24/03/2007

O filho da irmã de Paulo (Act 23, 16)

O filho da irmã de Paulo é, com efeito uma figura, de tal modo secundária, que me tinha passado despercebida. Nem durante a leitura me dei conta que ele existia, só me apercebendo dele quando estava a escrever...e parei, dizendo para comigo: “Olha...o Paulo tem uma irmã, que tem um filho!”
Não é loucura, mas se tivesse tempo (essa coisa preciosa!), acho que me aventurava a tentar ler os Actos e as cartas de Paulo, com uma lupa à procura de familiares...uma genealogia de Paulo seria interessante! Bom, esqueçamos Paulo que é demasiado visível e vamos saber (ou não) quem será este sobrinho...
Sabemos que tudo isto se passa em Jerusalém, mas não há muitos elementos que nos digam algo deste jovem... judeu, provavelmente, seria e o facto de ter conhecimento da cilada que haviam preparado a Paulo, leva a crer que teria algum contacto com eles ou com alguém próximo...
Parece ter também confiança ou alguma relação com os centuriões, pois estando Paulo na condição de preso, estranha-me que o filho da irmã possa com todo o à vontade entrar na fortaleza, prevenir Paulo e ainda mais, por mandato deste ao centurião, ser conduzido ao tribuno. Não me passa também despercebido o modo como o tribuno o recebe, criando um espaço de maior reserva para escutar o que este jovem tem a dizer, dando crédito à sua mensagem.
O sobrinho da irmã de Paulo poderá ser, eventualmente, um daqueles convertidos ao nome de Jesus e que pertenciam à "Via". Um cristão que é, não direi anonimamente, mas de quem não se conhece muito da sua identidade, e que em alguma circunstância assume um papel que só a ele compete...e que comprometer-se ou não, fazer ou não fazer aquilo que tem de ser feito por ele, não é indiferente, nem de somenos importância mas antes, faz toda a diferença!

Quem conduziu a missão de Paulo para Filipos?

Por duas vezes o Espírito Santo impede de anunciarem a Palavra: Uma na Ásia (16,4) e outra na Bitínia (16,7). Descem a Trôade e aqui Paulo tem uma visão: Um convite a partir para a Macedónia (16,9-10). Partem imediatamente na certeza de que este é o projecto de Deus, para aí anunciarem a Boa Nova.

Trôade, Samotrácia, Neápolis e finalmente Filipos “cidade principal daquela região da Macedónia e também colónia romana” (16,12). Estamos perante a primeira visita, que se conhece, de missionários cristãos ao continente europeu. Foi aqui que passaram alguns dias e que Paulo conheceu Lídia e lhe anunciou a Palavra, nascendo a comunidade cristã em Filipos.

Em conclusão, é o Espírito Santo que conduz a Igreja, que fecha e abre caminhos segundo o projecto de Deus, que assiste a Igreja para que proclamem a Palavra com coragem e liberdade, sem medos!

22/03/2007

Félix e Drusila sua mulher

Para compreendermos estas duas personagens temos como referência o excerto Act 24, 24-27: “Uns dias depois, Félix apareceu acompanhado de Drusila, sua mulher, que era judia. Mandou chamar Paulo e ouviu-o falar acerca da fé em Cristo Jesus. E como estava a discorrer sobre a justiça, a continência e o julgamento futuro, Félix, dominado pela inquietação, respondeu: «Por agora, podes ir. Chamar-te-ei na primeira oportunidade.» Ao mesmo tempo, também esperava que Paulo lhe desse dinheiro. Por isso, mandava-o chamar frequentemente, para conversar com ele. Entretanto, decorreram dois anos e Félix teve como sucessor Pórcio Festo. Desejando cair nas boas graças dos judeus, Félix deixou Paulo na prisão.”
Estando Paulo preso, chega Félix (António Félix, irmão de Palas, ministro de Nero, procurador da Judeia de 52 a 59/60. Na verdade parece ter sido um governador violento) e sua mulher, Drusila (judia, que tinha desposado o rei de Emessa para depois se juntar com Félix, portanto divorciada, filha mais nova do rei Agripa I, irmã do rei Agripa II, irmão mais velho, e de Berenice) e chamando Paulo quis ouvi-lo falar acerca da fé em Jesus Cristo, uma vez que tinha obrigatoriamente de ouvi-lo “plenamente” (Diakousomai – Act 23,35) já que como oficial romano ia julgar uma pessoa recomendada por carta.
O propósito desta entrevista não parece ter sido judicial uma vez que vinham ouvir Paulo “acerca da fé em Jesus Cristo”. Dá a entender sim que Paulo o faz tal, mudando as posições entre si mesmo e Félix, tomando-o juntamente à sua mulher, conduzindo-os ao tribunal de Deus, falando-lhes da justiça, castidade, isto é, a continência, e do julgamento futuro. É interessante perceber que em vez de ser julgado Paulo por Félix, é Félix que juntamente com Drusila são julgados por Paulo. Dá a entender que Paulo não temeu Félix mas que este acabou por temer a Palavra de Paulo, (“Por agora, podes ir. Chamar-te-ei na primeira oportunidade”) sabendo que o casal era bastante assíduo ao pecado, que não eram castos, responsáveis perante Deus e no juízo final e eterno.
Contudo o seu temor, religiosamente, pouco valor teria. Mostra a apreensão cobarde do perigo, mas de pouco arrependimento. Temeu como teme o ladrão quando é apanhado. Relativamente a Drusila, é um atrevimento dizê-lo, mas tudo leva a crer que esta não temeu as palavras de Paulo como Félix, podendo aludir a um paralelismo analógico entre o episódio de Herodes e sua mulher no tratamento de João Baptista. Também Félix como Herodes fazia com João, “mandava chamar Paulo frequentemente, para conversar com ele”, ainda que fosse na esperança deste lhe dar dinheiro
Estas duas personagens selam não só a missão de Paulo testemunhar a fé em Jesus Cristo, mas também falar da justiça, continência, e julgamento futuro.
Encontraremos Félix e Drusila na contemporâneidade?

Dâmaris escutou e acreditou...


Mas quem é Barnabé?

É um judeu da diáspora, levita, natural de Chipre que está presente em Jerusalém e participa da comunidade cristão. Mostra a sua disponibilidade aos Apóstolos apresentando o preço da venda de um terreno “aos pés dos Apostolos”. Act 4, 36-37.
Perante o medo dos discípulos face a Saulo convertido, Barnabé leva-o (“agagen”) à presença dos Apóstolos. Act 9, 27-30.
Barnabé é enviado a Antioquia, Act 11, 20-26, para ver o resultado do anúncio dos cristãos espalhados após a perseguição. Nesta ocasião Barnabé é caracterizado por ser um homem bom, cheio do Espírito Santo e de fé. Aproveita e leva (“agagen”) Saulo de Tarso para Antioquia onde estiveram um ano.
Barnabé representa a comunidade de Antioquia, Act 11, 30, tal como Saulo, quando levam dinheiro à comunidade de Jerusalém. Ordenados pelo Espírito Santo, Barnabé e Paulo vão juntos para a primeira viagem missionária, Act 13, 1-3, a partir de Antioquia. Nesta primeira viagem fizeram muitos discípulos, exortaram a permanecerem firmes na fé, e enfrentar as dificuldades na esperança do reino de Deus.
Barnabé acompanha Saulo a Jerusalém aquando da discussão dos circuncisos. Ao regressar a Antioquia dá-se a discussão entre Barnabé e Paulo por causa de João Marcos. O resultado desta discussão é a separação de Paulo e Barnabé. É também a última referência de Barnabé, em Actos. Act 15, 36-41.
Podemos verificar no próprio texto a importância de Barnabé na comunidade de Jerusalém e o seu gradual desaparecimento em benefício de Paulo.
Barnabé é o mediador entre duas comunidades Jerusalém e Antioquia, é companheiro inseparável de Paulo até à discussão que tiveram. É aos olhos de Lucas um cristão e um homem de transição para uma nova realidade, Paulo.

Públio, o Primeiro da ilha

Públio é uma personagem que nos aparece na última parte dos Actos dos Apóstolos, ou seja na viagem de cativeiro do Apóstolo. Públio era o Primeiro da ilha, título oficial do primeiro magistrado de Malta no período romano.
Ele recebe Paulo e aqueles que o acompanhavam de uma forma muito cordial durante três dias.
Por essa altura, o pai de Públio adoece e Paulo foi vê-lo e, depois de orar, impôs-lhe as mãos e curou-o. Depois disso, vieram ter com ele muitos enfermos que são curados.
Os habitantes desta ilha distinguiram Paulo e os outros com muitas honrarias e proveram-lhes o necessário para a continuação da viagem.
Podemos ler este episódio em Act 28, 7-10

Nicanor, um dos sete

Nicanor, aparece uma única vez no Livro dos Actos dos Apóstolos, quando os discípulos escolhem os "sete homens de boa reputação, cheios do Espírito e de Sabedoria"(Act.6, 3). Nicanor faz parte dos sete instituídos para o "serviço às mesas". Os nomes gregos que o capítulo sexto apresenta leva a pensar que os sete diáconos eram helenistas. Mas, nesta altura, os hebreus podiam ter nomes gregos, o que nos leva a colocarmos algumas reticências sobre a sua origem. Nicanor, escolhido pela assembleia, fazia então parte do grupo dos "diáconos", onde a sua tarefa radica na palavra e no serviço.

Para além do Livro dos Actos dos Apóstolos, os livros de Macabeus dão-nos mais informações sobre quem é Nicanor. Este era filho de Patroclo e um dos primeiros amigos do Rei (2 Mc. 8, 9), foi enviado para a Judeia com homens de todas as nações para exterminar toda a raça Judeia.

Nicanor era um dos escolhidos por Lísias (1 Mac.3, 38), dedicou parte da sua vida a venda de prisioneiros judeus (2 Mac. 8, 10). Foi designado por Demétrio para governador militar da Judeia (2 Mac. 14, 14). Residiu em Jerusalém em parte da sua vida teve, como grande companheiro Judas a quem tinha uma grande amizade.

José, chamado Barnabé, filho da consolação

Normalmente associamos Barnabé a Paulo, no sentido de que Paulo dá grandeza à pessoa de Barnabé. Contudo, pela leitura de Actos percebemos que não é bem assim.
De facto, Barnabé é apresentado pelo narrador de Actos como sendo um modelo de partilha de bens (Act4, 36). É também Barnabé que introduz Paulo, após a sua conversão, na comunidade de Jerusalém que não estava convencida das intenções de Paulo (Act9, 27). É por Barnabé, o enviado da comunidade de Jerusalém aos cristãos de Antioquia, que Paulo entrará nesta comunidade (Act11, 19-26). Após Antioquia e a reunião de Jerusalém, Barnabé é o acompanhante de Paulo na sua 1ª viagem apostólica, sendo que após esta viagem eles discutem e separam-se (Act15, 35-41), sendo que Barnabé desaparece da narrativa de Actos.
Barnabé é assim alguém que, colocado ao lado de Paulo, é como que uma “garantia”, uma acreditação para os inícios da actividade paulina, isto porque o próprio Barnabé é alguém de importância, de confiança na comunidade de Jerusalém. Parece-me então justo afirmar que é Barnabé que leva ao crescimento de Paulo na comunidade cristã, que ajuda à afirmação de Paulo e não ver Barnabé como alguém que gira à volta de Paulo, que só sob a sua figura é que tem valor.

Gamaliel, Fariseu, mestre da Lei, respeitado pelo povo...

Gamaliel, nome que significa «Deus fez-me bem», que pode ser identificado como o Gamaliel I, o velho, é uma personagem que noa aparece por duas vezes: Act 5,34 que é uma intervenção e aparece também em Act. 22,3. Vemos que na primeira vez que aparece e intervém demonstra-se como um verdadeiro fariseu mostrando moderação e bom senso, demostrando assim como alguns vão aderindo a esta nova doutrina. Teme ir contra Deus e por isso aconselha o sinédrio a não tomar decisões precipitadas.
Este Gamaliel que é identificado como membro do Sinédrio, pertencente à classe dos fariseus. É chefe de uma importante escola liberal de Jerusalém como é referido em Act 22,3 na qual Paulo foi instruído, e que fora fundada por Hilel. Esta escola está em oposição a de Chamai. Eis duma forma sucinta como o autor lucano descreve uma personagem que até parece mudar a imagem que geralmente temos dos fariseus. Eis um verdadeiro fariseu que dá uma verdadeira interpretação da Lei, e na qual ele está formado; não julga precipitadamente temendo de certa forma que aquilo que vê possa ser obra de Deus daí ser estimado pelo povo...
Eis a verdadeira sabedoria da escola de Gamaliel da qual Paulo bebe. Ele procura Ele procura estar aos pés de Gamiel, pormenor que o autor lucano descreve em Act 22,3 e que era a forma como os discípulos aprendiam sentados em volta do mestre. A referência desta escola por parte de Paulo salienta a sua importância aos olhos de todos os judeos.

21/03/2007

Actos dos Apóstolos

Os Actos dos Apóstolos são a continuação do Evangelho de Lucas, constituindo a segunda parte da sua obra. Narram a fase da História da Salvação que se seguiu à ressurreição de Jesus. Tal como o Evangelho de Lucas, o livro dos Actos dos Apóstolos não pretende ser um escrito historiográfico em sentido científico. Não pretende fazer uma reconstituição científica dos factos, mas, por outro lado evocar o significado daquilo que aconteceu e, também, sublinhar a importância dos primeiros evangelizadores e fundadores das Igrejas cristãs, especialmente a importância de Pedro na Igreja de Jerusalém, e de Paulo na evangelização dos gentios.
Na secção que narra as viagens marítimas de Paulo, o autor apresenta-se como companheiro de viagem, falando na primeira pessoa do plural “nós”.
Os dois primeiros versículos remetem ao prólogo da primeira parte da obra, o Evangelho de Lucas. Ambas as partes fazem uma semelhante dedicatória, dirigida a Teófilo, amigo de Lucas. O Evangelho narra a história da vida e acção de Jesus; os Actos aquilo que aconteceu depois: o anúncio da Palavra (“personagem” principal deste livro) pelos discípulos, no início da Igreja, e a vida das comunidades por eles fundadas. Em Act 1, 8 Jesus comunica o programa deste anúncio: “Recebereis o poder do Espírito Santo que virá sobre vós, para serdes minhas testemunhas em Jerusalém, em toda a Judeia e Samaria e até aos confins da terra”. O livro dos Actos dos Apóstolos descreve a realização desta missão.
Os Cap. 1-15 descrevem a expansão da Igreja entre os judeus. Os Cap. 13-28 tratam do estabelecimento da Igreja entre os gentios ou não judeus sob a acção de Paulo. Os Cap. 13-15 fazem a ligação entre estes dois momentos.
Podemos observar nos Cap. 1-7 a vida da “Igreja-mãe” (dos Doze) em Jerusalém, e0 que no seu seio nasce a Igreja dos Sete, cuja acção, envolvendo a Samaria e a Síria (Damasco e Antioquia), se desenvolve nos Cap. 6-12.
Os Cap. 13-15 narram a expansão do Evangelho entre os gentios nas províncias para lá da Palestina e Síria, contudo o âmago continua a estar intimamente ligado às sinagogas. Os Cap. 16-20 apresentam uma mudança definitiva de ênfase passando dos judeus aos gentios e a autoexclusão dos judeus. A conexão com a sinagoga diminui quando o Evangelho chega à Macedónia, Acaia e Ásia. Os capítulos 21-28 reflectem o ponto culminante das tensões entre judeus e gentios; a rejeição do apóstolo Paulo e da sua missão aos gentios por parte dos judeus. O livro termina com a narração da chegada de Paulo, prisioneiro, a Roma.
Tabita – II
Tabita morre e o seu corpo é depositado na sala de cima: lembra a sala onde Elias tinha colocado o corpo do filho da viúva em 1 Re 17,19. Tudo indica a espera pela chegada de Pedro. Quando ele chega, fica sozinho com a defunta, assim como antes dele tinham feito Elias, Eliseu e o próprio Jesus. Depois de ter-se ajoelhado a rezar, Pedro dirige ao corpo imóvel algumas palavras, que não contém nenhuma invocação feita por Jesus, mesmo se o contexto faz lembrar a ressurreição da filha de Jairo. O milagre não é algo que fica isolado, mas produz o fruto da conversão e da fé.
Na conclusão, Pedro ficou bastante tempo ainda em Jope, em casa de um curtidor de nome Simão. Mencionar a sua profissão que era considerada impura, prepara o encontro com Cornélio no capítulo seguinte, onde cairão as barreiras do puro e do impuro, do judeu e do pagão.

Silas

O nome Silas é uma forma grega de um nome hebraico, sheal, (que signfica "pedir, invocar",).
Ele era um judeu de Jerusalém, um dos primeiros que se fez cristão, e naquela Igreja gozava de grande estima (cf. Act 15, 22), sendo considerado profeta (cf. Act 15, 32).
Foi encarregado de levar "aos irmãos de Antioquia, Síria e Cilícia" (Act 15, 23) as decisões tomadas no Concílio de Jerusalém e de as explicar.
Com efeito, ele era considerado capaz de realizar uma espécie de mediação entre Jerusalém e Antioquia, entre judeus-cristãos e cristãos de origem pagã, e desta forma servir a unidade da Igreja na diversidade de ritos e de origens.
Quando Paulo se separou de Barnabé, assumiu Silas como novo companheiro de viagem (cf. Act 15, 40).
Com Paulo, Silas alcançou a Macedónia (com as cidades de Filipos, Tessalónica e Berea), onde permaneceu, enquanto Paulo prosseguiu para Atenas e depois para Corinto.
Silas voltou a encontrar-se com Paulo em Corinto, onde cooperou na pregação do Evangelho.

João, chamado Marcos

Provavelmente originário de uma comunidade helénica, João, chamado Marcos, é considerado primo de Barnabé. Ele é referido pela primeira vez nos Actos, servindo-se, assim, para a introdução da sua mãe, Maria (12, 12), que recebeu Pedro em sua casa, depois da sua libertação milagrosa da prisão, a seguir o martírio de Tiago (12, 2). João será levado a Antioquia por Barnabé e Paulo e, os acompanhará, por pouco, na primeira grande missão (13, 1-13). A partir de Pafos (Chipre), Marcos volta par Jerusalém por razões desconhecidas (13, 13). Mas, volta a aparecer, não apenas como agente de missão ao lado de Barnabé (15 37-39), mas sobretudo como causa de discórdia entre Paula e Barnabé (13, 38-39). Ele é, igualmente, apresentado ao lado de Paulo no seu cativeiro romano (Cl 4, 10; Flm 24) e como membro da comunidade da Babilónia (Roma) (1Pe 5, 13).

“Homens de Israel, tende cuidado com o que ides fazer a esses homens” (Act 5,35)

Em Act 5,33-39, o autor lucano narra a intervenção de Gamaliel, a “Recompensa de Deus” – significado que tem o original hebraico deste termo grego.
O texto bíblico dá-nos três notas sobre a sua identidade: a) fariseu; b) doutor da Lei; c) respeitado por todo o povo. É a única vez que intervém na narrativa, mas é referido novamente em Act 22,3, passagem na qual o próprio S. Paulo afirma que foi instruído aos pés de Gamaliel, “em todo o rigor da Lei dos nossos pais”. Pode concluir-se, portanto, que foi Mestre de S. Paulo.
Para além dos dados que nos oferece o texto bíblico de Actos, sabe-se que Gamaliel, de apelido “o Velho”: a) foi o primeiro a quem se concedeu o título honorífico de “Rabban”, ainda mais elevado do que o título de “Rabi”; b) foi um dos principais membros do Sinédrio durante o reinado dos imperadores romanos Tibério (que era o imperador romano aquando da morte de Cristo), Calígula e Cláudio; c) morreu por volta de 52 d.C., 18 anos antes da queda de Jerusalém, no ano 70 d.C.
Quanto ao conteúdo e consequências da sua intervenção, em Act 5,33-39, destacam-se, essencialmente, duas ideias: a) permitiu que Pedro e os Apóstolos continuassem a sua actividade apostólica, evitando a sua morte; b) deu legitimidade/liberdade à comunidade cristã nascente ao afirmar: “Se o seu empreendimento é dos homens, acabará por si próprio; mas, se vem de Deus, não conseguireis destruí-los, sem correrdes o risco de entrardes em guerra contra Deus”.
Quase 2000 anos depois, estas palavras continuam a ter para nós, cristãos, um significado especial: somos testemunhas de que o empreendimento dos apóstolos não era, efectivamente, dos homens, mas de Deus, pois, apesar de todas as adversidades, continuamos a ser testemunhas da Palavra no mundo!

20/03/2007


Actos, uma viagem aos inícios da Igreja.

Para fazer uma viagem aos inícios da Igreja temos que inevitavelmente começar pelo livro dos Actos dos Apóstolos, com a descida do Espírito Santo sobre os Apóstolos, com os milagres operados pelos Apóstolos, com a instituição dos sete diáconos, o discurso de Estêvão, o martírio de Estêvão.

Como esquecer também a conversão de São Paulo, o evangelizador dos gentios, e as suas viagens e o seu dom da palavra para falar daquele que lhe apareceu no caminho de Damasco. O concilio de Jerusalém, e o envio de Paulo e Barnabé. E o relato da viagem final de Paulo até Roma, para juntamente com São Pedro a converterem em ponto central da expansão da comunidade cristã.

Com os Olhos do Espírito...

Ao ver muitos resumos acerca dos Actos tento ser sintético vendo o lugar do Espírito como linha que une esta mesma obra. Logo no início Jesus promete o Paráclito que havia de vir após a sua Ascensão. É o Espírito que conforta esta primeira comunidade, esta mesma que escolhe Matias para completar o grupo dos doze, de entre os quais se destaca nestes primeiros capítulos, Pedro. Este Apóstolo anuncia a Palavra de Jesus, Palavra que leva a conversões e curas, e que leva à criação das primeiras comunidades que põem tudo em comum. Mas esta mesma Palavra que a uns cura o corpo e o coração a outros incomoda e por isso mesmo têm de ser calados e condenados mas sobre os quais os milagres também acontecem. As comunidades aumentam e surgem os primeiros sete servidores, dos quais se destaca Estêvão pelo martírio que foi alvo.
Foi este mesmo Espírito que chamou o perseguidor Saulo e o converteu Este Espírito que vai leva-lo para muitos sítios anunciando a Palavra de Deus, que se multiplica e chega a Chipre, Antioquia, Jerusalém... .Neste desabrochar de fundações de Igrejas da qual Paulo é grande impulsionador, ele é preso e levado para Roma.

O evangelista Filipe

Filipe é-nos apresentado pelo Livro dos Actos dos Apóstolos, como um dos Sete homens instituídos pelos Doze para o “serviço das mesas” (Act 6, 2-5).
A sua missão vai estender-se pela Samaria onde proclama a Palavra e realiza inúmeros milagres entre o povo (Act 8, 4-13).
O episódio mais peculiar que envolve Filipe, acontece na estrada entre Jerusalém e Gaza quando este, impelido pelo Espírito acompanha um eunuco etíope, funcionário da rainha Candace da Etiópia, que voltava de uma peregrinação a Jerusalém, e lhe anuncia a Boa Nova de Jesus, baptizando-o e sendo, posteriormente, arrebatado pelo Espírito Santo para Azoto de onde parte novamente em missão, anunciando Jesus Cristo por todas as cidades da região até Cesareia (Act 8, 26-40) onde fixa a sua residência e continua a sua tarefa de evangelização, sendo por isso conhecido como “o evangelista Filipe” (Act 21,8).

19/03/2007

Apolo, uma estranha figura (18,24-28)

É a única vez em que Lucas se refere a Apolo, personagem um tanto estranho que invade a cena até agora quase exclusivamente ocupada por Paulo. Sábio e eloquente, de acordo com a sua origem alexandrina. Prega livremente. É acatado pela comunidade e elogiado por Lucas. Embora fosse versado nas Escrituras e instruído na caminhada, só conhecia o baptismo de João e precisou de ser formado por simples membros da comunidade.
Como campo de acção, Apolo escolhe Corinto. Na 1ª Carta aos Corintos, escrita dois anos depois, Paulo se ocupa de Apolo e parece preocupado com a sua influência. Lucas aqui frisa a eficácia com que Apolo enfrentava os judeus, sem levantar celeuma. Na Carta, Paulo insinua que a dissidência entre os cristãos giravam em torno de Apolo e dele próprio, Paulo (1Cor 2,1-5). Parece um tanto ressentido com a comparação que fazem entre a sua pregação e a pregação de Apolo.

Hélder Gouveia
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Dois personagens

Tabita (Em Actos 9, 36-42)
Em grego: Dorcas, que significa gazela.
Nome de uma mulher cristã da cidade de Jope (ou Jafa), em Israel.
Personagem de um dos milagres de Pedro. É um milagre de ressurreição, narrado logo após a cura de Enéias, um paralítico (Act 9, 32-35): a indicar que é a potência do Ressuscitado a agir.
Era muito conhecida e amada pela comunidade, já que fazia boas obras e esmolas. As viúvas que choravam a sua morte mostraram a Pedro as túnicas e vestidos que ela tinha feito enquanto ainda vivia (teria sido este o seu trabalho?).


Herodes
Herodes Agripa I (10 a.C. – 44d.C.), rei dos judeus (41-44 d.C.)
Aparece inicialmente em Act 4,27 ao lado do nome de Pôncio Pilatos, apresentados como operadores de uma coligação contra o Ungido do Senhor ; depois no cap 12,1: Herodes que maltrata alguns membros da Igreja, ordena de matar Tiago, manda prender Pedro (o vv.6 e 11 também são nesse contexto); v. 18: Herodes manda trazer diante de si Pedro que, no entanto, tinha sido libertado pelo Anjo do Senhor. Depois de mandar matar os guardas, deixa a Judeia e vai para a Cesareia.
Cap 12,20-23: morte de Herodes Agripa, roído pelos vermes, depois de ter sido aclamado pelos habitantes de Tiro e de Sido como a um deus.
Vem depois nominado em 13,13 como “tetrarca”, e companheiro de infância de Manaen.
Citado em 23,35;


Os dois Santos Apóstolos irmãos
Ícone doado pelo Patriarca Atenágoras de Constantinopla ao Papa Paulo VI, recordando o encontro em Jerusalém, em 5 de Janeiro de 1964.

Olhava, mas não via,
Procurava entender, mas não compreendia.
Agora estudando os Actos começo a penetrar um pouco mais no abraço de Pedro e Paulo, na sua profundidade e alcance: a Igreja é una desde o seu início!

Cornélio, o centurião

“… O anjo do Senhor entrando em sua casa e chamando-o : Cornélio!”

Segundo o relato dos Actos dos apóstolos Cornélio era o nome do primeiro gentio, ou seja, não judeu e incircunciso, a converter-se ao cristianismo. Cornélio era oficial do exército romano, um centurião, ou seja, um oficial responsável por comandar uma centúria, a unidade básica das legiões romanas, dando ordens que deveriam ser prontamente obedecidas pelos soldados. Cornélio vivia Cesaréia, onde tinha a sua própria casa. O seu nome romano sugere que talvez tenha pertencido a uma família nobre na cidade imperial. O livro bíblico dos Actos dos Apóstolos descreve este homem da seguinte forma em Actos 10,1- 2
"Na cidade de Cesaréia morava um homem chamado Cornélio, centurião da corte chamada Itálica. Era piedoso e, junto com todos os da sua família, pertencia ao grupo dos tementes a Deus; dava muitas esmolas ao povo e orava sempre a Deus."
Foi a este homem que apareceu em visão um anjo, que lhe assegurou o favor de Deus e lhe deu instruções para que mandasse alguém a Jope buscar o Apóstolo Pedro.
Cornélio, junto com a sua família e amigos, foi assim o primeiro dos não - judeus incircuncisos a tornar-se cristão. Esta ocasião histórica levou Pedro a exclamar
Actos 10,34- 35
"Certamente percebo que Deus não é parcial, mas, em cada nação, o homem que o teme e que faz a justiça lhe é aceitável”
Cornélio é de facto a porta que se abre e onde começa a se sentir que não existe acepção de pessoas e onde o Cristianismo começa a caminhar para todos.

Agripa II, Rei da Judeia

Agripa II é um personagem histórico que aparece nos Actos dos apóstolos. O seu nome aparece 11 vezes: 25,13; 25,22; 25,23; 25,24; 25,26; 26,1; 26,2; 26,19; 26,27; 26,28 e 26,32. Ele que é da dinastia dos asmoneus reinou na Judeia entre 50 e 93 d.c. Nasceu no ano 27. Era o filho mais velho de Agripa I e irmão de Berenice e Drusila. Vivia com a irmã Berenice o que era causa de comentários. Era conhecedor das leis dos judeus (26,1-3) devido ao seu pai Agripa I que era zeloso pelos fariseus.
Esta personagem aparece quando Festo quer condenar Paulo à morte pelas acusações feitas pelos judeus. Paulo é apresentado ao rei Agripa II por Festo (25,24) que por sua vez não encontra mal algum em Paulo (25,25). Porém, Agripa II é testemunho de um belo discurso de Paulo quando este é permitido falar em sua defesa dando o seu testemunho pessoal (26,2-23). Tão forte foram as suas palavras que até o poderoso representante do Império Romano foi levado a exclamar: “Ainda um pouco e, por teus raciocínios, fazes de mim um cristão”(26,28).

Jope - localização geográfica



Aqui vai um mapa onde podem ver com bastante precisão onde fica Jope, cidade onde vivia Simão, o curtidor. Trata-se de uma cidade prevalentemente judaica, a 50 km de Cesareia na costa mediterrânica, não distante de Jerusalém.

De Jope a Cesareia



Aqui vai um mapa com a cidade de Cesareia (sempre são dois posts que contribuem para uma avaliação contínua mais profícua, para além de todo o colorido que fornece a este blogue). Ao contrário de Jope, Cesareia era uma vila marítima pagã em território samaritano, com a agravante de ser a sede habitual do poder romano. Pedro, como judeu piedoso que era, recusar-se-ia a ir lá. Note-se que Pedro está em Jope em casa de um curtidor (profissão desconsiderada e desprezada) e dirige-se para Cesareia (cidade pagã). A superação das distâncias no plano topográfico antecipa a superação das distâncias no âmbito espiritual. De facto, Pedro ultrapassará a distância entre «puro» e «impuro».

Jope - Localização geográfica





Aqui vai uma imagem para dar cor a este blogue (esperei pela Páscoa para o fazer). O mapa mostra-nos a localização geográfica de Jope, cidade maioritariamente judaica, que distava cerca de 50 km de Cesareia (que não aparece no mapa, porque não se pode fazer a "papinha" toda e sempre me permite fazer mais um post).

Mapa da Palestina



Aqui vai uma imagem para dar um pouco mais de cor a este blogue (esperei pela Páscoa para o fazer). O mapa mostra a cidade de Jope, cidade maioritariamente composta por judeus.

Simão, o curtidor

A figura de Simão, o curtidor (9,43; 10,5.17), está envolta em alguma polémica. De facto, os intérpretes, à luz de Lv 11,31-40 e dado que os curtidores tinham contacto diário com as peles de animais mortos, são levados a considerá-los impuros. Deste modo, a atitude de Pedro, hóspede de Simão, tende a ser vista como um relaxamento na sua fidelidade para com a lei de Moisés. Contudo, o retrato que Lucas nos traça de Pedro vai exactamente no sentido oposto. De facto, a sua recusa, três vezes repetida, em comer animais impuros mostra que ele não questionava sequer o lugar de Moisés na sua vida pessoal (10,14-16; 11,8-10). Por outro lado, as proibições que se referem à impureza de animais mortos dizem respeito unicamente aos que morrem por causa naturais (Lev 11,31-40). Caso contrário, os próprios sacerdotes nos sacrifícios deveriam ser considerados impuros.
Na verdade, no tempo de Jesus, o ofício do curtidor não era considerado impuro. No entanto, era uma ocupação olhada com desprezo, uma vez que o processo da curtição exigia ácido e obrigava a que o curtidor lidasse diariamente com excremento de animais. Assim, a profissão do curtidor não era considerada desonrada, mas repugnante por causa do cheiro desagradável que se lhe associava.
Deste modo, o curtidor podia estar no lugar mais baixo da escala social, mas não era um proscrito religioso. Isto é sinal claro de como o Evangelho era prontamente aceite pelos pobres e pelos desfavorecidos. Neste sentido, a decisão de Pedro em residir em casa de Simão não é um sinal de uma atitude leviana perante a lei.

Actos dos Apóstolos

Após um breve prólogo, o livro abre com a Ascensão de Jesus, a seguir à qual se inicia um bloco em que se apresenta a Igreja de Jerusalém. Assim, narra-se a eleição de Matias como substituto de Judas Iscariotes e o Pentecostes, com as consequências que dele advêm, isto é, os discursos de Pedro ao povo, as primeiras conversões, os milagres operados, mas também as tribulações sofridas pelos Apóstolos. São importantes as referências à comunidade cristã, em que se salienta a sua unidade e espírito de partilha, embora o episódio de Ananias e Safira mostre que nem tudo era perfeito.
Com a instituição dos Sete, assistimos à expansão da Igreja para fora de Jerusalém. Aqui, somos confrontados com a figura de Estêvão. A referência ao seu martírio acena já a uma figura muito importante no contexto geral da obra, embora ainda de modo muito velado: Saulo. Lucas conta ainda a missão de Filipe e a acção de Pedro e João na Samaria.
Em Act 9, temos a conversão de Saulo a caminho de Damasco, embora a figura central nesta secção seja ainda Pedro, quer pelos seus milagres, quer pelo seu papel precursor no episódio de Cornélio e baptismo dos primeiros pagãos, apesar da celeuma que este facto criou entre os circuncisos. A morte de Tiago e a prisão de Pedro encerram este conjunto, possibilitando que, a partir de Act 13, sejamos confrontados com a missão de Paulo e Barnabé na Ásia. O "concílio de Jerusalém" antecipa o grande bloco das viagens missionárias de Paulo que se torna a figura principal da obra.
Os últimos capítulos narram-nos a prisão de Paulo e as peripécias que a envolveram até à sua chegada a Roma.

A figura de Barnabé nos Actos dos Apóstolos (Act. 4, 36- 5,11)

O autor dos Actos dos Apóstolos narra o gesto exemplar de Barnabé (Act. 4, 36-37). Barnabé se destaca pela sua generslidade e está em contraste com a hipocrisia de Ananías e Safira. Neste episódio, lucas proporciona um exempo edificante aos leitores. Barnabé é um personagem importante da Igreja de Antioquia e animador da primeira missão aos pagãos. O seu nome judaico é José, mas foi chamado "Barnabé" pelos Apóstolos. A etimologia deve-se às suas qualidades e sua função. Trata-se de um homem da exortação. Como se sabe, em hibráico Barnabé é "bar-nebuah", filho da profecia. É evidente que Barnabé na Igreja de Antioquia faz parte do grupo dos profetas e doutores (Act. 13, 1-3). Está em Barnabé um exemplo da fraternidade cristã, que se realiza na partilha dos bens. O relato de Lucas alerta no cuidado com ambicuidade do possuir, no qual podem encontrar isca a hipocrisia e a mentira, que afasta alguém da comunidade fraterna dos crentes.

Qual dos Ananias será?

Em Actos temos 3 personagens com o mesmo nome: Ananias. Qual deles é o que descrevo? As características falam por si... Aliás bastava uma característica!
Discípulo de Jesus que vive em Damasco. Tem uma visão, na qual é exortado, pelo próprio Jesus, a ir ter com Saul. Resiste porque a fama de Paulo como perseguidor dos que invocam o nome do Senhor já tinha cehgado àquelas terras. Porém, o Senhor insiste e Ananias parte. Chegando a casa de Judas, Ananias impõe as mãos sobre Saulo e ora para que este recupere a vista e fique repleto do Espírito Santo. Em seguida administra-lhe o baptismo.

Barnabé

Barnabé-levita cipriota chamaram Barnabé, isto é, filho da consolação, homem bom, cheio do Espírito Santo e de fé, é considerado Apóstolo, embora não fosse um dos Doze. Possuia uma terra, vendeu-a e trouxe a importância, que depositou aos pés dos Apóstolos. Figura de relevo na comunidade primitiva.É recordado pela sua íntima associação com a obra de S.Paulo, desde o tempo em que defendeu Paulo perante os nervosos cristãos em Jerusalém até ao desacordo com João Marcos.Perante a conversão dos pagãos, Barnabé foi enviado a florescente Centro cristão de Antioquia como representante da Igreja de Jerusalém , a qual assistia um particular direito de vigilância. Jerusalém está ligada com as outras Igrejas mediante os Apóstolos e mediante delegados e foi buscar Paulo a Tarso para o ajudar; mais tarde os mestres dalí, impelidos pelo Espírito Santo, enviaram Barnabé e Paulo na primeira viagem missionária, em terras pagãs, começando em Chipre, de cuja Igreja se atribui a Barnabé a sua fundação.
A perseguição é ocasião de um novo impulso da missão apostólica, como se vê pelas viagens de Paulo e Barnabé, primeiro a Antioquia e, depois, a Chipre e Ásia Menor.Entre osProfetas e doutores, dão-se conta ao trabalho realizado por Barnabé e Paulo. Eles rasgaram as vestes e precipitaram-se para a multidão.Barnabé e Paulo, eram os mais famosos em Chipre.

Barnabé

Barnabé-levita cipriota chamaram Barnabé, isto é, filho da consolação, homem bom, cheio do Espírito Santo e de fé, é considerado Apóstolo, embora não fosse um dos Doze. Possuia uma terra, vendeu-a e trouxe a importância, que depositou aos pés dos Apóstolos. Figura de relevo na comunidade primitiva.É recordado pela sua íntima associação com a obra de S.Paulo, desde o tempo em que defendeu Paulo perante os nervosos cristãos em Jerusalém até ao desacordo com João Marcos.Perante a conversão dos pagãos, Barnabé foi enviado a florescente Centro cristão de Antioquia como representante da Igreja de Jerusalém , a qual assistia um particular direito de vigilância. Jerusalém está ligada com as outras Igrejas mediante os Apóstolos e mediante delegados e foi buscar Paulo a Tarso para o ajudar; mais tarde os mestres dalí, impelidos pelo Espírito Santo, enviaram Barnabé e Paulo na primeira viagem missionária, em terras pagãs, começando em Chipre, de cuja Igreja se atribui a Barnabé a sua fundação.
A perseguição é ocasião de um novo impulso da missão apostólica, como se vê pelas viagens de Paulo e Barnabé, primeiro a Antioquia e, depois, a Chipre e Ásia Menor.Entre osProfetas e doutores, dão-se conta ao trabalho realizado por Barnabé e Paulo. Eles rasgaram as vestes e precipitaram-se para a multidão.Barnabé e Paulo, eram os mais famosos em Chipre.

um olhar sobre os Actos

Um olhar sobre os Actos dos Apóstolos

Os actos dos Apóstolos é uma obra única no Novo Testamento, de grande valor histórico, embora aceite convenções da época: principalmente o gosto pelo maravilhoso e os discursos na boca dos personagens. Quanto aos personagens dois protagonistas actuam sucessivamente em primeiro plano: Pedro na primeira parte (Cap. 1-12), enquanto se consolida a Igreja de Jerusalém; Paulo, que vai promovendo a difusão do Evangelho pela Ásia, Europa e até Roma.
O material narrativo pode ser catalogado em relatos, discursos e somatórios. Ocupam grande espaço os processos, que são relatos com discursos incluídos. Assistimos no relato à consolidação, expansão e crescimento da Igreja, em muitas Igrejas ou comunidades locais que formam a grande unidade. Primeiro, tem a primazia a de Jerusalém, onde tudo começou; depois, toma a frente a de Antioquia. A expansão não é só geográfica: é principalmente um ir penetrando e ganhando adeptos no território e cultura pagãos; é ao mesmo tempo um desprender-se, não pretendido, do judaísmo. Esta é uma constante do livro que culmina na última página, em Roma.
A organização das Igrejas é fluida, com um corpo dirigente local de “anciãos” (em grego presbyteroi); os apóstolos têm a responsabilidade e a autoridade superior; ao seu número somam-se Matias, Barnabé e Paulo. Existe uma constância de vida sacramental e litúrgica: baptismo e Eucaristia, imposição das mãos, celebrações; e com isso a instrução catequética.
Nas cenas íntegras e em detalhes significativos, os Actos dos Apóstolos são cumprimento de um mandato de Jesus, eco de um ensinamento, repetição ou reflexo de uma acção.



Hélder Gouveia
110101045

um olhar sobre os Actos

Um olhar sobre os Actos dos Apóstolos

Os actos dos Apóstolos é uma obra única no Novo Testamento, de grande valor histórico, embora aceite convenções da época: principalmente o gosto pelo maravilhoso e os discursos na boca dos personagens. Quanto aos personagens dois protagonistas actuam sucessivamente em primeiro plano: Pedro na primeira parte (Cap. 1-12), enquanto se consolida a Igreja de Jerusalém; Paulo, que vai promovendo a difusão do Evangelho pela Ásia, Europa e até Roma.
O material narrativo pode ser catalogado em relatos, discursos e somatórios. Ocupam grande espaço os processos, que são relatos com discursos incluídos. Assistimos no relato à consolidação, expansão e crescimento da Igreja, em muitas Igrejas ou comunidades locais que formam a grande unidade. Primeiro, tem a primazia a de Jerusalém, onde tudo começou; depois, toma a frente a de Antioquia. A expansão não é só geográfica: é principalmente um ir penetrando e ganhando adeptos no território e cultura pagãos; é ao mesmo tempo um desprender-se, não pretendido, do judaísmo. Esta é uma constante do livro que culmina na última página, em Roma.
A organização das Igrejas é fluida, com um corpo dirigente local de “anciãos” (em grego presbyteroi); os apóstolos têm a responsabilidade e a autoridade superior; ao seu número somam-se Matias, Barnabé e Paulo. Existe uma constância de vida sacramental e litúrgica: baptismo e Eucaristia, imposição das mãos, celebrações; e com isso a instrução catequética.
Nas cenas íntegras e em detalhes significativos, os Actos dos Apóstolos são cumprimento de um mandato de Jesus, eco de um ensinamento, repetição ou reflexo de uma acção.



Hélder Gouveia
110101045

Cornélio

A personagem que escolhi é Cornélio, que aparece oito vezes no relato dos Actos dos Apóstolos, sempre no capítulo 10 (versículos 1, 3, 7, 22, 24, 25, 30, 31).
Sobre Cornélio sabemos algumas coisas que o próprio relato nos apresenta. Cornélio vivia em Cesareia (Samaria), que era a residência dos Procuradores romanos e o quartel geral das legiões romanas da região. De facto Cornélio era centurião romano (da corte itálica), ou seja, um chefe militar que comandava cem homens. Sendo romano, era próximo do judaísmo, como indicam as expressões “piedoso” e “temente a Deus”, e também a referência às suas práticas de oração e a esmola (v. 4). Segundo uma visão dum anjo do Senhor, mandou dois criados e um soldado, a Jope chamar Simão, de sobrenome Pedro, que os acompanhou, também segundo uma visão do Senhor, para que Cornélio pudesse ouvir as suas palavras.
Foi em casa de Cornélio, onde estavam reunidos alguns seus amigos e parentes, que Pedro reconheceu que Deus não faz acepção de pessoas (v. 34) e fez o anúncio da Boa Nova de Jesus, o ungido de Deus, que morreu e ressuscitou, e que concede a remissão dos pecados a todo o que n’Ele acredita. Desceu então sobre eles o Espírito Santo, o que surpreendeu os fiéis circuncisos que acompanhavam Pedro. Este, vendo isto, ordenou que fosse baptizado Cornélio e todos os outros, e permaneceu com eles mais um tempo. Foi o “Pentecostes dos gentios”! Este Pentecostes valeu a Pedro alguns confrontos em Jerusalém (Act 11, 2-3) e também em Antioquia (Gl 2, 11).

UM HOMEM INQUIETO (8, 27.34.36.38.39)

A certa altura no relato dos Actos deparamo-nos com um homem inquieto, um eunuco, alto dignitário da corte real da Etiópia. É de salientar que os eunucos, na Etiópia eram numerosos e iam em serviço a outros países. Como nos conta o próprio relato este eunuco, como quase todos os eunucos da antiguidade, era ministro da rainha Candace da Etiópia e superintendente de todos os seus tesouros. Estamos diante de um eunuco piedoso pois estava em peregrinação a Jerusalém para a adorar a Deus. Para além de se interessar por Deus também se dedicava à leitura da escritura, pois lia o profeta Isaías no caminho. Na sua inquietação Filipe, enviado por Deus, foi a resposta a tal procura. Podemos dizer que este eunuco, alto funcionário da corte, não era um prosélito no sentido técnico do termo, isto é, não se ligava nem à circuncisão nem à lei mosaica. Vemos aqui um mestre da corte que evidentemente pertencia ao grupo daqueles que aderiam à fé no Deus de Israel, que Lucas nos Actos chama "sebomenoi" ou "foboumenoi ton teon". Portanto, tal homem da insipiência própria de um estrangeiro, não deixava de responder ao seu desassossego em que vivia, tentando alimentar a sua fé. Assim, da certeza própria de que Cristo era o cumprimento da palavra que lera, pediu o baptismo a toda a pressa. A sua procura inquieta passou a uma certeza desinquieta de pertencer a Cristo, porque sem o perceber Este já era a sua única certeza. Depois de baptizado, tal como os reis magos depois de verem o menino, continuou alegremente o seu caminho, um novo trilho, o trilho do amor, do testemunho de Cristo. De uma velha inquietação surgiu-lhe uma nova missão, a missão dos baptizados… a de ser outro Cristo, "ovelha levada ao matadouro".

Timóteo

Havia ali um discípulo chamado Timóteo, filho de uma judia crente e de pai grego, que era muito estimado pelos irmãos de Listra e de Icónio. Paulo resolveu levá-lo consigo e, tomando-o, circuncidou-o, por causa dos judeus existentes naquelas regiões, pois todos sabiam que o pai dele era grego.
(Act. 16, 1-3)

Peço desculpa

Afinal, mal nós fechamos os olhos e já alguém escolheu o nosso personagem. Temos pena ...
agora tenho de escolher outro.

Apolo

Investigarei sobre a figura de Apolo
Entretanto, chegara a Éfeso um judeu chamado Apolo, natural de Alexandria, homem eloquente e muito versado nas Escrituras. Fora instruído na «Via» do Senhor e, com o espírito cheio de fervor, pregava e ensinava com precisão o que dizia respeito a Jesus, embora só conhecesse o baptismo de João. (Act. 18, 24 - 25)

E o Centurião Cornélio ?


Uma figura interessante no livro dos actos dos apóstolos é sem dúvida a figura do centurião Cornélio. Com efeito, ele aparece apenas uma vez no capítulo décimo. Sabemos que ele viveu em Cesareia, que era centurião da coorte itálica, que era piedoso e temente a Deus: isto é, um pagão que vivia perto do templo, que mantinha uma certa proximidade e simpatia pelo judaísmo. Unido ao judaísmo mantinha a identidade paga. Simpatizava com o judaísmo mas não vivia todos os costumes judaicos como por exemplo a circuncisão. Era um homem exemplar na vivência da sua fé. É curioso a referencia que é feita. Podemos dizer que este capítulo faz uma ligação entre dois momentos importantes no desenvolvimento do cristianismo primitivo, isto é, entre a constituição da Igreja de Jerusalém, o seu desenvolvimento e uma abertura ou passagem para o mundo grego e paga. De facto, a figura do Centurião Cornélio é o motivo que Lucas utiliza para dizer que Deus não faz acepção de pessoas; até os pagãos, os incircuncisos recebem o Espírito Santo mediante a fé. De facto, Deus também concedeu aos pagãos o arrependimento que conduz a vida. O baptismo no Espírito Santo é para todos os homens: os judeus, os pagãos e os gregos...

jean paul Labou

110103539

18/03/2007

Os Actos em poucas linhas...

Os "Actos dos Apóstolos" são uma catequese sobre a "etapa inicial da Igreja", isto é, sobre a forma como os discípulos assumiram o continuaram o projecto salvador do Pai e o levaram - após a partida de Jesus deste mundo - a todos os homens. O livro divide-se em duas partes. Na primeira (Act 1-12), a reflexão apresenta-nos a difusão do Evangelho dentro das fronteiras palestinas, por acção de Pedro e dos Doze; a segunda Act 13-28), apresenta-nos a expansão do Evangelho fora da Palestina (até Roma), sobretudo por acção de Paulo.
A primeira parte dos "Actos". Insere-se numa perícopa que descreve a actividade missionária de Pedro na planície do Sharon ( Act 9,32-11,18) - isto é, na planície junto da orla mediterrânica palestina. Em concreto, o texto propõe-nos o testemunho e a catequese de Pedro em Cesareia, em casa do centurião romano Cornélio. Convocado pelo Espírito (Act 10,19-20), Pedro entra em casa de Cornélio, expõe-lhe o essencial da fé e baptiza-o, bem como a toda a sua família (Act 10,23b-48). O episódio é importante porque Cornélio é o primeiro pagão a cem por cento a ser admitido ao cristianismo por um dos Doze: significa que a vida nova que nasce de Jesus se destina a todos os homens, sem excepção
Na segunda parte é narrado os “Actos” da missão de Paulo, isto é claro é visto a maneira como Paulo actua depois da sua conversão.
Os Actos descrevem o anúncio da Boa-Nova de Jesus, após a sua ressurreição.
Esta Boa-Nova destina-se a todos os povos, mas um dos temas principais deste livro é passagem do anúncio apenas dentro do mundo judaico para o mundo pagão.

"Eu plantei, APOLO regou"

A biografia de Apolo aparece em Act 18, 24-27. Era conhecido como um bom colaborador de Paulo. A sua actividade missionária exerceu-se entre Corintio e Éfeso. Apolo era um judeu, natural de Alexandria. Tinha convertido ao cristianismo pelo baptismo de João. Ora, o baptismo de João é um baptismo com água e não de Espirito. Esta ausência do Espirito Santo no seu baptismo fez com que a sua pregação tornasse incompleto. Estava de facto instruido no caminho do Senhor.
Em Éfeso, Apolo era conhecido como um bom pregador. Falava com entuasiasmo e ensinava de uma forma muita exacta acerca de Jesus, mas faltava-lhe o baptismo de Espírito Santo. Ora, a comunidade de Éfeso é uma comunidade que ignoram a exsitência do Espírito Santo, porque receberam só o baptismo de João. Ao ouvir que Apolo estava a pregar em Éfeso, e vendo o seu baptismo era apenas o de João, foram portanto, Priscila e Aquilo ter com ele e levaram-no para lhe explicar melhor sobre o caminho de Deus. Assim que a sua pregação torna-se mais completa.
A actividade de Apolo marca também a cidade de Corintio. Alí, alcançou-se um êxito tão grande que os corintios o puseram em plano de igualdade com Pedro e Paulo. O debate dos corintios sobre a sua identidade chamou a atenção de Paulo. Perante este, Paulo afirma que nenhum dos três (Pedro, Paulo e Apolo) é maior. Quem segura a missão de Deus é o póprio Deus, disse Paulo. Mas, para facilitar a compreensão de gente sobre a identidade de Apolo, Paulo explicou a sua posição. Disse-lhes que Apolo não é mais do que Ele. Apolo apenas um dos seus colaboradores. "Eu plantei, Apolo regou", (1 Cor 3,6).

Actos dos apostolos

Os actos iniciam-se com a Ascenção, algo que desde o inicio da narração, dá ao leitor a precessão de tudo o que os apostólos estavam a viver, com a partida de Jesus.
S. Lucas durante todo o texto vai ter a precupação de descrever todos os pormenores desde as pessoas em causa, ao lugar, entre outras muitas discrições que os actos nós irão contar.
Grande é a narrativa, onde vamos ouvir falar de Paulo e das suas viagens, que serão a grande base da narração dos Actos dos Apóstolos.

Lídia (Act.16,11-15.40)

Lídia, nome mais grego que judeu, é uma personagem que me despertou a atenção. Diz-se que “é adoradora de Deus”, o que nos pode levar a pensar que seria uma pagã atraída pela sinagoga, que não existia em Filipos e por isso, se encontrava com outras mulheres, em dia de Sábado, num lugar junto ao rio onde decorria a oração.

Lídia é-nos descrita como negociante de púrpura da cidade de Tiatira, cidade importante pela industria têxtil. E também percebemos que tem casa própria. Tudo isto é revelador do seu sucesso e posição social, pois a roupa púrpura era usada pelos ricos e pela realeza no tempo dos romanos, pessoas com as quais Lídia se relacionava.

O texto diz que esta os escutava e que “o Senhor lhe abrira o coração para que ela atendesse ao que Paulo dizia”, ou seja, mostra a sua abertura, disponibilidade para acolher o Evangelho e depois, Paulo e os outros em sua casa. Assim, a hospitalidade e a responsabilidade, como primeira convertida (dando a entender que por meio dela foi baptizada a sua família) e líder da Igreja de Filipos, são duas características de Lídia e importantes para o cristianismo que se encontrava em expansão. Por outro lado, Lídia testemunha o cristianismo que penetra nas camadas influentes da sociedade e qual é a verdadeira riqueza que a todos enriquece: Jesus Cristo!

Actos dos Apóstolos

O final do Evangelho e o início dos Actos dos Apóstolos manifestam bem o respeito que Lucas tem pela regra de colocar o material histórico segundo uma ordem que distingue acontecimentos, garantindo, assim, a sua continuidade. Deste modo, a introdução ao livro dos Actos retoma o final do Evangelho que orientam a atenção para a missão cristã.
Os cinco primeiros capítulos descrevem a vida do grupo. Os discípulos escolhem Matias para reconstituir o colégio dos doze, e é cumprida a promessa de Jesus que enviaria o Espírito Santo, marcando assim o início da actividade apostólica, o anúncio do Evangelho.
Este anúncio, contudo, casou descontentamento diante dos judeus. Este facto está bem comprovado no martírio de Estêvão. Com medo das autoridades judaicas, os primeiros cristãos dispersaram-se e começaram a anunciar a Boa Nova noutras terras. É neste contexto que surge a conversão de Saulo, perseguidor da Igreja. A caminho de Damasco, este é surpreendido por uma luz e voz de Cristo e, a partir dessa experiência, Saulo torna-se testemunho de Jesus ressuscitado. Daí, começam as suas viagens missionárias, juntamente com Barnabé, a Chipre, Ásia Menor, Antioquia da Pisídia, Icónio e Listra.
Esta viagem termina com a controvérsia em torno da Lei de Moisés, no que diz respeito à circuncisão dos pagãos que se convertiam ao cristianismo. Por este motivo, reúnem-se os Apóstolos e os Anciãos de Jerusalém. Como resultado dessa reunião, os pagãos que abraçaram a fé não se viram obrigados a outras normas além da abstinência de carnes imoladas aos ídolos e imoralidade.
A outra viagem iniciou-se com o conflito entre Paulo e Barnabé. Por isso, nesta viagem a Macedónia, Filipos, Tessalónica, Bereia, Atenas e Corinto, Paulo contará com a companhia de Silas. Posteriormente, na terceira viagem missionária, a Éfeso, atravessando a Macedónia e a Grécia, continuando a Mileto, Tiro e Cesareia, antes de chegarem a Jerusalém. Por causa das inúmeras conversões, inicia-se a perseguição a Paulo. Seus ensinamentos são acusados de serem contra a Lei de Moisés e profanadores do templo. Como resultado destas acusações Paulo sofrerá o martírio, não sem antes ter chegado a Roma onde anunciou aos habitantes desta cidade o Evangelho de Jesus.

O aleijado (Act 3,1s)

O aleijado é um homem de mais de quarenta anos. Ele costumava estar à entrada do Templo, à porta Formosa, para pedir esmola. No dia da sua cura em vez da esmola, ele recebeu a cura, no nome de Jesus Cristo, através de Pedro e João. Depois foi seguindo Pedro e João, saltando e louvando a Deus. Ele é um simples mendigo que naquele dia esteve a pedir sem saber o milagre em nome de Jesus, o Ressuscitado. Aparentemente ele não nos parece desempenhar uma função importante. Se nós ficamos por aqui ficaremos privados do mais importante deste trecho. Pois desta cura depende o discurso de Pedro, em que ele referiu a “este homem” três vezes (Act3,12. 17) cuja cura Pedro atribui a Jesus Nazareno. Pedro e João compareceram perante o Sinédrio por causa do anúncio deste milagre feito em nome de Jesus, e preferiram obedecer a Deus que aos homens. A oração dos fiéis também tem como causa remota a cura deste homem. Há uma conexão entre a fé dos Apóstolos e a cura deste homem. Pois ela (a cura) aparece aqui como uma instância que confirma e leva para frente a fé de Pedro e João no nome da pessoa Jesus Nazareno. É o primeiro milagre após o Dom do Espírito Santo. E parece aqui a legitimar a missão dos Apóstolos e consolidar o grupo dos fiéis na oração.

ACTOS: quando se é testemunha

ACTOS: Quando se é testemunha
O livro bíblico dos Actos dos Apóstolos constitui uma obra histórico- teológica neo-testamentária maravilhosa atribuída, pela Tradição, ao Evangelista Lucas que, ao não se contentar com o que estava disponível para a formação da comunidades cristãs pré- constituídas, decide, e entende ser fundamental, testemunhar por escrito, que Jesus Cristo era algo mais que um acontecimento histórico. Havia testemunhas (umas com maior relevo que outras) não só as que tinham convivido com Ele, mas também as que se convertiam, depois de lhes ser anunciada a Palavra de Deus (judeus, pagãos, helenistas…) professando que Jesus, Aquele que fora morto numa Cruz, era realmente o Messias e o único Salvador.
Este, o conteúdo do nosso livro, com uma presença significativa à volta do discípulo Pedro depois da ascensão de Jesus, e de Paulo após a sua conversão: a descrição, com um sentido espiritual, da vida exemplar das primeiras comunidades cristãs e seus chefes, os primeiros confrontos com o judaísmo e o paganismo, as primeiras conversões e baptismos, as primeiras perseguições, prisões e martírios cristãos, os primeiros discursos exortativos e escrita de decretos apostólicos, as primeiras viagens missionárias e fundações de igrejas além- Jerusalém, etc.