo em formação, sobretudo na sua ruptura com o judaísmo sinagogal e progressiva aproximação ao mundo helénico. É nesta perspectiva dinâmica que os Actos nos apresentam a “história” da construção e do crescimento da identidade cristã, sob a forma de apologia e fecundada pela Palavra de Deus - actor principal do drama da Salvação no livro dos Actos.
Para concretizar estes princípios orientadores da narrativa de Actos o autor serve-se de artifícios literários, espaços e personagens articulados numa estrutura bem delimitada. Deste modo, o ponto de partida desta “história das origens cristãs” é a Ascensão do Senhor. O grupo dos apóstolos, S. Paulo e seus companheiros de viagem, enquanto testemunhas da Palavra e dirigidos pelo Espírito Santo, serão o rosto principal da expansão do cristianismo que, de uma maneira geral, é-nos apresentada em 4 etapas: a) A Igreja em Jerusalém (Act 1,12-6,7); b) A Igreja fora de Jerusalém (Act 6,8-12,25); c) As 3 missões de S. Paulo (1ª - 13,1-14,28; 2ª - 15,35 -18,22; 3ª - 18,23 – 21,26); d) Prisão de S. Paulo (Act 21,27 – 28,31).
É desta forma que a comunidade eclesial se vai definindo como creatura verbi, pois os cristãos são aqueles que aderem à Palavra que é anunciada, a Palavra de Deus...

11/03/2007

Resumo do livro dos Actos dos Apóstolos

Esta obra apresenta-nos os primeiros passos da comunidade cristã e o modo como o Espírito Santo actua nela. Por isso mesmo, desde sempre a Igreja viu neste texto um bom guia de orientação e um bom exemplo daquilo que deve ser a vida das comunidades cristãs e de cada cristão em particular: escuta da palavra; pregação dessa mesma palavra; dar a vida por ela, por Jesus Ressuscitado.Podemos dividir o livro dos Actos dos Apóstolos em duas grandes partes, sendo que na primeira se evidenciam mais os “Actos de Pedro” e na segunda os “Actos de Paulo”, isto claro sem querer ser restrito porque cada uma delas está dividida em várias secções referidas a outros temas.
Assim, os Actos descrevem quer o espaço humano quer o espaço geográfico em que o anúncio da Boa-Nova de Jesus, após a sua ressurreição, se desenvolve. Esta Boa-Nova destina-se a todos os povos. É desta forma que se dá a passagem do anúncio apenas dentro do mundo judaico para o mundo pagão. Este, constitui, aliás, um dos temas principais deste livro.

Os Actos dos Apóstolos em poucas linhas…

Depois da ascensão de Jesus os discípulos elegem Matias para ocupar o lugar deixado por Judas no grupo dos doze. Mas o que marca o início da pregação apostólica é a descida do Espírito Santo acontecimento que leva ao discurso de Pedro diante dos Judeus e o que faz que muitos se convertam.
Mas o anúncio do evangelho começou a causar descontentamento em Jerusalém, de tal forma que aqueles que aderiam à palavra de Cristo eram olhados como inimigos da lei e eram perseguidos, como aconteceu com Estêvão que foi apedrejado até à morte. Diante desta instabilidade muitos afastaram-se de Jerusalém e começaram a anunciar o Evangelho noutras terras.
Como o evangelho se havia propagado para lá de Jerusalém, a perseguição também vai acompanhar esse movimento. É assim que acontece a conversão de Paulo, quando se dirigia para Damasco é surpreendido por uma luz na qual ele houve Jesus que lhe fala. Este acontecimento marca a conversão de Paulo e o início da sua missionação.
Depois da evangelização de Pedro para lá dos muros de Jerusalém tomamos conhecimento do anúncio de Paulo que está marcado especialmente por três viagens missionárias, pelas quais ele leva o evangelho até aos gentios.
É o anúncio do evangelho que leva a que Paulo seja preso. Por motivo desta prisão chega até Roma onde também é evangelizador.

Os Actos dos Apóstolos

Contam-nos a história de uma identidade cristã, que nasce da afirmação do judaísmo, mas que acaba por romper com ele: o ser Cristão é uma decisão pessoal, que não depende da cultura, raça ou condição social!
Nos Actos dos Apóstolos Deus continua a revelar-se através daqueles que testemunham a vida de Jesus; falam-nos de alguns apóstolos e alguns colaboradores: Pedro, João, Estevão, Filipe, Paulo, Barnabé, Silas, João Marcos, Priscila e Áquila,... Continuam a falar às multidões e a fazer milagres!
Se Pedro e os apóstolos têm um grande protagonismo no início do Livro dos Actos, lentamente vão perdê-lo para Paulo e seus colaboradores, mostrando o caminho que o cristianismo vai percorrendo rompendo com o judaísmo.
Impressiona-me que Paulo, nas suas Cartas, faz constante apelo para o ser apóstolo de Jesus Cristo e que nos Actos dos Apóstolos nem uma única vez seja chamado de Apóstolo. Em contrapartida, é-lhe dado grande relevo e por três vezes é contada a história da sua vocação (9, 22 e 26). Tudo isto é revelador da vitalidade e impulso que Paulo deu ao cristianismo a partir do seu encontro com Cristo.

duas palavras sobre os actos dos apostolos

resumir os actos dos Apóstolos é certamente uma obra complexa e ao mesmo tempo fascinante e ambiciosa. Numa palavra podemos dizer que este livro apresenta o desenvolvimento do chamado cristianismo após a Ascensão do Senhor. Trate-se no fundo do anuncio dos feitos e ditos do Senhor, ou seja da boa nova do reino de Deus anunciado que tem como destinatário os judeus e os pagãos, todos os homens. Nesta missionação, destaca se a actividade de Paulo, o desenvolvimento da comunidade de Jerusalém e sobretudo todas as questões e problemáticas que sobressaem ligadas a este anuncio e a adesão dos pagãos a mensagem cristã. É interessante reparar que apesar de todo a comunidade dos crentes vai crescendo, e a boa nova se vai difundindo no império romano. O livro dos Actos dos Apóstolos mostra um cristianismo que se organiza e se estrutura progressivamente neste confronto com o ambiente em que ele nasceu. Pedro desempenha um papel fundamental de liderança mas tudo o grupo dos doze se implica totalmente nesta missão. Assim podemos tocar e perceber como foi preciso este confronto entre a mensagem cristã e o mundo envolvente para dar mais segurança e mais confiança as gerações futuras na própria vivência da fé.
jean paul labou

Os Actos dos Apóstolos

Tudo começou no dia da Ascensão. Depois da morte e da ressurreição de Jesus, elevou-se ao céu à vista dos Apóstolos e prometeu-lhes o Espírito Santo. Aos Apóstolos foi-lhes concedido a missão de testemunhar o ressuscitado e o Seu Evangelho “em Jerusalém, Judeia, Samaria e até aos confins do mundo”. Inicia-se, então, a “actividade missionária”em Jerusalém. Os primórdios da Igreja centraram-se nesta cidade e a partir daqui se espalhou a outros lugares. Reconstituiu-se o grupo dos Doze com a eleição de Matias, a substituir Judas Iscariotes. Realiza-se a promessa da vinda do Espírito Santo no dia de Pentecostes, e com isto, a Boa-Nova de Jesus começou a difundir-se por toda a parte. O testemunho e os discursos de Pedro foram importantes para as primeiras conversões. Aqui a Palavra é acompanhada de sinais.
O testemunho dos Apóstolos acerca de Jesus de Nazaré como verdadeiro Messias começou a espalhar-se fora de Jerusalém. O martírio de Estêvão, um dos Sete, foi um grande testemunho para a comunidade. Saulo apareceu como perseguidor da Igreja. Mas a partir da experiência no caminho para Damasco tornou-se testemunho emblemático de Jesus ressuscitado. Filipe, Pedro e João começaram a evangelizar na Samaria. Este anúncio foi acompanhado por actos milagrosos, visões, discursos, baptismos e fundações das primeiras comunidades em Antioquia, até a execução de Tiago e a prisão de Pedro pelo rei Herodes. Paulo iniciou as suas viagens missionárias. Este, em companhia de Barnabé, levaram a Boa-Nova de Jesus a outras paragens e testemunharam que Jesus era verdadeiramente o Messias, o filho de Deus. Esta missão passou-se pelo Chipre, Ásia Menor, Antioquia da Pisídia, Icónio e Listra. Esta viagem terminou com uma controvérsia acerca da Lei de Moisés, no que diz respeito à circuncisão dos pagãos que abraçavam a fé. Por esta razão, realizou-se uma reunião dos Apóstolos e dos Anciãos de Jerusalém para examinarem o caso. O resultado desta reunião foi que aos pagãos que abraçaram a fé não se impuseram outras obrigações além de abstinência de carnes imoladas a ídolos, de sangue, de carnes sufocadas e de imoralidade. A outra viagem iniciou-se com o desacordo entre Paulo e Barnabé. Daí, na viagem Paulo é acompanhado por Silas. Estes dois passaram por Macedónia, Filipos, Tessalónica, Bereia, Atenas e Corinto. Esta missão é acompanhada de conversões mas também não faltaram os que contrariam o seu testemunho. A missão continua. Estes foram a Éfeso, atravessando a Macedónia e a Grécia, continuando a Mileto, Tiro e Cesareia, antes de chegarem a Jerusalém. A partir daqui, começou a perseguição de Paulo por parte dos judeus. Estes acusaram-no de pregar contra o povo, contra a Lei e a profanar o templo. Paulo vai enfrentar muitas acusações e interrogações do Sinédrio, até ao ponto de sofrer o martírio. O processo prolongou-se até César. A viagem de cativeiro até Roma gerou grandes sofrimentos por causa da tempestade e naufrágio. Mas, Paulo chegou, finalmente, a Roma e testemunhou, perante os judeus desta cidade, A Boa Nova de Jesus.