21/03/2007

“Homens de Israel, tende cuidado com o que ides fazer a esses homens” (Act 5,35)

Em Act 5,33-39, o autor lucano narra a intervenção de Gamaliel, a “Recompensa de Deus” – significado que tem o original hebraico deste termo grego.
O texto bíblico dá-nos três notas sobre a sua identidade: a) fariseu; b) doutor da Lei; c) respeitado por todo o povo. É a única vez que intervém na narrativa, mas é referido novamente em Act 22,3, passagem na qual o próprio S. Paulo afirma que foi instruído aos pés de Gamaliel, “em todo o rigor da Lei dos nossos pais”. Pode concluir-se, portanto, que foi Mestre de S. Paulo.
Para além dos dados que nos oferece o texto bíblico de Actos, sabe-se que Gamaliel, de apelido “o Velho”: a) foi o primeiro a quem se concedeu o título honorífico de “Rabban”, ainda mais elevado do que o título de “Rabi”; b) foi um dos principais membros do Sinédrio durante o reinado dos imperadores romanos Tibério (que era o imperador romano aquando da morte de Cristo), Calígula e Cláudio; c) morreu por volta de 52 d.C., 18 anos antes da queda de Jerusalém, no ano 70 d.C.
Quanto ao conteúdo e consequências da sua intervenção, em Act 5,33-39, destacam-se, essencialmente, duas ideias: a) permitiu que Pedro e os Apóstolos continuassem a sua actividade apostólica, evitando a sua morte; b) deu legitimidade/liberdade à comunidade cristã nascente ao afirmar: “Se o seu empreendimento é dos homens, acabará por si próprio; mas, se vem de Deus, não conseguireis destruí-los, sem correrdes o risco de entrardes em guerra contra Deus”.
Quase 2000 anos depois, estas palavras continuam a ter para nós, cristãos, um significado especial: somos testemunhas de que o empreendimento dos apóstolos não era, efectivamente, dos homens, mas de Deus, pois, apesar de todas as adversidades, continuamos a ser testemunhas da Palavra no mundo!

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