03/06/2007

Pode um estrangeiro ser livre?

Toda a estranheza provoca um mal-estar (ou um estar sem jeito) pelo pressentimento íntimo daquele desfasamento que nenhum gesto poderá ocultar (por melhor que seja a mímica). Mais: a estranheza embaraça, colocando sob ameaça o estranho, tal o risco da proscrição. Porém, não será que há uma certa estranheza que surge, precisamente, do facto de se ser livre? Não será todo o liberto um estranho? um desfasado? um vago ciente da sua atopia (porque habitante dessa – saudosa – terra sem chão)?
Ocupar-nos-emos, então, brevemente, do eleutério conceito (no quadro da primeira Carta de Pedro – 1 Pe 2,16), tendo como pano de fundo a tensão que todo o estrangeirado conhece, que é a de ser um deslocado desperto para aqueloutro local que a saudade invade.

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