22/03/2007

Félix e Drusila sua mulher

Para compreendermos estas duas personagens temos como referência o excerto Act 24, 24-27: “Uns dias depois, Félix apareceu acompanhado de Drusila, sua mulher, que era judia. Mandou chamar Paulo e ouviu-o falar acerca da fé em Cristo Jesus. E como estava a discorrer sobre a justiça, a continência e o julgamento futuro, Félix, dominado pela inquietação, respondeu: «Por agora, podes ir. Chamar-te-ei na primeira oportunidade.» Ao mesmo tempo, também esperava que Paulo lhe desse dinheiro. Por isso, mandava-o chamar frequentemente, para conversar com ele. Entretanto, decorreram dois anos e Félix teve como sucessor Pórcio Festo. Desejando cair nas boas graças dos judeus, Félix deixou Paulo na prisão.”
Estando Paulo preso, chega Félix (António Félix, irmão de Palas, ministro de Nero, procurador da Judeia de 52 a 59/60. Na verdade parece ter sido um governador violento) e sua mulher, Drusila (judia, que tinha desposado o rei de Emessa para depois se juntar com Félix, portanto divorciada, filha mais nova do rei Agripa I, irmã do rei Agripa II, irmão mais velho, e de Berenice) e chamando Paulo quis ouvi-lo falar acerca da fé em Jesus Cristo, uma vez que tinha obrigatoriamente de ouvi-lo “plenamente” (Diakousomai – Act 23,35) já que como oficial romano ia julgar uma pessoa recomendada por carta.
O propósito desta entrevista não parece ter sido judicial uma vez que vinham ouvir Paulo “acerca da fé em Jesus Cristo”. Dá a entender sim que Paulo o faz tal, mudando as posições entre si mesmo e Félix, tomando-o juntamente à sua mulher, conduzindo-os ao tribunal de Deus, falando-lhes da justiça, castidade, isto é, a continência, e do julgamento futuro. É interessante perceber que em vez de ser julgado Paulo por Félix, é Félix que juntamente com Drusila são julgados por Paulo. Dá a entender que Paulo não temeu Félix mas que este acabou por temer a Palavra de Paulo, (“Por agora, podes ir. Chamar-te-ei na primeira oportunidade”) sabendo que o casal era bastante assíduo ao pecado, que não eram castos, responsáveis perante Deus e no juízo final e eterno.
Contudo o seu temor, religiosamente, pouco valor teria. Mostra a apreensão cobarde do perigo, mas de pouco arrependimento. Temeu como teme o ladrão quando é apanhado. Relativamente a Drusila, é um atrevimento dizê-lo, mas tudo leva a crer que esta não temeu as palavras de Paulo como Félix, podendo aludir a um paralelismo analógico entre o episódio de Herodes e sua mulher no tratamento de João Baptista. Também Félix como Herodes fazia com João, “mandava chamar Paulo frequentemente, para conversar com ele”, ainda que fosse na esperança deste lhe dar dinheiro
Estas duas personagens selam não só a missão de Paulo testemunhar a fé em Jesus Cristo, mas também falar da justiça, continência, e julgamento futuro.
Encontraremos Félix e Drusila na contemporâneidade?

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