15/05/2007

Deus, o Criador (1 Pd 4,19)

«Portanto também os que padecem segundo a vontade de Deus encomendem-lhe as suas almas, como ao fiel Criador, fazendo o bem»
A primeira carta de Pedro está profundamente marcada pela teologia do Mistério de Deus. Logo no princípio, faz-se referência à estrutura trinitária: «Segundo a presciência de Deus Pai, em santificação do Espírito, para a obediência e aspersão do sangue de Jesus Cristo» (1 Pd 1,2). A. VANHOYE faz notar que, depois da primeira carta de S. João, é nesta carta que aparece com maior frequência o vocábulo theos (39 vezes), o que é notável. Não encontramos explicitamente na primeira carta de Pedro uma referência à criação, a não ser em 1 Pd 4, 19, onde Deus é designado com o vocábulo Klistes, isto é, «o Criador», sendo a única vez que no Novo Testamento se utiliza este termo aplicado a Deus. Aparece, sim, o conceito de regeneração mediante a ressurreição de Cristo (1 Pd 1,3) e mediante a Palavra viva de Deus (1 Pd1,23). Em relação à carta de São Tiago, ainda que de índole diversa, há aspectos na primeira carta de Pedro que recordam aquela. Na carta de S. Tiago, o título theos aparece 16 vezes. Num contexto de monoteísmo mais estrito (Tg 2,19; 4,12), S. Tiago vê a Deus como Criador e Pai do Universo, que nos gerou pelo poder da sua Palavra (Tg 1, 18). A concepção teológica da carta de S. Tiago é eminentemente teocêntrica. No prólogo ( Tg 1,2-18) aparece a relação que existe entre o ser e o operar de Deus e o do homem, pois é Deus quem possibilita o ser e operar do homem.
(Cf. JOSEP-ORIOL TUÑÍ - XAVIER ALEGRE, Introduccion al estudio de la biblia. Escritos joánicos y cartas católicas, Verbo Divino, Estella, 19972, 291 – 354.)

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