31/03/2007

Paulo expulsa o espírito pitónico

Depois de ler o post anterior, não é preciso ter um espírito pitónico para começar a descortinar um pouco da polémica de Act 16,16-40.
Lucas relata-nos a existência de uma escrava que possuía dos deuses um poder adivinhador e que é interpretado no relato lucano como poder demoníaco. Veja-se que as palavras que Paulo dirige à mulher são típicas dos exorcismos de Jesus. Em Lc 4, 34 Jesus expulsa um demónio de um homem na sinagoga de Cafarnaum. O demónio que Jesus expulsa sabia quem Ele era, tal como o sabia o espírito pitónico da mulher, que se torna também “apóstolo” dos gentios ao afirmar “que estes homens vos aunciam o caminho da salvação”. Paulo expulsa o espírito «no nome de Jesus». Como já vimos nas aulas, os milagres e prodígios são sempre feitos no nome de Jesus, e não por nenhum poder especial dos apóstolos ou de algum espírito que os “possuísse”, como era tão do agrado daquelas culturas dadas à superstição.
Esta expulsão demoníaca leva à falência os amos desta escrava. Como já vimos no post anterior a importância económica que tinham os oráculos na cultura grega era enorme pelas taxas que implicavam, pelo material que era necessário comprar, pelos tesouros que eram oferecidos, etc. São estes amos falidos que se vão queixar de Paulo e Silas às autoridades romanas, acusando-os de destabilizadores da ordem social romana. Esta queixa leva Paulo e Silas à prisão por uma noite, depois de terem sido indevidamente açoitados, por serem cidadãos romanos. No dia seguinte quando tiveram conhecimento disto, as autoridades pediram-lhes desculpa e rogaram-lhes que saíssem da cidade.

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