03/06/2007

As relações entre judeus e cristãos

Este tema constitui um ponto de crispação e divisão entre os exegetas. A primeira separação entre judeus e cristãos aconteceu com a morte de Estêvão. Mas não foi o único. Em Antioquia da Pisidia (Act 13,12-52), que inaugura a missão de Paulo e Barnabé temos uma outra ruptura. O termo οι ιουδαιοι está praticamente ausente dos primeiros doze captitulos de Actos enquanto que a partir de Act 13 é usado para apresentar a recusa de Israel ao anúncio do Evangelho, sobretudo entre os círculos dirigentes. Mas é a recusa de Israel que leva a Boa Nova a ser anunciada até aos confins da terra (Act 13,47). A conversão de Crispo é um outro momento de conflito. Após a sua conversão ele é substituído na chefia da sinagoga por Sóstenes que entretanto também foi espancado pelos judeus.
A dupla acusação de Paulo diante do povo de Jerusalém (Act 22) e depois diante do Sinédrio (Act 23) tem por base a mesma acusação: Paulo promove discórdias entre os judeus do mundo inteiro.
A resposta para este conflito é-nos apresentada por D. Marguerat em cinco pontos:
- é uma tensão não resolvida: Lucas procura atrair a simpatia dos leitores para os missionários;
- reforçar a consciência identitária: a identidade cristã está enraizada no povo eleito e nas Escrituras
- o triunfo de Deus : mesmo em Roma a palavra de Deus é anunciada com toda a intrepidez
- um horizonte largo: a igreja não é uma sinagoga alargada
- a universalidade do povo santo : o cristianismo tem no seu seio judeus e pagãos. A sua presença na escola de Tiranos ou na casa de Paulo em Roma dão testemunho disso.

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