04/06/2007

O CAMPO SEMÂNTICO DA PALAVRA HUMILDADE

O uso da palavra “humildade” na primeira carta de Pedro mostra um grande conhecimento do autor acerca das Escrituras. Isto porque a palavra “humildade” e as suas diversas formas formam um vasto campo semântico nas Escrituras.
O Antigo Testamento fala muitas vezes em humilhar no sentido de oprimir, derrotar, abusar. Todas as situações de aflição, como sejam doenças, guerras, fracassos, má fama e perseguições são situações humilhantes. Neste estado de abatimento é que nasce a virtude de humildade daquele que na sua depressão se submete a Deus e continua a implorar o seu auxílio. Então, a exortação à humildade, feita aos cristãos, pode-se entender aqui como uma virtude. A virtude daquele que é consciente da sua pequenez perante a grandeza de Deus; daquele que deposita a sua total confiança a Deus perante as adversidades. Deus zomba dos zombadores, mas aos humildes Ele dá os seus favores (Prov 3, 34). Na hora que ele sabe, Deus humilhará o soberbo (Is 26, 5; Sl 18, 28; 107, 41) e consolará o humilde (Is 49, 13).
Em Lc 1, 48 Maria disse que Deus olhou para a humildade de sua serva (como a mãe de Samuel em 1 Sam 1, 11). Em Lc 1, 52 Maria formula a profunda convicção dos humildes: Deus exalta os humildes e humilha os soberbos. Esta convicção também é referida na primeira carta de Pedro e noutras passagens do Novo Testamento (Mt 23, 12; Lc 14, 11; Tg 4, 10; 1 Pe 5, 6). Conforme Mt 21, 5, Cristo cumpriu, na sua entrada em Jerusalém, a palavra de Zac 9, 9 sobre o Messias humilde. Chamou-se a si mesmo “manso e humilde de coração” (Mt 11, 29), o primeiro dos humildes. Tomou sobre si a humilhação da paixão e da morte na cruz (Fil 2, 8), na situação humilhada do nosso corpo (Fil 3, 21). Segundo o exemplo de Cristo, a humildade deve-se manifestar não apenas para com Deus, mas também em benefício do próximo (Fil 2, 3; Col 3, 12; 1 Pe 3, 8; 5, 5).

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