31/03/2007

O espírito pitónico


A escrava que nos aparece em Act 16,16 na cidade de Filipos, na Macedónia, está possuída dum espírito pitónico. Vamos então perceber que espírito é este.
“Espírito pitónico” é um termo que se refere à Pitia, Sibila ou Pitonisa, profetiza que em Delfos consultava Apolo, o primeiro dos deuses adivinhatórios, no templo a ele dedicado. Tudo isto porque em Delfos Apolo venceu a serpente Piton (daí o seu cognome “pítio”). Nesta cidade instalou Apolo estes oráculos, que se tornaram famosos. Estes podiam revelar o destino, mas não o podiam mudar; segundo a concepção grega os deuses, através dos oráculos, podiam retardá-lo, mas sobretudo pressenti-lo e comunicá-lo de forma velada aos mortais. Até um discípulo de Sócrates (o filósofo) consultou o oráculo de Delfos que lhe revelou que o seu mestre era o mais sábio de todos os homens. Foi a partir deste oráculo que Sócrates começou a ensinar.
Os oráculos eram muitas vezes dados não em visões mas em transes e êxtases, ou “en-theo-siamos”. Foi talvez o “entusiasmo” da escrava de Actos 16 que enfadou Paulo!
Para os consultar, era preciso pagar taxas e muitas vezes realizar sacrifícios. Aqueles a quem os oráculos favoreciam também ofereciam muitos tesouros. Daí vem a grande prosperidade económica que se gerou à volta do santuário oracular de Delfos e que favorecia os seus mais directos responsáveis.


Imagem: Templo de Apolo, Delfos, Grécia (séc. IV a.C.).

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