31/03/2007
A FAMÍLIA E OS AMIGOS DE CORNÉLIO
Desenvolvimento
Lugar geográfico: Cesaréia, formosa cidade portuária helenista, situada a cerca de 48 km de Jope, foi capital da Palestina durante 600 anos. Construída por Herodes o Grande em 37-34 a.C., a partir do ano 6 d.C. foi lugar dos quartéis gerais dos centuriões romanos, inclusive Póncio Pilatos (26-36 d. C.), quando começaram a governar a Judeia. Ora, segundo Act 10,1, Cornélio era centurião da corte chamada «italiana». Contudo, isto parece um anacronismo, uma vez que o primeiro testemunho que temos da «corte italiana» é de Síria (69 d.C.), e não há provas de que houvesse um destacamento romano em Cesaréia antes da morte de Agripa I (44 d.C.).
Cf. Raymond E. Brown, Josef A. Fitzmeyer, Roland E. Murphy (eds.), Nuevo Comentário Bíblico San Jerónimo. Nuevo Testamento, Verbo Divino, Navarra, 2004, p.238.
Lugar teológico: os capítulos 10-11 de Act representam o ponto de viragem para a legitimação da Igreja pagão-cristã. Se em Act 9 se narra a conversão de Paulo, aqui aparece a conversão de Pedro: na visão de Act 10, 9-16, precedida pela visão de Cornélio (Act 10, 1-8), Pedro é chamado a acreditar no inacreditável, a saber, que a mesma experiência do Pentecostes no Cenáculo (Act 2, 1-13), e portanto em ambiente judaico, dá-se também em casa de pagãos (Act 10,44-48). Pedro é chamado a fazer uma leitura da realidade: «Ora, apenas começara eu a falar, caiu o Espírito Santo sobre eles, assim como nós no princípio. Lembrei-me então desta palavra do Senhor: ‘João, na verdade, baptizou com água, mas vós sereis baptizados com o Espírito Santo’. Portanto, se Deus lhes concedeu o mesmo dom que a nós, que cremos no Senhor Jesus Cristo, quem seria eu para poder impedir a Deus de agir?» (Act 11, 15-17).
A Família romana: organizava-se à volta da figura do Paterfamilias, cuja pátria potestas ou dominium exercida na domus caracterizava-se pelo exercício de um poder absoluto não só sobre os filhos, mas também sobre os servos e os outros que habitavam com ele, segundo o conceito alargado que caracteriza a família romana. Trata-se portanto de um dominium não de ordem biológica mas sim jurídica. O seu papel era o de garantir a tradição dos antepassados preparando o jovem para a vida pública. Igualmente estava investido no ministério sacerdotal, em relação à religião familiar, pertencendo-lhe oferecer sacrifícios aos Lares e aos antepassados (Penates). [Cf. J. Geraldes Freire, «Pater famílias», in Enciclopédia Verbo Luso-Brasilera de Cultura, Editorial Verbo, Lisboa - São Paulo, 2002, volume 22, p. 358]. Afirma Plínio Jovem: «Segundo uma tradição antiga, devíamos aprender com os olhos e com os ouvidos os costumes que, por sua vez, deviam tornar-se nossos e que nós devíamos transmitir aos descendentes... Cada um tinha no seu pai um mestre e, se não tivesse pai, podia encontrar um pai no mais prestigiado e ancião dos senadores» (Ep. VII, 14, 4-5).
Desta forma, poderia avançar com uma conclusão: se em Act 10,44 afirma-se que «o Espírito Santo caiu sobre todos os que ouviam a Palavra», onde por «todos» se entende exactamente os que estavam em casa de Cornélio, então a conversão dos familiares e amigos de Cornélio passa pela sua conversão pessoal. Isto que dizer que, sendo ele o Paterfamilias, a sua adesão ao cristianismo implica a dos seus familiares, sobre os quais também caiu o Espírito.
A novidade do cristianismo
Entre os judeus, para que haja assembleia e celebração na sinagoga são necessários dez homens. Se o cristianismo começou por ser a afirmação do Judaísmo, depressa rompeu com ele: em vez da sinagoga temos a casa de Lídia; em vez da exigência de dez homens temos pessoas em sintonia com o que Jesus disse: “Onde dois ou três estiverem reunidos em meu nome...” (Mt.18,20); em vez de uma assembleia só de homens temos uma assembleia de iguais; em vez de uma assembleia dependente da raça temos uma comunidade de irmãos, pois Lídia era pagã e acolhe judeus em sua casa.
Grande é a novidade e o desafio que o cristianismo transporta consigo: Jesus Cristo e a sua Boa Nova!
Paulo expulsa o espírito pitónico
Lucas relata-nos a existência de uma escrava que possuía dos deuses um poder adivinhador e que é interpretado no relato lucano como poder demoníaco. Veja-se que as palavras que Paulo dirige à mulher são típicas dos exorcismos de Jesus. Em Lc 4, 34 Jesus expulsa um demónio de um homem na sinagoga de Cafarnaum. O demónio que Jesus expulsa sabia quem Ele era, tal como o sabia o espírito pitónico da mulher, que se torna também “apóstolo” dos gentios ao afirmar “que estes homens vos aunciam o caminho da salvação”. Paulo expulsa o espírito «no nome de Jesus». Como já vimos nas aulas, os milagres e prodígios são sempre feitos no nome de Jesus, e não por nenhum poder especial dos apóstolos ou de algum espírito que os “possuísse”, como era tão do agrado daquelas culturas dadas à superstição.
Esta expulsão demoníaca leva à falência os amos desta escrava. Como já vimos no post anterior a importância económica que tinham os oráculos na cultura grega era enorme pelas taxas que implicavam, pelo material que era necessário comprar, pelos tesouros que eram oferecidos, etc. São estes amos falidos que se vão queixar de Paulo e Silas às autoridades romanas, acusando-os de destabilizadores da ordem social romana. Esta queixa leva Paulo e Silas à prisão por uma noite, depois de terem sido indevidamente açoitados, por serem cidadãos romanos. No dia seguinte quando tiveram conhecimento disto, as autoridades pediram-lhes desculpa e rogaram-lhes que saíssem da cidade.
O espírito pitónico
“Espírito pitónico” é um termo que se refere à Pitia, Sibila ou Pitonisa, profetiza que em Delfos consultava Apolo, o primeiro dos deuses adivinhatórios, no templo a ele dedicado. Tudo isto porque em Delfos Apolo venceu a serpente Piton (daí o seu cognome “pítio”). Nesta cidade instalou Apolo estes oráculos, que se tornaram famosos. Estes podiam revelar o destino, mas não o podiam mudar; segundo a concepção grega os deuses, através dos oráculos, podiam retardá-lo, mas sobretudo pressenti-lo e comunicá-lo de forma velada aos mortais. Até um discípulo de Sócrates (o filósofo) consultou o oráculo de Delfos que lhe revelou que o seu mestre era o mais sábio de todos os homens. Foi a partir deste oráculo que Sócrates começou a ensinar.
Os oráculos eram muitas vezes dados não em visões mas em transes e êxtases, ou “en-theo-siamos”. Foi talvez o “entusiasmo” da escrava de Actos 16 que enfadou Paulo!
Para os consultar, era preciso pagar taxas e muitas vezes realizar sacrifícios. Aqueles a quem os oráculos favoreciam também ofereciam muitos tesouros. Daí vem a grande prosperidade económica que se gerou à volta do santuário oracular de Delfos e que favorecia os seus mais directos responsáveis.
O mundo de Prisca e Áquila: Roma, Corinto e Éfeso
(Robbins, Vernon K., “The social location of the implied author of Luke – Acts” in Neyrey, Jerome H., editor, The social world of Luke – Acts, Models for interpretation.)
30/03/2007
Figura escolhida
Gamaliel
Act 5,34. Mas, levantando-se no conselho um certo fariseu, chamado Gamaliel, doutor da Lei, venerado por todos o povo, mandou por um pouco levassem para fora os apóstolos;
Gamaliel era um homem, fariseu, com posição notável no conselho, o que significa seguramente que foi um judeu estudioso com grande reputação em Jerusalém, que para além da sua intervenção e tomada de posição, neste caso pontual, (Act 5,34), também foi o educador de S. Paulo, o apóstolo. (Cf. Act 22,3).
Mudança de Personagem: Bar-Jesus
Actos dos Apostolos
O autor dirige um relato à um amigo de Deus, onde acentua a Ascensão do Senhor Jesus e a acção do Espírito Santo sobre os apóstolos antes das missa.
Na primeira parte do Cap. 1 A ascensão do Senhor Jesus: os apóstolos, esperavam uma restauração temporal do reino.
O grupo dos (11) mantinha-se junto à Maria mãe de Jesus, ao qual se tinha juntado mais algumas pessoas que abraçaram a fé. De entre estes escolheu-se um para completar o grupo em substituição do lugar que judas deixou.
O dia de Pentecostes que dá o início da missão, uma vez que a acção do Espírito Santo fez com que os presentes recebessem o dom de falar cada um uma língua que cada estrangeiro pudesse escutar a Boa Nova na sua língua de Origem. É a Igreja em movimento.
Pedro à cabeça do grupo dos apóstolos anuncia o Keigma ás multidões: muitos dos presentes, interpelados pela Palavra, reconheceram-se pecadores, abraçaram a fé e proferiram mudar de vida. Começam-se a formar as primeiras comunidades, que vivia unidos em tudo, na oração assim coam partilha dos bens. Surgem assim sinais e prodígios. Os apóstolos são perseguidos, presos, açoitados, assim como as libertações miraculosas. O martírio de Estêvão, um dos sete (7) eleitos mais tarde, os cristãos sã perseguidos com maior fúria, o que dá origem a uma expansão do cristianismo pelo mundo fora, convertendo judeus e gentios: ressaltando o Baptismo do eunuco Etíope. A evangelização aos Samaritanos por Filipe, a conversão de Saulo, que é Paulo cristãos. Contudo que acaba por ser um dos impulsionadores da evangelização nas territórios onde ela perseguia os, também aparecem infiltrados que anunciam que a conversão passa não só pelo baptismo mas pela circuncisão o que veio a provocar cisões no seio dos apóstolos em Jerusalém e em Antioquia. Para resolução destes conflitos surgem os Concílios de Jerusalém que unem os cristãos, dando origem a duas frentes de evangelização. Uma para os judeus tendo à cabeça Pedro e outra para os gentios com Paulo e Barnabé. A expansão do cristianismo deu origem a viagens por terra e por mar, com todos os riscos.
O autor dos Actos relata a prisão de Paulo, como a prisão de Jesus, isto é, com o povo a determinar o fim do apóstolo, como aconteceu com Jesus.
A V parte que narra o fim das missões de S. Paulo, a suas viagens e em particular como é narrado as viagens realizadas até Roma, há um “NÒS” que convida o leitor a participar na viagem pois ela está cheia de muitos permenores em relação aos acntecimentos: como o barco que encalha e começa a afundar lentamente dando a oportunidade aos viagentes de se salvarem, até mesmo aqueles que n~qo sabem nadar.
António Barbosa Rodrigues: aluno nº 110100075.
27/03/2007
DEMÉTRIO: lá se vai o lucro... ( Act 19, 23 ss)
[1]
Ártemis era uma deusa grega , filha de Zeus e Leto, irmã gêmea de Apolo, o deus sol, e considerada uma divindade lunar, retratada como uma destemida virgem caçadora...
João Marcos: auxiliar e colaborador de Missão na Igreja nascente
Introdução: Será o protagonismo uma questão estatística?
Porém, sobra nesta abordagem o carácter insólito que nem a conveniência do filão dramático pode abafar que é o da complexidade da vida que as letras rabiscam. Com efeito, se uma narração discrimina as suas personagens não apenas nominalmente mas, e sobretudo, na infame acepção das gentes por que umas emergem como empolados cavalheiros de nobres roupagens e não menos altaneiras vontades, ao passo que outras, indigentes duma adjectivante simpatia, surgem rudes, disformes, moribundos de papel, não pode a imaginação ser cúmplice ao ponto de não discorrer que nenhum protagonista o seria se no parágrafo seguinte não saltasse uma mó espumando fealdade e fúria e ódio tais que àquele não restaria senão uma qualquer heroicidade que o fizesse notório o bastante para merecer do leitor o esforço de erguer o sobrolho de espanto.
O que, quanto a nós, distingue radicalmente um dos demais prende-se com a sua capacidade de, entre os protagonismos que as vidas várias necessariamente comportam (já que tanto o dito nobre cavaleiro de nobres vontades como as gentes que refilam a sua plana descrição comungam, na narração como na respiração, dessa incontornável exigência de existirem nominalmente, i. é, de serem tais, pessoalmente, não obstante a proliferação ou míngua de caracteres; enfim, todos somos protagonistas do cenário de pele e osso que nos toca), estabelecer com cada um uma qualquer relação (de asco ou apreço), como se fora pedra de tropeço dos muitos viandantes da história [cf. Daniel Marguerat, Yvan Bourquin, Cómo leer los relatos bíblicos, Iniciación al análisis narrativo, Santander, Sal Terrae, 2000, pp. 95-102].
Para exemplificar quanto vamos aqui dizendo, apresentamos dois casos narrativos consideravelmente diversos:
obra-prima do dramaturgo, romancista e
poeta irlandês Samuel Beckett (1906-1989),
vencedor do Prémio Nobel da Literatura em 1969.
Being John Malkovich (1999),
um artifice de fantoches descobre um portal no seu escritório que lhe permite entrar na mente e vida de John Malkovich durante 15
No primeiro caso, a personagem que convoca a atenção dos espectadores como das personagens é esse ilustre ausente, Godot. Curiosamente, se acaso a determinação do protagonismo dependesse da presença cronometrada, decerto poderíamos acusar Samuel Beckett de intrujice. Contudo, e sem que nos detenhamos nos meandros de tal enredo, basta-nos reter essa imagem fundamental do quanto a primazia do protagonismo cénico (senão mesmo existencial…) resulta não da exposição mas da evocação comum dessa mesma condição expectante.
Já no segundo, apercebemo-nos da explosão do protagonismo, quando todas as personagens papagueiam instrumentalmente o nome daquele primaz.
Com isto procurámos evidenciar, em jeito de aproximação introdutória, o quanto o exercício de destrinça do papel dos personagens é tarefa delicada, não confundível com uma (simplista?) leitura quantitativa.
Resumo dos Actos dos Apóstolos
26/03/2007
Extra-catálogo: o poder de outras palavras
A ESCRAVA QUE TINHA UM ESPÍRITO PITÓNICO
Espero assim dar mais espaço aos especialistas e demais estudantes que elegeram Cornélio como sua personagem de referência.
Por agora fica só a indicação… mais tarde apresentarei o estudo que tiver feito sobre esta escrava com a qual Paulo fica enfadado!
Paulo na companhia de Silas
Agripa respondeu a Paulo:"Por pouco não me persuades a fazer-me cristão" Act 26, 28
Parece que Lucas se serve também deste discurso de Paulo ante o Rei Agripa, para dar cumprimento ao que Deus diz a Ananias sobre Paulo aquando da conversão deste, em Act 9, 15: “Vai, pois esse homem é instrumento da minha escolha para levar o meu nome perante os pagãos, os reis e os filhos de Israel.” Como Paulo já tinha levado o nome de Jesus aos filhos de Israel e aos pagãos, faltava levá-lo a “reis”.
É fabuloso este discurso de Paulo perante Agripa, que começa como uma defesa sua, conta pela 3ª vez a sua conversão e termina como um testemunho missionário, que apresenta o Cristianismo como a plenitude das Escrituras.
Paulo dirige-se especialmente ao Rei porque sabe que ele é um judeu informado, que acredita nos Profetas e conhece a crença dos fariseus na ressurreição dos mortos.
Agripa II não parece ter aversão ao cristianismo, como seu pai, Agripa I.
E, como ele próprio diz, quase se converte. Mas mesmo que esteja a ser irónico, pelo menos converte-se a Paulo pois acaba afirmando juntamente com Festo que ele “nada fez que mereça a morte ou os grilhões”. E ainda: que ele poderia ser posto em liberdade, “se não tivesse apelado para César”.
Lucas quer levar Paulo até Roma, pois é essa a vontade de Deus, como ele mostra antes em Actos e para dar cumprimento ao que diz no início do Livro, de que o testemunho de Jesus chegará “até aos confins do mundo”.
25/03/2007
APOLO - BIBLIOTECA - SER PROFETA
O Rei Agripa II
É nesta altura também que Paulo se encontra preso por múltiplas acusações que lhe haviam feito os judeus em Jerusalém e que agora em Cesareia, às ordens de Festo, que já o tinha ouvido e que lhe havia proposto ser julgado em Jerusalém, o que Paulo recusou e, em consequência, apelou para César, aguardava ser enviado a César.
É interessante perguntar porque é que o narrador lucano faz aparecer esta personagem, que apesar de secundária, está presente em dois capítulos da sua obra?
Uma das respostas poderá ser a vontade de Lucas de criar um paralelo entre Jesus Cristo e Paulo. Assim como Jesus foi apresentado, no seu julgamento, ao Rei Herodes Antipas, Também Paulo, no seu julgamento é levado a ser ouvido perante este Rei judeu, Agripa II, que havia manifestado a Festo a vontade de o ouvir.
E como isto já está grande, deixo para cenas dos próximos capítulos…
Comentário aos Posts
O aleijado ou o Coxo de nascença ou o coxo desde o ventre materno.
Os Apóstolos depois de receber o Espírito Santo vão operar o seu primeiro milagre curando o aleijado colocado à porta Formosa. Não se sabe o nome do coxo aliás o relato não o mencionou. O não mencionar o nome do aleijado faz-nos pensar que o narrador de Lucas quis nos levar para além desta cura, isto é, para o Nome em que se curou este homem. O narrador lucano centra a sua atenção no nome de Jesus. Os Apóstolos João e Pedro pela voz de Pedro vão deixar claro que esta cura foi realizada no Nome do Santo, Justo, o príncipe da Vida. “ Pela fé no seu Nome, este homem que vedes e conheceis, recobrou as forças. Pela fé que dele nos que curou completamente este homem na vossa presença” Act3,16; portanto esta obra só se realizou através da fé que eles têm neste Nome. A cura pôs em destaque a fé dos apóstolos e ao mesmo tempo a consolidou. Ela (a cura) levou os Apóstolos a pregar com vivacidade e firmeza a Palavra fazendo elevar o número dos crentes a cinco mil. Este milagre está carregado de sentido. Em termo de lugar vamos assistir a uma deslocação, dum lugar de não culto para um lugar de culto, do impuro para o puro. Do fora de lugar para o Lugar (Templo) onde se vai louvar Deus. Deste modo, o primeiro milagre de Pedro e João vai se colocar na linha do universalismo do Reino de Deus.
«Estás louca!»
Rode era uma criada que servia na “casa de Maria, mãe de João, de sobrenome Marcos” (12,12). Reconheceu Pedro pela voz. Os fiéis reunidos em oração não só não acreditaram nela como ainda a acusaram de estar louca.
Compreende-se bem o cepticismo: uma pessoa que vai à porta, reconhece o visitante, fica em júbilo com a sua inesperada aparição, mas que em vez de o deixar entrar o mantém do lado de fora – ainda por cima sendo de noite – não pode, na verdade, jogar com o baralho todo. O próprio texto (na tradução da Difusora Bíblica) parece sugerir que a emoção lhe toldou o raciocínio: «Reconheceu a voz de Pedro e, com alegria, em vez de abrir, correu a anunciar..…» (v. 14).
Apesar da descrença generalizada, afirmou sem hesitação que não estava enganada.
A haver loucura era a dos crentes, que rezavam.