03/06/2007

O Juízo final e a Carta de S. Tiago

Também a Carta de Tiago dá uma grande importância ao anúncio do Juízo final, tal como todos os escritos da pregação apostólica. Em comparação com a 1ª Carta de Pedro, o termo surge mais vezes: 11 ocorrências. Dela, destaco os seguintes elementos:
1. A Carta de Tiago apresenta o Dia do Julgamento como uma realidade iminente: “Olhai que o Juiz já está à porta” (Tg 5,9) e apela à conversão.
2. De forma mais evidente do que a 1ª Carta de Pedro, refere que o critério que será usado no Dia do Juízo final é o da Lei da liberdade para os que receberam o Evangelho (Tg 2,12). Os critérios perversos com que os homens julgam são, assim, denunciados (Tg 2,4).
3. Também a exemplo da 1ª de Pedro afirma claramente que cada um será julgado conforme a medida que tiver aplicado aos outros (Tg 2,13).
4. Na Carta de Tiago afirma-se vivamente a superioridade do Julgamento divino: há um só legislador e juiz, aquele que pode salvar e condenar. Por isso pergunta o autor: Quem és tu, para julgar o teu próximo (Tg 4,12)?
5. Em Tg 3,1 fala-se de um Julgamento mais severo para os cristãos. A perfeição é exigida e, no contexto em que está inserida esta afirmação, ela é alcançada pelo domínio da língua.
Após esta breve e concisa análise à Carta de Tiago a partir do termo Julgar/Julgamento penso ser evidentes as semelhanças com a 1ª Carta de Pedro. Aliás, como foi referido no início, é um tema comum a todos os escritos da pregação apostólica.

A título de conclusão, considero também que o termo e tema do Juízo Final é uma das características mais preponderantes e constituintes da identidade das comunidades cristãs nascentes. Colocado no horizonte de cada cristão, ele torna-se como que o momento decisivo da vida humana: ser salvo ou ser condenado. E esse julgamento tem já lugar na vida terrena, mas a sua consumação é revestida de um carácter escatológico, vivamente presente na 1ª Carta de Pedro e na Carta de Tiago.

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