17/03/2007

Prisca, para os amigos Priscila


Paulo, na Carta aos Romanos 16, 3-5, pede aos destinatários: “Saudai Priscila e Áquila, meus colaboradores em Cristo Jesus, pessoas que, pela minha vida, expuseram a sua cabeça. Não sou apenas eu a estar-lhes agradecido, mas todas as igrejas dos gentios. Saudai também a igreja que se reúne em casa deles.”; na 1ª aos Coríntios 16, 19, envia saudações no Senhor em nome de Áquila e Priscila e da assembleia que se reúne em sua casa, e na 2ª a Timóteo 4, 19 saúda Prisca e Áquila. Em duas destas três citações a mulher é referida em primeiro lugar, o que me parece significativo. Prisca, conhecida pelo nome mais familiar de Priscila, terá sido, com seu marido Áquila, dos primeiros cristãos convertidos de Roma. Diz-nos o narrador de Actos (18, 2-3): “Encontrou ali um judeu chamado Áquila, natural do Ponto, recentemente chegado da Itália com Priscila, sua mulher, porque um édito de Cláudio ordenara que todos os judeus se afastassem de Roma. Paulo foi procurá-los e, como eram da mesma profissão - isto é, fabricantes de tendas - ficou em casa deles e começou a trabalhar.” Portanto, na sua missionação, Paulo vai contar com o apoio destes cristãos, receber a sua hospitalidade e partilhar o seu mister, dada a sua preocupação em não ser pesado a ninguém, e tal ocorre tanto em Corinto, como em Antioquia e Éfeso. De acordo com Actos 18, 18: “Depois de se ter demorado ainda algum tempo em Corinto, Paulo despediu-se dos irmãos e embarcou para a Síria, com Priscila e Áquila[…]” No entanto, o episódio mais interessante protagonizado pelo casal é relatado nos vv.26ss do mesmo capítulo 18. Acontece que, recém-chegado a Éfeso, um judeu eloquente de Alexandria, versado nas Escrituras, que discursa com fervor sobre Jesus mas não conhecendo outro baptismo que o de João, começa a “falar desassombradamente na sinagoga”. Perante o que dele ouviram, Priscila e Áquila (por esta ordem), com autoridade e saber, “tomaram-no consigo e expuseram-lhe, com mais precisão, a ‘Via’ do Senhor”. É que neles estava bem viva a pregação do Apóstolo. Esta judia cristã chamada pelo seu nome em Actos serve Cristo, proclamando a sua Palavra, serve o Apóstolo e a comunidade que se reúne em sua casa, mas o seu estatuto feminino transformou-se porque inserido na estrutura da nova comunidade em expansão. E vejo-a, tal como Rossellini a mostrou, mulher formosa e determinada, capaz de tudo arriscar pela propagação da fé em Jesus.

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