19/03/2007

Simão, o curtidor

A figura de Simão, o curtidor (9,43; 10,5.17), está envolta em alguma polémica. De facto, os intérpretes, à luz de Lv 11,31-40 e dado que os curtidores tinham contacto diário com as peles de animais mortos, são levados a considerá-los impuros. Deste modo, a atitude de Pedro, hóspede de Simão, tende a ser vista como um relaxamento na sua fidelidade para com a lei de Moisés. Contudo, o retrato que Lucas nos traça de Pedro vai exactamente no sentido oposto. De facto, a sua recusa, três vezes repetida, em comer animais impuros mostra que ele não questionava sequer o lugar de Moisés na sua vida pessoal (10,14-16; 11,8-10). Por outro lado, as proibições que se referem à impureza de animais mortos dizem respeito unicamente aos que morrem por causa naturais (Lev 11,31-40). Caso contrário, os próprios sacerdotes nos sacrifícios deveriam ser considerados impuros.
Na verdade, no tempo de Jesus, o ofício do curtidor não era considerado impuro. No entanto, era uma ocupação olhada com desprezo, uma vez que o processo da curtição exigia ácido e obrigava a que o curtidor lidasse diariamente com excremento de animais. Assim, a profissão do curtidor não era considerada desonrada, mas repugnante por causa do cheiro desagradável que se lhe associava.
Deste modo, o curtidor podia estar no lugar mais baixo da escala social, mas não era um proscrito religioso. Isto é sinal claro de como o Evangelho era prontamente aceite pelos pobres e pelos desfavorecidos. Neste sentido, a decisão de Pedro em residir em casa de Simão não é um sinal de uma atitude leviana perante a lei.

8 comentários:

José Domingos disse...

Não. Não se trata de um esforço de auto-recreação ou tema e variações sobre mim mesmo. É apenas para dizer que cheguei tarde, mas já cá estou. Queria ainda lembrar ou dizer que Cornélio era a personagem na qual estava mais à vontade, mas, como já houve alguns posts neste sentido, fui obrigado a mudar. Lembro que a minha especialidade é Act 10,1-11,18, terreno que devem deixar livre para mim. É-me muito fácil pegar num dos muitos artigos que tenho e transcrevê-lo para aqui. Aqueles que têm vontade de trabalhar, podem fazê-lo com outro capítulo qualquer. Obrigado.

Clauton Veloso Pugas disse...

Quem escreveu este texto?

Clauton Veloso Pugas disse...

Quem escreveu este texto?

Clauton Veloso Pugas disse...

Quem escreveu este texto?

Unknown disse...

Gostei muito,
bom mesmo

Unknown disse...

Achei perfeitamente dentro do contexto e bem colocada as palavras. Gostei.

Unknown disse...

Gostei.muito bem explicado

Anônimo disse...

Obrigada pela explicação clara!